A noite chega, nascem baldios lunares...


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Giunge la notte, nascono deserti lunari...

A noite chega, nascem baldios lunares
Vejo-te afastar, caminhas para o carro
A manquejar de um joelho,
Subitamente pequena e frágil,
E eu morro noutra direcção.
O amor que já perdido levo em mim,
O amor pelos cafés em pedaços escondido,
Podia salvar dez ou cem vezes
Este mundo de todo o desamor,
Ou talvez não: também o amor é opinião.
A ausência avançou com a noite,
O teu cansaço poderia deter ciclones,
Mas esta dor não vencerá nada,
Não seria capaz de agitar uma folha,
E, sendo tão real, não é sequer um grão.
Caminhas para o carro,
Vou-me fechando com a noite,
Fechando e partindo, fechando e acabando.
O ar é de uma salsugem ferruginosa
E eis o que fica – inverno e cimento.

Giunge la notte, nascono deserti lunari
Ti vedo andar via, cammini verso la macchina
Con un ginocchio che ti fa zoppicare,
E all’istante sei piccola e fragile,
Mentre io muoio nell’altra direzione.
L’amore che, ormai perduto, porto in me,
L’amore infranto, dissimulato nei caffè,
Avrebbe potuto salvare cento volte
Questo mondo da tutto il disamore,
O forse no: anche l’amore è un’opinione.
L’assenza è avanzata con la notte,
La tua stanchezza potrebbe arrestar cicloni,
Ma questo dolore non vincerà nulla,
Non riuscirebbe a muovere una foglia,
E, pur così reale, è meno d’un granello.
Mentre cammini verso la macchina,
Mi vado richiudendo nella notte,
Richiudendo e partendo, richiudendo e finendo.
L’aria è d’una salsedine ferruginosa
E inverno e cemento è tutto ciò che resta.

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Victor Hugo Altwies (1871)

A morte é aquela que mente


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Chi mente è la morte

A morte é aquela que mente
Ao estar entre o que és
E o que serás.

O teu futuro
Existe já no teu presente, inviso,
Oculto pela morte. Ela mente.

És já quem serás,
Serás quem és,
Serás quem foste.
Mas a morte mente
Para existir.

Tu crês nela.
E morres. Eu não creio.
Sou tudo o que há em mim
Para ser, o ser tido,
O ser a haver.
Não creio na morte. Tu crês.
Morres.
E eu também. Mas sem morrer.

Chi mente è la morte
Standosene tra quel che sei
E quel che sarai.

Il tuo futuro
Esiste già nel tuo presente, non visto,
Nascosto dalla morte. Che mente.

Tu già sei chi sarai,
Sarai chi sei,
Sarai chi fosti.
Ma la morte mente
Per esistere.

Tu credi in lei.
E muori. Io non ci credo.
Io sono tutto ciò che è in me
Per esistere, l’essere stato,
L’essere che verrà.
Io non credo alla morte. Tu ci credi.
E muori.
E io pure. Ma senza morire.

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Michel Haddad (1943 - 1979)

Têm chovido muitas palavras...


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Têm chovido muitas palavras...
Son piovute tante parole...

Têm chovido muitas palavras.
Por favor, não é uma metáfora.
Têm realmente chovido muitas palavras,
O chão está juncado delas,
Pendem das árvores, jazem nos parapeitos...
A fidelidade, a constância, poderiam tornar-nos perfeitos.
Há palavras que me levam contigo,
A que não voltarei, em que não voltarei.
Não as deveria talvez ter dito,
Muitas, estou certo, não as disse
Mas agora são tuas tantas dessas palavras
Que vão chovendo agora e agora
E não tenho palavras onde me abrigar.

Son piovute tante parole.
Sul serio, non è una metafora.
Sono realmente piovute tante parole,
Ne è lastricato il suolo,
Pendono dagli alberi, languono sui davanzali...
La fedeltà, la costanza, potrebbero renderci perfetti.
Ci son parole che mi riportano da te,
A cui non tornerò, in cui non tornerò.
Forse non avrei dovuto dirle,
Molte, son sicuro, non le ho dette
Ma ora sono tue tante di queste parole
Che stan piovendo senza sosta
Ed io non ho parole ove ripararmi.

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Piet Mondrian
Albero blu (1911)

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