Europa - IV


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Europa (1946) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Europa - IV
Europa - IV


Eu falo das casas e dos homens,
dos vivos e dos mortos:
do que passa e não volta nunca mais...
Não me venham dizer que estava materialmente previsto,
ah, não me venham com teorias!
Eu vejo a desolação e a fome,
as angústias sem nome,
os pavores marcados para sempre nas faces trágicas
das vítimas.
E sei que vejo, sei que imagino apenas uma ínfima,
uma insignificante parcela da tragédia.
Eu, se visse, não acreditava.
Se visse, dava em louco ou profeta,
dava em chefe de bandidos, em salteador de estrada,
– mas não acreditava!
Olho os homens, as casas e os bichos.
Olho num pasmo sem limites,
e fico sem palavras,
na dor de serem homens que fizeram tudo isto:
esta pasta ensanguentada a que reduziram a terra inteira,
esta lama de sangue e alma,
de coisa e ser,
e pergunto numa angústia se ainda haverá alguma
esperança,
se o ódio sequer servirá para alguma coisa...

Deixai-me chorar - e chorai!
As lágrimas lavarão ao menos a vergonha de estarmos
vivos,
de termos sancionado com o nosso silêncio o crime feito
instituição
e enquanto chorarmos talvez julguemos nosso o drama,
por momentos será nosso um pouco do sofrimento alheio,
por um segundo seremos os mortos e os torturados,
os aleijados para toda a vida, os loucos e os encarcerados,
seremos a terra podre de tanto cadáver,
seremos o sangue das árvores,
o ventre doloroso das casas saqueadas,
– sim, por um momento seremos a dor de tudo isto...

Eu não sei porque me caem as lágrimas,
porque tremo e que arrepio corre dentro de mim,
eu que não tenho parentes nem amigos na guerra,
eu que sou estrangeiro diante de tudo isto,
eu que estou na minha casa sossegada,
eu que não tenho guerra à porta,
– eu porque tremo e soluço?

Quem chora em mim, dizei - quem chora em nós?

Tudo aqui vai como um rio farto de conhecer os seus
meandros:
as ruas são ruas com gente e automóveis,
não há sereias a gritar pavores irreprimíveis,
e a miséria é a mesma miséria que já havia...
E se tudo é igual aos dias antigos,
apesar da Europa à nossa volta, exangue e mártir,
eu pergunto se não estaremos a sonhar que somos gente,
sem irmãos nem consciência, aqui enterrados vivos,
sem nada senão lágrimas que vêm tarde, e uma noite
à volta,
uma noite em que nunca chega o alvor da madrugada...

Io parlo delle case e degli uomini,
dei vivi e dei morti:
di ciò che passa e mai più fa ritorno...
Non vengano a dirmi che era materialmente previsto,
ah, non mi vengano con teorie!
Io vedo la desolazione e la fame,
le angosce senza nome,
il terrore impresso per sempre sui volti tragici
delle vittime.
E so che vedo, so che immagino solo un minimo,
un insignificante frammento di tragedia.
Io, se vedessi, non ci crederei.
Se vedessi, passerei per folle o per profeta,
passerei per capo di briganti, per bandito di strada,
– ma non ci crederei.
Guardo gli uomini, le case e le bestie.
Guardo con uno spavento senza limiti,
e resto senza parole,
soffrendo perché sono gli uomini che han fatto tutto questo:
questa massa insanguinata cui han ridotto la terra intera,
questa poltiglia di sangue e anima,
di cose e di esseri,
e mi domando con angoscia se ci sarà ancora qualche
speranza,
se mai l’odio servirà a qualcosa...

Lasciatemi piangere - e piangete!
Le lacrime laveranno per lo meno la vergogna d’esser
rimasti vivi,
di aver sancito con il nostro silenzio il crimine come
un’istituzione
e mentre piangiamo forse sentiremo nostro il dramma,
per qualche momento sarà nostro un po’ del dolore altrui,
per un secondo saremo i morti e i torturati,
gli invalidi a vita, i folli e i prigionieri,
saremo la terra putrida per tanti cadaveri,
saremo il sangue degli alberi,
eil ventre doloroso delle case saccheggiate,
– sì, per un momento saremo il dolore per tutto questo...

