Enciclopédia


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Ana Cristina Cesar »»
 
Cenas de abril (1979) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Enciclopédia
Enciclopedia


Hácate ou Hécata, em gr. Hekáté. Mit. gr.
Divindade lunar e marinha, de tríplice
forma (muitas vezes com três cabeças e
três corpos). Era uma deusa órfica,
parece que originária da Trácia. Enviava
aos homens os terrores noturnos, os fantasmas
e os espectros. Os romanos a veneravam

como deusa da magia infernal.

Hácate o Hécata, in gr. Hekáté. Mit. gr.
Divinità lunare e marina, dal triplice
aspetto (molte volte con tre teste e
tre corpi). Era una divinità orfica,
probabilmente originaria della Tracia. Mandava
agli uomini i terrori notturni, i fantasmi
e gli spettri. I romani la veneravano

come dea della magia infernale.

________________

Triplice Ecate
Impero romano circa III sec
...

Arpejos


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Ana Cristina Cesar »»
 
Cenas de abril (1979) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Arpejos
Arpeggi


1
Acordei com coceira no hímen. No bidê com espelhinho examinei o local. Não surpreendi indícios de moléstia. Meus olhos leigos na certa não percebem que um rouge a mais tem significado a mais. Passei pomada branca até que a pele (rugosa e murcha) ficasse brilhante. Com essa murcharam igualmente meus projetos de ir de bicicleta à ponta do Arpoador. O selim poderia reavivar a irritação. Em vez decidi me dedicar à leitura.

1
Mi sono svegliata con un prurito all’imene. Sul bidè con lo specchietto ho esaminato il punto. Non ho ravvisato indizi d’infezione. I miei occhi profani di certo non realizzano che un arrossamento di troppo significa di troppo. Ho spalmato una pomata bianca finché la pelle (rugosa e spenta) è tornata luminosa. Per questo motivo anche i miei progetti di andare in bicicletta alla punta do Arpoador si sono spenti. Il sellino avrebbe potuto risvegliare l’irritazione. Così ho deciso di dedicarmi alla lettura.

2
Ontem na recepção virei inadvertidamente a cabeça contra o beijo de saudação de Antônia. Senti na nuca o bafo seco do susto. Não havia como desfazer o engano. Sorrimos o resto da noite. Falo o tempo todo em mim. Não deixo Antônia abrir sua boca de lagarta beijando para sempre o ar. Na saída nos beijamos de acordo, dos dois lados. Aguardo crise aguda de remorsos.

2
Ieri, nell’atto d’accoglierla, ho distolto inavvertitamente il capo dal bacio di saluto di Antônia. Ho avvertito sulla nuca il secco respiro della sorpresa. Non c’era modo di porre rimedio all’equivoco. Abbiamo sorriso per il resto della notte. Parlo per tutto il tempo di me. Non permetto che Antônia apra la sua bocca di bruco baciando per sempre l’aria. Uscendo ci siamo baciate d’accordo sulle due guance. Mi aspetto una crisi acuta di rimorsi.

3
A crise parece controlada. Passo o dia a recordar o gesto involuntário. Represento a cena ao espelho.Viro o rosto à minha própria imagem sequiosa. Depois me volto, procuro nos olhos dela signos de decepção. Mas Antônia continuaria inexorável. Saio depois de tantos ensaios. O movimento das rodas me desanuvia os tendões duros. Os navios me iluminam. Pedalo de maneira insensata.

3
La crisi sembra sotto controllo. Passo la giornata ricordando il gesto involontario. Riproduco la scena allo specchio. Volto la faccia alla mia immagine inquieta. Dopo mi rigiro, cerco nei suoi occhi segnali di delusione. Ma Antônia insisterebbe inesorabile. Esco dopo tutte quelle prove. Il movimento delle ruote mi rilassa i tendini induriti. Le navi mi illuminano. Pedalo in modo insensato.
________________

Jade Fenu, Hamlet, 2019
...

A diferença que há...


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Visão Perpétua (1982, póstumo) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


A diferença que há...
La differenza che c’è...


A diferença que há entre os estudiosos e os poetas
è que aqueles passam a vida inteira com o nariz num
 assunto
a ver se conseguem decifrá-lo, e estes
abrem o livro, lêem três páginas, farejam as restantes
(nem sequer todas) e sabem logo do assunto
o que os outros não conseguiram saber. Por isso é que
os estudiosos têm raiva dos poetas,
capazes de ler tudo sem ter lido nada
(e eles não leram nada tendo lido tudo).
O mal está em haver poetas que abusam do
 analfabetismo,

e desacreditam a gaya Scienza.

