O verso é o meu elemento...


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O verso é o meu elemento...
Il verso è il mio elemento...


O verso é o meu elemento,
Quero dizer, nele encontro
As palavras com que aprendo
A desconhecer-me,
A entender um pouco mais
Aquilo que sou pelo que não sou.
O verso é o meu elemento,
A mesma medida
De paraíso e inferno
Procuro-o, nas suas lunações
Transportam-me de mim a mim,
O verso é o meu elemento
E isto quer dizer apenas isto:
Procuro-o para me afogar
Porque o que em mim morre
Procura o verso para viver.

Il verso è il mio elemento,
Voglio dire, è in lui che trovo
Le parole con cui imparo
Ad estraniarmi da me,
A comprendere un po’ di più
Quello che sono per quello che non sono.
Il verso è il mio elemento,
Con lo stesso criterio
Di paradiso e d'inferno
Io lo cerco, nelle sue lunazioni
Che mi conducono da me a me,
Il verso è il mio elemento
E questo vuol dire solamente questo:
Lo cerco per annegarmici
Perché ciò che in me muore
Ricerca il verso per vivere.

________________

Jan Fabre
Cervello umano d'oro con ali d'angelo (2011)
...

Primeiro Motivo da Rosa


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Primeiro Motivo da Rosa
Primo Motivo della Rosa


Vejo-te em seda e nácar,
e tão de orvalho trêmula,
que penso ver, efêmera,
toda a Beleza em lágrimas
por ser bela e ser frágil.

Meus olhos te ofereço:
espelho para face
que terás, no meu verso,
quando, depois que passes,
jamais ninguém te esqueça.

Então, de seda e nácar,
toda de orvalho trêmula,
serás eterna. E efêmero
o rosto meu, nas lágrimas
do teu orvalho... E frágil.
Ti vedo di madreperla e seta,
e tanto di rugiada tremula,
che credo di veder, effimera,
tutta la Bellezza in lacrime
per esser bella e fragile.

I miei occhi ti offro:
specchio per l’immagine
che avrai, nel mio verso,
sicché, dopo il tuo passaggio,
mai nessun ti dimentichi.

Allora, di madreperla e seta,
tutta di rugiada tremula,
sarai eterna. Ed effimero
il volto mio, tra le lacrime
della tua rugiada... E fragile.
________________

Rachel Ruysch
Natura morta con farfalle (1715)

Não me busques nos versos...


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Não me busques nos versos...
Non cercarmi nei versi...


Não me busques nos versos,
Que deles não há retorno.
Neles me perdi e há sempre alguém que volta,
Mas quem?, quem?

Non cercarmi nei versi,
Che da loro non c’è ritorno.
Io mi ci sono perso e c’è sempre qualcuno che torna,
Ma chi?, chi?

________________

Maurits Cornelis Escher
Relatività (1953)
...

Explicação


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Explicação
Spiegazione


O pensamento é triste; o amor, insuficiente;
e eu quero sempre mais do que vem nos milagres.
Deixo que a terra me sustente:
guardo o resto para mais tarde.

Deus não fala comigo - e eu sei que me conhece.
A antigos ventos dei as lágrimas que tinha.
A estrela sobe, a estrela desce...
- espero a minha própria vinda.

(Navego pela memória
sem margens.

Alguém conta a minha história
e alguém mata os personagens.)
Il pensiero è triste; l’amore insufficiente;
ed io voglio sempre più di quanto offrano i miracoli.
Lascio che sia la terra a sostentarmi:
serbo il resto per più tardi.

Dio non parla con me - eppure so che mi conosce.
A venti antichi ho dato tutte le lacrime che avevo.
La stella sale, la stella scende...
- attendo la mia stessa venuta.

(Navigo in una memoria
senza limiti.

Qualcuno racconta la mia storia
e qualcuno uccide i personaggi.)
________________

Louis Nevelson
La perla d'oro (1962)

Reinvenção


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Reinvenção
Reinvenzione


A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projecto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
La vita è possibile solo
reinventata.

Passa il sole sulle pianure
e scorre la mano dorata
sull’acqua, sulle foglie…
Ah! non sono che bolle
che affiorano da fonde piscine
di illusionismo… – e dopo è finita.

Ma la vita, la vita, la vita,
la vita è possibile solo
reinventata.