Io non so perché mi scendano le lacrime,
perché tremo e che brivido corra dentro di me,
io che non ho parenti né amici in guerra,
io che sono estraneo davanti a tutto questo,
io che sto nella mia casa tranquilla,
io che non ho guerre alla porta,
– io perché tremo e singhiozzo?

Chi piange in me, ditemi - chi piange in noi?

Qui tutto procede come un fiume stanco di conoscere i suoi
meandri:
le strade sono strade con gente e automobili,
non ci sono sirene a gridare terrori irreprimibili,
e la miseria è la stessa miseria che già c’era...
E se tutto è uguale ai vecchi tempi,
nonostante l’Europa intorno a noi, esangue e martire,
io mi domando se non stiamo sognando d’esser gente,
senza fratelli né coscienza, qui sepolti vivi,
senza nient’altro che tardive lacrime, e una notte che
ci sovrasta,
una notte in cui non giunge mai il chiarore dell’alba...

________________

Otto Dix
Guerra (particolare del Trittico) (1929-1932)
...

Europa - III


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Europa (1946) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Europa - III
Europa - III


Na erma solidão glacial da treva
os que não morreram velam.
 
Em vagas sucessivas de descargas
A morte ceifou os nossos irmãos.
 
O medo ronda,
o ódio espreita.
Todos os homens estão sozinhos.
 
A madrugada ainda virá?
 
Vão caindo um a um na luta sem trincheiras,
 e a noite parece que não terá nunca madrugada,
mas cada gota de sangue é agora semente de revolta,
da revolta que varrerá da face da terra
os sacerdotes sinistros do terror.
A revolta a florir em esperança
dos braços e das bocas que ficaram...
 
A traição ronda,
A morte espreita.
 
Uma comoção de bandeiras ao vento...
Clarins de aurora, ao longe...
 
Os que não morreram velam.

Nell’erma solitudine glaciale della tenebra
quelli che non son morti vegliano.
 
In successive raffiche d’artiglieria
La morte ha falciato i nostri fratelli.
 
La paura fa la ronda,
l’odio sta all’erta.
Tutti gli uomini sono soli.
 
Tornerà a sorgere l’alba?
 
Stanno cadendo uno ad uno nella lotta senza trincee,
e pare che la notte non vedrà mai più l’alba,
ma ogni goccia di sangue ora è seme di rivolta,
della rivolta che cancellerà dalla faccia della terra
i sinistri sacerdoti del terrore.
La rivolta che farà rifiorire la speranza
nelle braccia e nelle bocche sopravvissute...
 
Il tradimento fa la ronda,
La morte sta all’erta.
 
Un’eccitazione di bandiere al vento...
Trombe d’aurora, in lontananza...
 
Quelli che non son morti vegliano.

________________

Otto Dix
Trincea (1918)
...

Europa - II


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Europa (1946) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Europa - II
Europa - II


Ó morta civilização!
Teu sangre podre, nunca mais!
Cadáver hirto, ressequido,
á cova, à cova!
 
Teu canto novo, esse sim!
Purificado,
teu nome, Europa,
o mal que foste, redimido,
o bem que deste,
repartido!
 
Aí vai o cadáver enfeitado de discursos,
florindo em chaga, em pus, em nojo..
Cadáver enfeitado de guerras de fronteiras,
ficções para servir o sonho de violência,
máscara de ideal cobrindo velhas raivas...
Vai, cadáver de crimes enfeitado,
que os coveiros, sem descanso,
acham pouca toda a terra,
nenhum sangue já lhes chega!
 
Sobre o cadáver dançam
teus coveiros sua dança.
Corvos de negro augúrio
chupam teu sangue de desgraça.
Haja mais sangue, mais dançam!
E tu levada, tu dançando,
os passos do teu bailado
funerário!
 
Mas do sangue nascerás,
ou nunca mais, Europa do porvir!
 