La differenza che c’è tra gli studiosi e i poeti
è che quelli passano tutta la vita col naso su un
 argomento
per vedere se riescono a decifrarlo, mentre questi
aprono il libro, leggono tre pagine, curiosano nelle altre
(neanche tutte) e subito capiscono l’argomento
cosa che gli altri non sono riusciti a capire. È perciò che
gli studiosi detestano i poeti,
capaci di leggere tutto senza aver letto nulla
(mentre loro non han letto nulla, pur avendo letto tutto).
La disgrazia è che ci sono poeti che abusano
 dell’analfabetismo,

e discreditano la gaia Scienza.

________________

Jan Vermeer
L'astronomo (1688)
...

Ray Charles


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Sequências (1980, póstumo) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Ray Charles
Ray Charles


Cego e negro, quem mais americano?
Com drogas, mulheres e pederastas,
a esposa e os filhos, rouco e gutural
canta em grasnidos suaves pelo mundo
a doce escravidão do dólar e da vida.
Na voz, há o sangue de presidentes assassinados,
as bofetadas e o chicote, os desembarques
de «marines» na China ou no Caribe, a Aliança
para o Progresso da Coreia e do Viet-Nam,
e o plasma sanguíneo com etiquetas de black e white
por causa das confusões.
E há as Filhas da Liberdade, todas virgens e córneas,
de lunetas. E o assalto ao México e às Filipinas,
e a música do povo eleito por Jeová e por Calvino
para instituir o Fundo Monetário dos bancos e dos louros,
a cadeira eléctrica, e a câmara de gás. Será que ele sabe?
Os corais melosos e castrados titirilam contracantos
ao canto que ele canta em sábias agonias
aprendidas pelos avós ao peso do algodão.
É cego como todos os que cegaram nas notícias da
 United Press,
nos programas de televisão, nos filmes de Holywood,
nos discursos dos políticos cheirando a Aqua Velva e
 a petróleo,
nos relatórios das comissões parlamentares de inquérito,
e da CIA, do FBI, ou da polícia de Dallas.
E é negro por fora como isso por dentro.
Cego negro, uivando ricamente
(enquanto as cidades ardem e os «snipers» crepitam)
sob a chuva de dólares e drogas
as dores da vida ao som da bateria,
quem mais americano?

Cieco e negro, chi più americano?
Fra droghe, donne e pederasti,
la moglie e i figli, roco e gutturale
canta in soave gracchiare per il mondo
la dolce schiavitù del dollaro e della vita.
Nella voce, c’è il sangue di presidenti assassinati,
gli insulti e la frusta, gli sbarchi
di «marines» in Cina o ai Caraibi, l’Alleanza
per il Progresso della Corea e del Viet-Nam,
e il plasma sanguigno con etichette di black e white
a causa di confusioni.
E ci sono le Figlie della Libertà, tutte vergini e dure,
con gli occhiali. E l’assalto al Messico e alle Filippine,
e la musica del popolo eletto da Geova e da Calvino
per istituire il Fondo Monetario delle banche e dei bianchi,
la sedia elettrica, e la camera a gas. Chissà se lo sa?
I cori melensi e castrati intonano controcanti
al canto che lui canta in sapienti agonie
apprese dagli antenati sotto il peso del cotone.
È cieco come tutti quelli che rimasero abbagliati dalle
 notizie dell’United Press,
dai programmi della televisione, dai film di Hollywood,
dai discorsi dei politici profumati d’Aqua Velva e di
 petrolio,
dalle relazioni delle commissioni parlamentari d’inchiesta,
e dalla CIA, dalla FBI, o dalla polizia di Dallas.
Ed è negro di fuori come lo è di dentro.
Negro cieco, che ulula maestoso
(mentre bruciano le città e gli «snipers» crepitano)
sotto una pioggia di dollari e di droghe
le angustie della vita al suono della batteria,
chi più americano?

________________

Marco Zeno
Ray Charles (Montreux, 2013)
...

Passamos pelas ruas...


Nome :
 
Collezione :
Fonte :
 
Altra traduzione :
Nuno Rocha Morais »»
 
Poesie inedite »»
nunorochamorais.blogspot.com (maggio 2021) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Passamos pelas ruas...
Passiamo per le strade...