Viene la luna, viene, mi toglie
dalle braccia le catene.
Mi lancio entro spazi
colmi della tua Figura.
Tutto è menzogna! Menzogna
della luna, nella notte scura.

Non ti trovo, non ti prendo…
Sola – in equilibrio sul tempo,
mi stacco dall’altalena
che oltre il tempo mi conduce.
Sola – senza più luce
rimango: ricevuta e data.

Perché la vita, la vita, la vita
la vita è possibile solo
reinventata
________________

Pietro Paietta
Affresco dell'altalena (Villa Contarini) (1900)

Ponte


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Ponte
Ponte


Frágil ponte:
arco-íris, teia
de aranha,gaze
de água, espuma,
nuvem, luar.
Quase nada:
quase
a morte.

Por ela passeia,
passeia,
sem esperança nenhuma,
meu desejo de te amar.

Céu que miro?
- alta neblina,
Longo horizonte
- mas só de mar.

E esta ponte
que se arqueia
como um suspiro
- tênue renda cristalina -
será possível que transporte
a algum lugar?

Por ela passeia,
passeia
meu desejo de te amar.

Em franjas de areia,
chegada do fundo
lânguido do mundo,
às vezes, uma sereia
vem cantar.
E em seu canto te nomeia.

Por isso, a ponte se alteia,
e para longe se lança,
nessa frágil teia
- invisível, fina
renda cristalina
que a morte balança,
torna a balançar...

(Por ela passeia
meu desejo de te amar.)
Fragile ponte:
arcobaleno, tela
di ragno, velo
d’acqua, spuma,
nube, chiar di luna.
Quasi niente:
quasi
morte.

Lassù vi cammina,
e cammina,
senza speranza alcuna,
la mia ansia d’amarti.

Che cielo miro?
- nebbia profonda.
Lungo orizzonte
- ma è solo mare.

E questo ponte
tutto inarcato
come un sospiro
- esile trina cristallina -
in qualche luogo
andrà forse a finire?

Lassù vi cammina,
e cammina,
la mia ansia d’amarti.

Su frange di sabbia,
sbucata dal fondo
esausto del mondo,
viene, talora una sirena
a cantare. E nella sua canzone
lei esalta il tuo nome.

Perciò, il ponte s’inarca,
e in avanti si lancia,
con quella fragile tela
- invisibile, fine
trina cristallina
che la morte dondola,
e torna a dondolare...

(Lassù vi cammina,
la mia ansia d’amarti.)
________________

Claude Monet
Ponte giapponese (1899)

Canção de alta noite


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Canção de alta noite
Canzone di notte fonda


Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.

Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.

Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do abandono.

Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.

Andar... Perder o seu passo
na noite, também perdida.

Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.

Andar... - enquanto consente
Deus que a noite seja andada.

Porque o poeta, indiferente,
anda por andar - somente.
Não necessita de nada.
Notte fonda, luna quieta,
muri freddi, spiaggia rasa.

Andare, andar, ché un poeta
non ha bisogno di casa.

Passata è l’ultima porta.
Il resto è un mondo in affanno.

Un poeta, nella notte morta,
non ha bisogno di sonno.

Andare... Perdere il proprio passo
nella notte, nella notte perduta.

Un poeta, alla mercé dello spazio,
non ha più bisogno di vita.

Andare... - finché Dio consente
che nella notte si vada.

Perché il poeta, indifferente,
va per andare - solamente.
Non ha bisogno di niente.
________________

Carl Spitzweg
La guardia notturna (1865 ca.)

Retrato


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Retrato
Ritratto


Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?
Io non avevo il volto di oggi,
così calmo, e triste, e magro,
né questi occhi così vuoti
né questo sorriso amaro.

Io non avevo queste mani senza forza,
così inerti, e fredde, e morte;
io non avevo questo cuore
che a fatica si mostra.

Io non colsi questo mio cambiamento,
così semplice, e facile, e deciso:
In quale specchio s’è perso il mio viso?
________________

Amedeo Modigliani
Donna con i capelli rossi (1917)

Noite


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Noite
Notte


Humido gôsto de terra,
cheiro de pedra lavada
— tempo inseguro do tempo! —
sombra do flanco da serra,
nua e fria, sem mais nada.

Brilho de areias pisadas,
sabor de folhas mordidas,
— lábio da voz sem ventura! —
suspiro das madrugadas
sem coisas acontecidas.