E a mão que te detenha
à beira do abismo?
Do sangue nascerá!
 
E braços que defendam
teu dia de amanhã?
Do sangue nascerão!
 
O sangue ensinará
— ou nova escravidão
maior há-de enlutar
teus campos semeados
de forcas e tiranos.
 
De sangue banharás
teu corpo atormentado
e, Fénix, viverás!

O morta civiltà!
Il tuo sangue marcio, mai più!
Cadavere rigido, rinsecchito,
alla fossa, alla fossa!
 
Il tuo canto nuovo, quello sì!
Purificato,
il tuo nome, Europa,
il male che sei stata, redento,
il bene che hai donato,
ripartito!
 
Lì vada il cadavere adornato di discorsi,
germogliando in piaga, in pus, in disgusto..
Cadavere adornato di guerre di frontiera,
favole al servizio d’un sogno di violenza,
finzione d’armonia che cela vecchi rancori...
Vai, cadavere adornato di crimini,
che i becchini, senza sosta,
trovino che sia poca tutta la terra,
nessun sangue ormai più basta!
 
Sul tuo cadavere danzano
i tuoi becchini la loro danza.
Corvi di malaugurio
succhiano il tuo sangue di disgrazia.
Più sangue c'è e più si danza!
E tu smaniosa, tu danzando
i passi del tuo ballo
funerario!
 
Ma dal sangue rinascerai,
o mai più, Europa dell’avvenire!
 
E la mano che ti trattenga
sull’orlo dell’abisso?
Dal sangue rinascerà!

E le braccia che difendano
le giornate del tuo domani?
Dal sangue rinasceranno!
 
Il sangue educherà
— o una nuova e più grande
schiavitù s’abbatterà
sui tuoi campi disseminati
di forche e di tiranni.
 
Di sangue inonderai
il tuo corpo tormentato
e, Fenice, tu rivivrai!

________________

Anonimo del Bestiario di Oxford
La fenice che arde nel suo nido (sec.XIII)
...

Europa - I


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Europa (1946) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Europa - I
Europa - I


Europa, sonho futuro!
Europa, manhã por vir,
fronteiras sem cães de guarda,
nações com seu riso franco
abertas de par em par!
 
Europa sem misérias arrastando seus andrajos,
virás um dia? virá o dia
em que renasças purificada?
Serás um dia o lar comum dos que nasceram
no teu solo devastado?
Saberás renascer, Fénix, das cinzas
em que arda enfim, falsa grandeza,
a glória que teus povos se sonharam
— cada um para si te querendo toda?
 
Europa, sonho futuro,
se algum dia há-se-ser!
Europa que não soubeste
ouvir do fundo dos tempos
a voz na treva clamando
que tua grandeza não era
só do espírito seres pródiga
se do pão eras avara!
Tua grandeza a fizeram
os que nunca perguntaram
a raça por quem serviam.
Tua glória a ganharam
mãos que livres modelaram
teu corpo livre de algemas
num sonho sempre a alcançar!
 
Europa, ó mundo a criar!
 
Europa, ó sonho por vir
enquanto à terra não desçam
as vozes que já moldaram
tua figura ideal,
Europa, sonho incriado,
até ao dia em que desça
teu espírito sobre as águas!
 
Europa sem misérias arrastando seus andrajos,
virás um dia? virá o dia
em que renasças purificada?
Serás um dia o lar comum dos que nasceram
no teu solo devastado?
Saberás renascer, Fénix, das cinzas
do teu corpo dividido?
 
Europa, tu virás só quando entre as nações
o ódio não tiver a última palavra,
ao ódio não guiar a mão avara,
à mão não der alento o cavo som de enterro
dos cofres digerindo o sangue do rebanho
— e do rebanho morto, enfim, à luz do dia,
o homem que sonhaste, Europa, seja vida!

Europa, sogno futuro!
Europa, alba ventura,
frontiere senza cani da guardia,
nazioni dalla risata franca
dischiusa senza paura!
 