Passamos pelas ruas sorumbáticas
Dos meus anos de estudante,
Residências e cafés cuja solidão
Procuramos não perturbar com a nossa,
Embora caminhemos juntos,
Embora saibas que te amo,
Embora não te possa estender a mão.
Tanta coisa aconteceu aqui
Taciturnamente, episódios
Mal iluminados por lampiões públicos,
Mas, mesmo nessa penumbra,
Os seus contornos, conheço-os de cor,
Reconstituo-os de memória,
Ainda assim, aqui, entre nós,
Eu não seja capaz sequer de dizer
O que é que não nos aconteceu.
[E do que nos aconteceu,
Não se encontrara caixa negra.]

Passiamo per le strade malinconiche
Dei miei anni da studente,
Alloggi e caffè la cui solitudine
Cerchiamo di non perturbare con la nostra,
Anche se camminiamo insieme,
Anche se tu sai che ti amo,
Anche se io non posso tenderti la mano.
Tante cose sono successe qui
Sotto silenzio, episodi
Mal illuminati dai pubblici lampioni,
Ma, pur in questa penombra,
I loro contorni, io li so a menadito,
Li so ricostruire a memoria,
Seppure, qui, tra noi,
Io non sia neppur capace di dire
Che cosa non ci sia successo.
[E di quel che ci è accaduto
Non è stata trovata la scatola nera.]

________________

Gérard Jouannet
Strada 4 (2020)
...

Marido e mulher


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Sequências (1980, póstumo) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Marido e mulher
Marito e moglie


Sofriam terrivelmente. Porque
o comboio dele chegava
quando o dela partia.

Compraram um manual na livraria,
mandaram vir pelo correio uma almofada especial
(cujo atraente anúncio recebiam quase todos os dias
 pelo correio)
leram com cuidado as instruções,
estudaram com aplicação os esquemas do livro,
e, quando se ensaiavam,
na discreta penumbra do quarto respectivo,
a sogra — que embirrava com ele —
abriu de repente a porta,
deu um grito, correu
ao telefone e chamou a polícia.

A polícia veio, levou-o. Foi julgado
e condenado a dois anos de tratamento num instituto
 psiquiátrico
por atentar, vicioso,
contra a virtude da esposa.

Soffrivano terribilmente. Perché
il treno di lui arrivava
quando quello di lei partiva.

Comprarono un manuale in libreria,
fecero arrivare per posta un cuscino speciale
(la cui allettante réclame ricevevano quasi ogni giorno
 per posta)
lessero attentamente le istruzioni,
studiarono con diligenza i disegni del libro,
e, mentre si esercitavano,
nella discreta penombra della propria stanza,
la suocera — che lo detestava —
aprì d’improvviso la porta,
lanciò un grido, corse
al telefono e chiamò la polizia.

La polizia arrivò e lo portò via. Fu processato
e condannato a due anni di trattamento in un istituto
 psichiatrico
per aver insidiato, il vizioso,
la virtù della sposa.

________________

Valerio Adami
I pantaloni da cavallo (1969)
...

Cidadão


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Sequências (1980, póstumo) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Cidadão
Cittadino


O emigrante chegou.
Trabalhou alguns anos:
o tempo de esquecer o aperto dos primeiros sapatos
(calçados para a viagem)
o tempo de não lembrar-se das cidades do seu país
(que nunca vira).

Tem automóvel, televisão a cores, conta no banco.
Passado o tempo regulamentar,
deu prova da sua assimilação,
naturalizou-se, e logo passou a ler com indignação
 patriótica
os folhetos da John Birch Society
e dá cinco dólares por més para as despesas
da próxima campanha eleitoral de George Wallace.

L’emigrante è arrivato.
Ha lavorato per alcuni anni:
il tempo di dimenticare com’erano strette le prime scarpe
(calzate per il viaggio)
il tempo di non ricordare le città del suo paese
(che non aveva mai visto).

Ora ha automobile, televisione a colori, conto in banca.
Trascorso il tempo regolamentare,
ha dato prova della sua assimilazione,
si è naturalizzato, e presto ha preso a leggere con
 patriottica indignazione
i pamphlet della John Birch Society
e versa cinque dollari al mese per le spese
della prossima campagna elettorale di George Wallace.

________________

Katherine Roundtree
Together We Give Thank (2014)
...

Conheço o sal...


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Conheço o sal... e outros poemas (1974) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Conheço o sal...
Conosco il sale...


Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu inverno
da carne repousando em suor nocturno.

Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.

Conheço o sal dos teus cabelos negros
ou louros ou cinzentos que se enrolam
neste dormir de brilhos azulados.

Conheço o sal que resta em minha mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.

Conheço o sal da tua boca, o sal
da tua língua, o sal de teus mamilos,
e o da cintura se encurvando de ancas.

A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados.

Conosco il sale della tua pelle secca
dopo che l'estate si mutò in inverno
della carne placata nel sudore notturno.

Conosco il sale del latte che bevemmo
quando s’univano delle bocche le labbra
e il cuore palpitava dentro il sesso.

Conosco il sale dei tuoi capelli neri
o biondi o grigi che s’aggrovigliano
in questo sonno dai riflessi cerulei.

Conosco il sale che mi resta sulle mani
come sulle spiagge il profumo permane
quando la marea s’abbassa e si ritrae.

Conosco il sale della tua bocca, il sale
della tua lingua, il sale dei tuoi seni,
e quello della vita ove s’inarcano le anche.

Tutto il sale che conosco è solo il tuo,
o è il mio in te o è il tuo in me,
polvere cristallina d’amanti avvinti.

________________

Egon Schiele
Donna seduta (1913)
...

Ser um grande poeta


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Exorcismos (1972) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Ser um grande poeta
Essere un grande poeta


Ser um grande poeta
morto e nacional
é atrair as moscas
como idiotas e
os idiotas como
moscas.

Ser um poeta medíocre
vivo e universal
é atrair os catedráticos
de literatura como
idiotas e moscas.

Ser um poeta apenas
nem vivo nem morto
ou nacional ou universal
é atrair apenas os poetas
como moscas idiotas.

Moralidade: não há saída.

Essere un grande poeta
morto e nazionale
è attirare le mosche
come idioti e
gli idioti come
mosche.
 
Essere un poeta mediocre
vivo e universale
è attirare i cattedratici
di letteratura come
idioti e mosche.
 
Essere soltanto un poeta
né vivo né morto
o nazionale o universale
è soltanto attirare i poeti
come mosche idiote.
 
Morale: non c’è via d’uscita.

________________

Nicolas Poussin
Apollo e le Muse (1630)
...

Restos Mortais


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Exorcismos (1972) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Restos Mortais
Resti mortali


O que de nós mais dura: só esqueleto
que nos fez ósseos mais do que moluscos.
O resto acaba tudo: quanto foi sentidos,
vontade, amor, inteligência, carne,
e sobretudo sexo, o sexo acaba
e se desfaz na mesma pasta informe
e fim de tudo que não é só ossos,
apenas os detritos da armação mecânica
de que se pendurou por algum tempo,
em sangue e carne, o porque somos vida.
E aquilo com que a vida se gozou
ou por acaso vidas foram feitas,
acaba como o mais – e os ossos ficam,
dos deuses esburgados. Porque os deuses temem
que sobreviva o sexo em de que morrem
na liberdade de existir-se nele.

Quel che di noi più a lungo dura: solo lo scheletro
che ci ha resi ossei piuttosto che molluschi.
Tutto il resto finisce: ciò che è stato sensi,
volontà, amore, intelligenza, carne,
e soprattutto sesso, il sesso finisce
e si decompone nella stessa massa informe
che è fine di tutto quel che non sia che ossa,
nient’altro che i resti dell’armatura meccanica
a cui per un po’ di tempo s’è tenuta aggrappata,
con sangue e carne, la cagione di questa vita.
E quello con cui la vita se l’è goduta
o casualmente altre vite ha generato,
come il più delle cose finisce – e restano le ossa,
scarnificate dagli dei. Perché gli dei temono
che sopravviva il sesso nel quale muoiono
avendo la libertà d’esistervi.

________________

Bernt Notke
Danza macabra (XV sec.)
...

Noções de Linguística


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Exorcismos (1972) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Noções de Linguística
Nozioni di linguistica


Ouço os meus filhos a falar inglês
entre eles. Não os mais pequenos só
mas os maiores também e conversando
com os mais pequenos. Não nasceram cá,
todos cresceram tendo nos ouvidos
o português. Mas em inglês conversam,
não apenas serão americanos: dissolveram-se,
dissolvem-se num mar que não é deles.
Venham falar-me dos mistérios da poesia,
das tradições de uma linguagem, de uma raça,
daquilo que se não diz com menos que a experiência
de um povo e de uma língua. Bestas.
As línguas, que duram séculos e mesmo sobrevivem
esquecidas noutras, morrem todos os dias
na gaguez daqueles que as herdaram:
e são tão imortais que meia dúzia de anos
as suprime da boca dissolvida
ao peso de outra raça, outra cultura.
Tão metafísicas, tão intraduzíveis,
que se derretem assim, não nos altos céus,
mas na caca quotidiana de outras.