A noite abria a frescura
dos campos todos molhados,
— sòzinha, com o seu perfume! —
preparando a flor mais pura
com ares de todos os lados.

Bem que a vida estava quieta.
Mas passava o pensamento...
— de onde vinha aquela música?
E era uma nuvem repleta,
entre as estrêlas e o vento.
Umido gusto di terra,
odore di pietra bagnata
— tempo incerto del tempo! —
ombra del pendio della serra,
nuda e fredda, nient’altro.

Luccichio di sabbie pigiate,
sapore di foglie addentate,
— labbro dalla voce sventurata! —
sospiro di fine nottata
senz’alcuna cosa accaduta.

La notte dischiudeva la frescura
della campagna tutta rugiadosa,
— sola, col suo profumo! —
preparando il fiore più puro
cinto dall’aria turbinosa.

Eppure la vita era calma.
Ma un pensiero passava insistente...
— da dove veniva quella musica?
Ed era una nuvola ricolma,
in mezzo alle stelle e nel vento.
________________

Frantisek Kupka
Notturno (1905)

Motivo


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Motivo
Motivo


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Io canto perché l’istante esiste
e la mia vita è completa.
Non sono né allegro né triste:
sono poeta.

Fratello delle cose fuggevoli,
non provo diletto né tormento.
Attraverso le notti ed i giorni
nel vento.

Se distruggo o costruisco,
se mi conservo o mi sfascio,
– non so, non so. Non so se resto
o passo.

So che canto. Ed il cantare è tutto.
L’ala ritmata avrà sangue eternamente.
E so che un giorno resterò muto:
– più niente.
________________

Guillaume Apollinaire
L'Horloge de demain (1917)

Epigrama Nº 5


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Epigrama N° 5
Epigramma N° 5


Gosto de gota d′água que se equilibra
na folha rasa, tremendo ao vento.

Todo o universo, no oceano do ar, secreto vibra:
e ela resiste, no isolamento.

Seu cristal simples reprime a forma, no instante incerto:
pronto a cair, pronto a ficar - límpido e exato.

E a folha é um pequeno deserto
para a imensidade do ato.
Amo la goccia d′acqua che s’equilibra
sulla foglia liscia, tremando al vento.

Tutto l’universo, nell’oceano d’aria, vibra segreto:
ed ella resiste, nell’isolamento.

Il suo puro cristallo rattiene la forma, nell’istante incerto:
pronto a cadere, pronto a restare - limpido ed esatto.

E la foglia è un piccolo deserto
per l’immensità dell’atto.

________________

Dennis Oppenheim
Splasbuilding (2009)

Apólogo dialogal


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Apólogo dialogal
Apologo dialettico


Eu, de coração rechaçado, seguia
Talvez já para fora da espécie.
Foi então que o encontrei.
Chamei-o, precisava que desse por mim,
Confiasse. Estacou.
Era um desses gatos urbanos
Que, a horas moribundas
Procurava refeição.
Encontrando uma espécie de generosidade
No que outros desprezaram.
Fitava-me e eu fui-me aproximando,
Ele deixou e toquei-lhe.
Arqueou o corpo amarelo e esguio,
Ergueu a cabeça contra a minha mão
Até se cansar do meu afecto.
Subiu, veloz, as escadas do beco,
De regresso à sua noite,
Fugindo à moldura,
De qualquer lição, moralidade, exemplo.

Io, con la sconfitta nel cuore, me ne andavo
Forse già escluso dalla mia specie.
Fu allora che lo incontrai.
Lo chiamai, volevo che s’accorgesse di me,
Che si fidasse. Si arrestò.
Era uno di quei gatti urbani
Che, a ore morte
Andava in cerca di uno spuntino.
E trovava una specie di generosità
In ciò che altri scartavano.
Mi fissava e io gli andai vicino,
Lui acconsentì e io lo toccai.
Inarcò il corpo giallo e slanciato,
Sollevò la testa contro la mia mano
Finché fu sazio del mio affetto.
Risalì, veloce, le scale del vicolo,
Per tornare alla sua notte,
Sottraendosi a quel quadretto,
A qualunque lezione morale e allegorica.

________________

Agnieszka Praxmayer
Il salto del gatto arancione (2016)
...

Epigrama N° 1


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Epigrama N° 1
Epigramma N° 1


Pousa sôbre êsses espetáculos infatigáveis
uma sonora ou silenciosa canção:
flor do espírito, desinteressada e efêmera.