Europa senza miserie, sbarazzata dai tuoi stracci,
verrai un giorno? verrà il giorno
in cui rinascerai purificata?
Sarai un giorno la casa comune di quelli che nasceranno
sul tuo suolo devastato?
Saprai rinascere, Fenice, dalle ceneri
in cui arda infine, falsa grandezza,
la gloria che i tuoi popoli han sognato
— ciascuno volendoti tutta per sé?
 
Europa, sogno futuro,
se un giorno s’avvererà!
Europa che non hai saputo
udire dal fondo dei tempi
la voce che proclamava nella tenebra
che la tua grandezza non era
solo di spirito esser prodiga
se di pane eri avara!
La tua grandezza la fecero
coloro che mai domandarono
la razza a quelli che servivano.
La tua gloria la conseguirono
mani che libere modellarono
il tuo corpo libero da catene
in un sogno sempre da conquistare!
 
Europa, oh mondo da creare!
 
Europa, oh sogno da avverare
finché in terra non scendano
le voci che già forgiarono
la tua figura ideale,
Europa, sogno increato,
fino al giorno in cui scenda
il tuo spirito sopra le acque!

Europa senza miserie, sbarazzata dai tuoi stracci,
verrai un giorno? verrà il giorno
in cui rinascerai purificata?
Sarai un giorno la casa comune di quelli che nasceranno
sul tuo suolo devastato
Saprai rinascere, Fenice, dalle ceneri
del tuo corpo frazionato?
 
Europa, tu verrai solo quando tra le nazioni
l’odio non abbia l’ultima parola,
l’odio non guidi la mano avara,
alla mano non dia vigore il cavo suono di sepolcro
dei forzieri che ingurgitano il sangue del gregge
— e di quel gregge morto, finalmente, alla luce del giorno,
l’uomo che hai sognato, Europa, sia la vita!

________________

Ratto di Europa
Pompei, Casa di Giasone (20-25 d.C.)
...

Vem Vento, Varre!


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Noite aberta aos quatro ventos (1943) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Vem Vento, Varre!
Vieni vento, spazza via!


Vem vento, varre
sonhos e mortos.
Vem vento, varre
medos e culpas. 
Quer seja dia,
quer faça treva,
varre sem pena,
leva adiante
paz e sossego,
leva contigo
noturnas preces,
presságios fúnebres,
pávidos rostos
só covardia.

Que fique apenas
ereto e duro
o tronco estreme
de raiz funda. 
Leva a doçura,
se for preciso:
ao canto fundo
basta o que basta.
 
Vem vento, varre!

Vieni vento, spazza via
sogni e morti.
Vieni vento, spazza via
paure e colpe. 
Che sia giorno,
che faccia buio,
spazza via senza rimorso,
spingi avanti
pace e quiete,
porta via con te
notturne preci,
presagi funesti,
pavidi volti
tutta viltà.

Che sporga appena
eretto e duro
il solo ceppo
della riposta radice. 
Porta via la dolcezza,
se necessario:
il canto profondo
basta a se stesso.
 
Vieni vento, spazza via!

________________

Winslow Homer
Uragano alle Bahamas (1898)
...

Três Poemas de Londres


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Noite aberta aos quatro ventos (1943) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Três Poemas de Londres
Tre Poesie di Londra


I
Talvez, estrangeiro em qualquer parte,
fosse a minha pátria ser livre
no diverso perder-me em todo o mundo…
 
Talvez esta imagem me persiga
até ao fim, de ser nada em toda a parte,
para ser cada novo instante um estrangeiro
que não entende sequer a língua de si mesmo.
Talvez na vida valha só perdermos
a ganhar outro ser em cada coisa
­- e saber algum dia ser ninguém, pousando
sobre a quimera das horas o sorriso
de quem tanto perdeu que nada é mais…
 
II
Quantas vezes a vida principia?
Tudo é começar, quando se ama!
Amor de quê? Da névoa e do silêncio
subindo entre o passado e o presente?
ou do claro esvoaçar de um riso
que entre as pálpebras da noite se adivinha?
 