Ascolto i miei figli parlare inglese
tra di loro. Non soltanto i più piccini
ma anche i più grandi e conversando
con i più piccini. Non sono nati qui,
sono cresciuti tutti sentendo il suono
del portoghese. Ma già conversano in inglese,
presto saranno americani: si sono dissolti,
si dissolvono in un mare che non è il loro.
E vengano poi a parlarmi dei misteri della poesia,
delle tradizioni di un idioma, di una razza,
di ciò non può esser detto senza un minimo di esperienza
di un popolo e di una lingua. Somari.
Le lingue, che durano secoli e riescono a sopravvivere
dimenticate in altre lingue, muoiono ogni giorno
nel balbettio di quelli che le hanno ereditate:
e sono così immortali che mezza dozzina di anni
le sopprime dalla bocca dissolta
sotto il peso d’un’altra razza, d’un’altra cultura.
Così metafisiche, così intraducibili,
che si disgregano così, non nell’alto dei cieli,
ma nella cacca quotidiana d’altre lingue.

________________

Giorgio Milani
Babele (2007)
...

Uma Sepultura em Londres


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Peregrinatio ad loca infecta (1969) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Uma Sepultura em Londres
Una tomba a Londra


No frio e no nevoeiro de Londres,
numa daquelas casas que são todas iguais,
debruça-se sobre todas as dores do mundo,
desde que no mundo houve escravos.
As dores são iguais como aquelas casas
modestas, de tijolo, fumegando sombrias, solitárias.
Os escravos são todos iguais também:
De Ramsés II, de Cleópatra, dos imperadores Tai-Ping
De Assurbanípal, do Rei David, do infante
D. Henrique, dos Sartoris de Memphis, dos
civilizados barões do imperador D. Pedro II.
Ou das «potteries», ou da Silésia, de África,
da Rússia. (E o coronel Lawrence da Arábia
chegou mesmo a filosofar sobre a liberdade moral
dos jovens escravos com quem dormia.)
No frio inenarrável das eras e das gerações de
 escravos,
que nenhuma lareira aquece no seu coração,
escreve artigos, panfletos, lê interminavelmente,
e toma notas, historiando infatigavelmente
até à morte. Mas o coração, esmagado
pelo amor e pelos números, pelas censuras
e as perseguições, arde, arde luminoso
até à morte. – Eu quero ver publicadas
as suas obras completas – diz-lhe o discípulo.
– Também eu – responde. E, olhando as montanhas
de papéis, as notas e os manuscritos, acrescenta com
esperança e amargura – Mas é preciso
escrevê-las primeiro -.
Como têm sido escritas e rescritas! Como
não têm sido lidas. Mas importa pouco.
Naquela noite – creiam – a neve inteira
derreteu em Londres. E houve mesmo
um imperador que morreu afogado
em neve derretida. Os imperadores, em geral,
libertam os escravos, para que eles fiquem mais baratos,
e possam ser alugados sem responsabilidade alguma.
O coronel Lawrence (como anotámos acima), com os
 seus jovens escravos,
também tinha um contrato de trabalho. Mais tarde,
criou-se mesmo a previdência social.
No frio e no nevoeiro de Londres, há, porém,
um lugar tão espesso, tão espesso,
que é impossível atravessá-lo, mesmo sendo
o vento que derrete a neve. Um lugar
ardente, porque todos os escravos, desde sempre todos
aqueles cuja poeira se perdeu – ó Spártacus –
lá se concentram invisíveis mas compactos,
um bastião do amor que nunca foi traído,
porque não há como desistir de compreender o
mundo. Os escravos sabem que só podem
transformá-lo.
Que mais precisamos de saber?