Por ela, os homens te conhecerão:
por ela, os tempos versáteis saberão
que o mundo ficou mais belo, ainda que inùtilmente,
quando por êle andou teu coração.
Posa su questi scenari instancabili
una canzone sonora o silenziosa:
fior dello spirito, spassionata ed effimera.

Per merito suo, gli uomini ti conosceranno:
Per merito suo, i tempi mutevoli sapranno
che il mondo fu più bello, anche se inutilmente,
quando lo percorse il tuo cuore.

________________

Ivan Rabuzin
Crepuscolo (1980)

Canção


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Canção
Canzone


Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Ho posato il mio sogno su una nave
e la nave l’ho messa sopra il mare;
- dopo, ho aperto il mare con le mani,
perché il mio sogno andasse a naufragare.

Le mie mani sono ancora bagnate
dal blu delle ondate semiaperte,
e il colore che mi scorre tra le dita
va colorando queste sabbie deserte.

Il vento da lungi sta arrivando,
la notte è curva per il freddo greve;
sul fondo del mare sta morendo
il sogno mio, racchiuso in una nave...

Piangerò quanto ce ne sarà bisogno,
farò in modo che il mare cresca,
e la mia nave giunga a toccare il fondo
e il mio sogno infine sparisca.

Dopo, tutto sarà perfetto;
spiaggia spianata, acque quiete,
i miei occhi secchi come pietre
e le mie due mani, spezzate.

________________

Corrado Bonomi
Vascello fantasma (1992)

Orfandade


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Orfandade
Orfana


A menina de preto ficou morando atrás do tempo,
sentada no banco, debaixo da árvore,
recebendo todo o céu nos grandes olhos admirados.

Alguém passou de manso, com grandes nuvens no vestido,
e parou diante dela, e ela, sem que ninguém falasse,
murmurou: «A MAMÃE MORREU».

Já ninguém passa mais, e ela não fala mais, também.
O olhar caíu dos seus olhos, e está no chão,
 com as outras pedras,
escutando na terra aquele dia que não dorme
com as três palavras que ficaram por alí.
La bimba vestita di nero s’attardò al di là del tempo,
seduta sulla panchina, sotto l’albero,
assorbendo tutto il cielo nei grandi occhi attoniti.

Qualcuno passò premuroso, con grandi nuvole sul vestito,
e le si fermò accanto, ed ella, senza che alcuno chiedesse,
mormorò: «MAMMA È MORTA».

Ormai non passa più nessuno, e neppure lei parla più.
Lo sguardo le è caduto dagli occhi, e giace al suolo
 con gli altri sassi,
riascolta nella terra il suono di quel giorno che non dorme
con quelle tre parole che son rimaste lì.

________________

Edvard Munch
La madre morta e la bambina (1897-1899)

Cântico IX


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Cânticos (1927) »»
 
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Cântico IX
Cantico IX


Os teus ouvidos estão enganados.
E os teus olhos.
E as tuas mãos.
E a tua boca anda mentindo
Enganada pelos sentidos.
Faze silêncio no teu corpo.
E escuta-te.
Há uma verdade silenciosa dentro de ti.
A verdade sem palavras.
Que procuras inutilmente,
Há tanto tempo,
Pelo teu corpo, que enlouqueceu.

Le tue orecchie s’ingannano.
E i tuoi occhi.
E le tue mani.
E la tua bocca mente
Ingannata dai sensi.
Crea il silenzio nel tuo corpo.
E ascoltati.
C’è una verità silenziosa dentro di te.
La verità senza parole.
Che inutilmente cerchi,
Da tanto tempo,
Dentro il tuo corpo, che ha perso il senno.

________________

Frida Kahlo
Le due Frida (1939)

Cântico VI


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Cântico VI
Cantico VI


Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.

Tu hai un timore:
Finire.
Non vedi che finisci ogni giorno.
Che muori nell’amore.
Nella tristezza.
Nel dubbio.
Nel desiderio.
Che ti rinnovi ogni giorno.
Nell’amore.
Nella tristezza.
Nel dubbio.
Nel desiderio.
Che sei sempre diverso.
Che sei sempre lo stesso.
Che morirai per tempi immensi.
Fino a perdere il timore di morire.

E allora sarai eterno.

________________

Odilon Redon
Riflessione (1900-1905)

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