III
Dorme na paz provisória
De ser como não haver morte.
 
Não queimes a inocência
de que o dia te vestiu.
Sonha, acordado, sem luto
por tudo ter sempre um fim.
 
Deixa, queimado no porto,
navio do regresso
 
– contigo vai só o vento
que não tem âncora, nem lei.

I
Forse, straniero in ogni luogo,
la mia patria consiste nell’esser libero
nell’anomalo perdermi in tutto il mondo…
 
Forse quest’immagine m’assillerà
fino alla fine, d’essere un nulla ovunque,
per essere ad ogni nuovo istante uno straniero
che non comprende neppure la propria lingua.
Forse nella vita solo vale la pena perdersi
per ritrovare un altro essere in ogni cosa
– e sapere un giorno esser nessuno, nel posare
sulla chimera delle ore il sorriso
di chi tanto ha perduto che il nulla è un di più…
 
II
Quante volte comincia la vita?
Tutto è cominciare, quando si ama!
Amore per che cosa? Per la bruma e il silenzio
che s’ergono tra il passato e il presente?
o per il chiaro vorticare d’una risata
che tra le palpebre della notte s’indovina?
 
III
Dormi nella pace provvisoria
D’esistere come se non ci fosse morte.
 
Non bruciare l’innocenza
di cui t’ha vestito il giorno.
Sogna, da sveglio, senza lutto
perché tutto ha sempre una fine.
 
Lascia, incendiata nel porto,
la nave del ritorno
 
– con te verrà soltanto il vento
che non ha legge, né ancora.

________________

Edward Hopper
Early Sunday Morning (1930)
...

Terra morta


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Noite aberta aos quatro ventos (1943) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Terra morta
Terra morta


Um canto áspero, sem perfume,
pela noite fora vem,
vozes neutras e sem lume
nem amor têm.

Um canto álgido e soturno
canto de morte
vem como um vento contra as janelas
vento de noite de tempestade
contra as janelas da nossa vida.

Como asas longas de morcegos
lá fora a noite perpassa
grandes mãos frias sobre as coisas...

Un canto aspro, senza profumo,
riempie la notte intera,
voci neutre e senza calore
assente anche l’amore.

Un canto algido e struggente
canto di morte
viene come un vento contro le finestre
vento di notte tempestosa
contro le finestre della nostra vita.

Come lunghe ali di pipistrello
là fuori la notte passa
grandi mani gelide sopra le cose...

________________

Knud Andreassen Baade
Notte sul fiordo (1855)
...

Fresco egípcio


Nome :
 
Collezione :
Fonte :
 
Altra traduzione :
Nuno Rocha Morais »»
 
Poesie inedite »»
nunorochamorais.blogspot.com (marzo 2021) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Fresco egípcio
Affresco egizio


Tilintam argolas, cintos.
Muito antes dos respectivos nomes,
O teu corpo inventou todas as danças
Movimento perpétuo, inconsútil
Tilintam argolas, cintos,
Ao ritmo da tua nudez;
Em breve, o Nilo te há-de responder
Águas e limos. Dança,
A tua alma é gato e crocodilo,
À tua respiração acorrem os mortos,
Agora, a morte pesa uma pluma.
Enquanto danças, também tu
És a esfinge e nada realmente finda.
[A tua respiração decidirá o tempo,
Os teus braços, o espaço de céu,
A terra seguirá os teus saltos,
O mundo, as tuas voltas e rodopios.]

Tintinnano catenine, cinture.
Molto prima dei nomi rispettivi,
Il tuo corpo inventò tutte le danze
Movimento perpetuo, inconsutile
Tintinnano catenine, cinture,
Al ritmo della tua nudità;
Tra poco, il Nilo ti ricompenserà
Con acqua e limo. Danza,
L’anima tua è gatto e coccodrillo,
Ad ogni tuo respiro accorrono i morti,
Ora, la morte ha il peso d’una piuma.
Mentre danzi, anche tu
Sei la sfinge e nulla realmente finisce.
[Il tuo respiro determinerà il tempo,
Le tue braccia, lo spazio del cielo,
La terra seguirà i tuoi balzi,
Il mondo, i tuoi giri e i volteggi.]