Nel freddo e nella nebbia di Londra,
in una di quelle case che sono tutte uguali,
si affaccia sopra tutti i dolori del mondo,
da che nel mondo ci son stati schiavi.
I dolori sono uguali come quelle case
modeste, di mattoni, che fumano tristi, solitarie.
Anche gli schiavi sono tutti uguali:
Da Ramsete II, da Cleopatra, dagli imperatori Tai-Ping
Da Assurbanipal, dal Re David, dall’infante
D. Henrique, dai Sartoris di Memphis, dai
baroni civilizzati dell’imperatore D. Pedro II.
O dalle «potteries», o dalla Slesia, dall’Africa,
dalla Russia. (E il colonnello Lawrence d’Arabia
arrivò persino a filosofare sulla libertà morale
dei giovani schiavi con i quali dormiva.)
Nel freddo inenarrabile delle ere e delle generazioni di
 schiavi,
che nessun focolare riscalda nel suo cuore,
egli scrive articoli, pamphlet, legge ininterrottamente,
e prende nota, esponendo infaticabilmente i fatti
fino alla morte. Ma il cuore, sopraffatto
dall’amore e dai numeri, dalle censure
e dalle persecuzioni, arde, arde luminoso
fino alla morte. – Io voglio veder pubblicate
le sue opere complete – gli disse un discepolo.
– Anch’io – risponde. E, guardando le montagne
di carte, le note e i manoscritti, soggiunge con
speranza ed amarezza – Ma prima
occorre scriverle -.
Quanto sono state scritte e riscritte! E come
non son state lette. Ma poco importa.
Quella notte – credetemi – tutta la neve del mondo
si riversò su Londra. E ci fu anche
un imperatore che morì affogato
nella neve disciolta. Gli imperatori, in generale,
liberano gli schiavi, perché risultino più convenienti,
e possano essere impiegati senz’alcuna responsabilità.
Il colonnello Lawrence (come abbiamo reso noto prima),
 coi suoi giovani schiavi,
anche lui aveva un contratto di lavoro. In seguito,
venne creata la previdenza sociale.
Nel freddo e nella nebbia di Londra, c’è, però,
un luogo così spesso, così spesso,
che è impossibile attraversarlo, anche se ci passa
il vento che discioglie la neve. Un luogo
travolgente, perché tutti gli schiavi, da sempre tutti
quelli di cui la polvere s’è persa – oh Spartaco –
là si concentrano invisibili ma compatti,
un baluardo d’amore che mai fu tradito,
perché non c’è modo di rinunciare a comprendere il
mondo. Gli schiavi sanno di poterlo solamente
trasformare.
Che altro ci occorre sapere?

________________

Laurence Bradshaw
Tomba di Karl Marx (Londra) (1956)
...

Pavloviana ou os reflexos condicionados


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Peregrinatio ad loca infecta (1969) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Pavloviana ou os reflexos condicionados
Pavloviana o i riflessi condizionati


Parqueavam o carro à porta dela,
e durante mais de uma hora,
rolavam-se e rebolavam-se lá dentro.
 
Depois, saciados, fechavam o carro
e entravam em casa (para lavar-se e dormir).
 
(Na verdade, a casa não era dela,
mas de ambos: Moravam lá,
até eram casados).

Parcheggiavano l’auto davanti alla porta di lei,
e per più di un’ora,
si rigiravano e si rotolavano là dentro.
 
Poi, appagati, chiudevano la macchina
ed entravano in casa (per lavarsi e dormire).
 
(Per la verità, non era la casa di lei,
ma di tutti e due: Abitavano là,
erano addirittura sposati).

________________

Robert Bechtle
58 Rambler (1967)
...

La dame à la licorne


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Peregrinatio ad loca infecta (1969) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


La dame à la licorne
La dame à la licorne


Dona Semifofa erguendo o dedo
mindinho arqueado em asa sobre a asa da
chávena (ou xícara) disse: –
– Eu sempre soube que poetas não
são gente em quem confie uma senhora –
e num sorvinho delicado rematou
a mágoa de cinquenta primaveras.
O licorne, num doce balançar do chifre esguio,
gravemente assentiu,
um pouco perturbado
pela insistência obnóxia e recatada
com que a discreta dama confundia,
ou mais que a dama os olhos vagos dela,
o chifre legendário e o metafórico
que de entre as pernas longo lhe descia
ou já de perturbado não pendia.

Torcendo as ancas disfarçadamente
para encobrir das vistas semifofas
essa homenagem à inocência delas
(como o cavalheiro que pousando a mão
assim se esconde em pudicícia o quanto
não esconda muito mais que a discrição obriga),
D. Gil cofiou a capriforme pêra
e de soslaio viu que Dona Semifofa
do branco em ferro assento resvalava
para a verdura em que as florinhas eram
de cores variegadas, salpicantes.
D. Gil era o licorne, e disse com voz cava:
– Mas eu também, minha senhora, nunca
acreditei que de confiança eles fossem.
Se acreditasse, como não teria
a mágoa imensa de não ser centauro? –

No chão, erguendo as pernas, Semifofa uivou:
– Centauro, para quê? Não há centauros.
Licornes, sim, D. Gil, vinde a meus braços.

Donna Semifofa alzando il dito
mignolo curvato ad ala sopra l’ala della
tazza (o chicchera), disse:
– Ho sempre saputo che i poeti non sono
persone di cui debba fidarsi una signora –
e con un sorso delicato coronò
la mestizia di cinquanta primavere.
L’unicorno, con lieve dondolio dell’acuto corno,
gravemente assentì,
un po’ turbato
per l’insistenza umile e pudica
con cui la dama discreta confondeva,
o più che la dama i suoi occhi erranti,
il corno leggendario con quello metaforico
che lungo tra le zampe gli scendeva
e già, per il turbamento, più non pendeva.

Girando cautamente i fianchi
per riparare dalle occhiate semifofe
quell’omaggio alla loro innocenza
(come il cavaliere che posa la sua mano
nascondendo così per pudicizia molto più
di quanto la discrezione lo obblighi a celare),
don Gil s’accarezzò la capriforme barbetta
e vide in tralice che Donna Semifofa
dal bianco sedile in ferro scivolava
sul praticello punteggiato di fiorellini
dai colori screziati, variopinti.
Don Gil, l’unicorno, disse con voce grave:
– Ma anch’io, mia signora, non ho mai
creduto che essi fossero degni di fiducia.
Se ci credessi, non proverei davvero
l’immensa pena di non esser centauro. –

A terra, con le gambe alzate, Semifofa urlò:
— Centauro, perché? Non esistono centauri.
Ma unicorni sí, don Gil, venite tra le mie braccia.

________________

La dama con l'unicorno (arazzo)
Cluny, Museo Nazionale del Medioevo
...

Em Creta, com o Minotauro


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Jorge de Sena »»
 
Peregrinatio ad loca infecta (1969) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Em Creta, com o Minotauro
A Creta, con il Minotauro


I
Nascido em Portugal, de pais portugueses,
e pai de brasileiros no Brasil,
serei talvez norte-americano quando lá estiver.
Coleccionarei nacionalidades como camisas se despem,
se usam e se deitam fora, com todo o respeito
necessário à roupa que se veste e que prestou serviço.
Eu sou eu mesmo a minha pátria. A pátria
de que escrevo é a língua em que por acaso de gerações
nasci. E a do que faço e de que vivo é esta
raiva que tenho de pouca humanidade neste mundo
quando não acredito em outro, e só outro quereria que
este mesmo fosse. Mas, se um dia me esquecer de tudo,
espero envelhecer
tomando café em Creta
com o Minotauro,
sob o olhar de deuses sem vergonha.


II
O Minotauro compreender-me-á.
Tem cornos, como os sábios e os inimigos da vida.
É metade boi e metade homem, como todos os homens.
Violava e devorava virgens, como todas as bestas.
Filho de Pasifaë, foi irmão de um verso de Racine,
que Valéry, o cretino, achava um dos mais belos da
 "langue".
Irmão também de Ariadne, embrulharam-no num novelo
 de que se lixou.
Teseu, o herói, e, como todos os gregos heróicos, um filho
 da puta,
riu-lhe no focinho respeitável.
O Minotauro compreender-me-á, tomará café comigo,
 enquanto
o sol serenamente desce sobre o mar, e as sombras,
cheias de ninfas e de efebos desempregados,
se cerrarão dulcíssimas nas chávenas,
como o açúcar que mexeremos com o dedo sujo
de investigar as origens da vida.


III
É aí que eu quero reencontrar-me de ter deixado
a vida pelo mundo em pedaços repartida, como dizia
aquele pobre diabo que o Minotauro não leu, porque,
como toda a gente, não sabe português.
Também eu não sei grego, segundo as mais seguras
 informações.
Conversaremos em volapuque, já
que nenhum de nós o sabe. O Minotauro
não falava grego, não era grego, viveu antes da Grécia,
de toda esta merda douta que nos cobre há séculos,
cagada pelos nossos escravos, ou por nós quando somos
os escravos de outros. Ao café,
diremos um ao outro as nossas mágoas.


IV
Com pátrias nos compram e nos vendem, à falta
de pátrias que se vendam suficientemente caras para
 haver vergonha
de não pertencer a elas. Nem eu, nem o Minotauro,
teremos nenhuma pátria. Apenas o café,
aromático e bem forte, não da Arábia ou do Brasil,
da Fedecam, ou de Angola, ou parte alguma. Mas café
contudo e que eu, com filial ternura,
verei escorrer-lhe do queixo de boi
até aos joelhos de homem que não sabe
de quem herdou, se do pai, se da mãe,
os cornos retorcidos que lhe ornam a
nobre fronte anterior a Atenas, e, quem sabe,
à Palestina, e outros lugares turísticos,
imensamente patrióticos.


V
Em Creta, com o Minotauro,
sem versos e sem vida,
sem pátrias e sem espírito,
sem nada, nem ninguém,
que não o dedo sujo,
hei-de tomar em paz o meu café.

I
Nato in Portogallo, da genitori portoghesi,
e padre di brasiliani in Brasile,
sarò probabilmente nordamericano quando mi troverò là.
Collezionerò nazionalità come si cambiano camicie,
si usano e si buttano via, con tutto il rispetto
dovuto agli indumenti indossati che fanno il loro servizio.
Sono io stesso la mia patria. La patria
di cui scrivo è la lingua in cui per casualità genealogica
sono nato. E quella di ciò che faccio e di cui vivo è questa
rabbia che sento per la poca umanità in questo mondo
quando in un altro non credo, e ne vorrei solo un altro che
fosse questo stesso. Ma, se un giorno di tutto mi scordassi,
io spero d’invecchiare prendendo
un caffè a Creta
con il Minotauro,
sotto lo sguardo di dei senza vergogna.
 

II
Il Minotauro mi saprà comprendere.
Ha le corna, come i saggi e i nemici della vita.
È per metà bue e per metà uomo, come tutti gli uomini.
Violava e divorava vergini, come tutte le bestie.
Figlio di Pasifae, fu fratello di un verso di Racine,
che Valéry, quel cretino, considerava uno dei più belli della
 "langue".
Fu anche fratello d’Arianna, l’avvilupparono in un gomitolo
 di cui non si curò.
Teseo, l’eroe, e, come tutti gli eroi greci, un figlio di buona
 donna,
gli rise sul suo muso perbene.
Il Minotauro mi saprà comprendere, prenderà un caffè
 con me, mentre
il sole serenamente scende sul mare, e le ombre,
popolate di ninfe ed efebi sfaccendati,
si rifugeranno dolcissime nelle tazze,
come lo zucchero che mescoleremo col dito sporco
per aver indagato sulle origini della vita.
 

III
È lì che vorrei ritrovarmi dopo aver lasciato
per il mondo la vita fatta in tanti pezzetti, come diceva
quel povero diavolo che il Minotauro non ha letto, perché,
come tutti quanti, non sa il portoghese.
Neppure io non so il greco, stando alle più certe
  informazioni.
Discorreremo in volapük, dato
che nessuno di noi lo sa. Il Minotauro
non parlava greco, non era greco, visse prima della Grecia,
non sapeva tutta questa dotta merda che ci copre da secoli,
evacuata dai nostri schiavi, o da noi quando siamo
schiavi di altri. Al caffè,
ci racconteremo le reciproche amarezze.
 

IV
Con le patrie ci comprano e ci vendono, per mancanza
di patrie che si vendano a prezzo sufficientemente caro
 da vergognarsi
di non appartenervi. Né io, né il Minotauro,
avremo mai alcuna patria. Solamente il caffè,
aromatico e ben forte, non d’Arabia o del Brasile,
della Fedecam, o d’Angola, o qualche altra parte. Tuttavia
caffè, che io, con filiale affetto,
gli vedrò scorrere dal mento bovino
fino alle ginocchia d’uomo che non sa
da chi ha ereditato, se dal padre, se dalla madre,
le corna ritorte che gli adornano la
nobile fronte antecedente Atene, e, magari,
la Palestina, e altri luoghi turistici,
immensamente patriottici.
 

V
A Creta, con il Minotauro,
senza versi e senza vita,
senza patria e senza spirito,
senza niente né nessuno,
a parte quel dito sporco,
io prenderò in pace il mio caffè.

________________

Minotauro (circa 515 a.C.)
Tondo di una coppa attica bilingue
...

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (10) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)