________________

Pittore della Tomba di Nakht
Danzatrici e suonatrice
Necropoli di Tebe (circa 1350 a.C.)
...

Ode ao Tejo e à memória de Álvaro de Campos


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Noite aberta aos quatro ventos (1943) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Ode ao Tejo e à memória de Álvaro de Campos
Ode al Tago e alla memoria di Álvaro de Campos


E aqui estou eu,
ausente diante desta mesa -
e ali fora o Tejo.
Entrei sem lhe dar um só olhar.
Passei, e não me lembrei de voltar a cabeça,
e saudá-lo deste canto da praça:
"Olá, Tejo! Aqui estou eu outra vez!"
 
Não, não olhei.
Só depois que a sombra de Álvaro de Campos se sentou
a meu lado
me lembrei que estavas aí, Tejo.
Passei e não te vi.
Passei e vim fechar-me dentro das quatro paredes, Tejo!
 
Não veio nenhum criado dizer-me se era esta a mesa
em que Fernando Pessoa se sentava,
contigo e os outros invisíveis à sua volta,
inventando vidas que não queria ter.
Eles ignoram-no como eu te ignorei agora, Tejo.
Tudo são desconhecidos, tudo é ausência no mundo,
tudo indiferença e falta de resposta.
Arrastas a tua massa enorme como um cortejo de glória,
e mesmo eu que sou poeta passo a teu lado de olhos
fechados,
Tejo que não és da minha infância,
mas que estás dentro de mim como uma presença
indispensável,
majestade sem par nos monumentos dos homens,
imagem muito minha do eterno,
porque és real e tens forma, vida, ímpeto,
porque tens vida, sobretudo,
meu Tejo sem corvetas nem memórias do passado...
Eu que me esqueci de te olhar!
 
O meu mal é não ser dos que trazem beleza metida
na algibeira
e não precisam de olhar as coisas para as terem.
Quando não está diante dos meus olhos, está sempre
longe.
Não te reduzi a uma idéia para trazer dentro da cabeça,
e quando estás ausente, estás mesmo ausente dentro
de mim.
Não tenho nada, porque só amo o que é vivo,
mas a minha pobreza é um grande abraço em que tudo
é sempre virgem,
porque quando o tenho, é concreto nos braços fechados
sobre a posse.

Não tenho lugar para nenhum cemitério dentro de mim...
E por isso é que fiquei a pensar como era grave ter
passado sem te olhar, ó Tejo.
Mau sinal, mau sinal, Tejo
Má hora, Tejo, aquela em que passei sem olhar para onde
estavas.
Preciso dum grande dia a sós comigo, Tejo,
levado nos teus braços,
debruçado sobre a cor profunda das tuas águas,
embriagado do teu vento que varre como um hino
de vitória
as doenças da cidade triste e dos homens acabrunhados...
Preciso dum grande dia a sós contigo, Tejo,
para me lavar do que deve andar de impuro dentro de mim,
para os meus olhos beberem a tua força de fluxo
indomável,
para me lavar do contágio que deve andar a envenenar-me
dos homens que não sabem olhar para ti e sorrir à vida,
para que nunca mais, Tejo, os meus olhos possam
voltar-se para outro lado
quando tiverem diante de si a tua grandeza, Tejo,
mais bela que qualquer sonho,
porque é real, concreta, e única!

E qui sto io,
assente davanti a questa tavola -
e lì fuori il Tago.
Sono entrato senza dargli una sola occhiata.
Sono passato, e non mi sono ricordato di volgere il capo,
e salutarlo da questo angolo della piazza:
"Salve, Tago! Io sono qui un’altra volta!"
 
No, non ho guardato.
Solo dopo che l’ombra di Álvaro de Campos s’è seduta
al mio lato
mi sono ricordato che tu stavi lì, Tago.
Sono passato e non t’ho visto.
Sono passato e mi son chiuso tra quattro pareti, Tago!
 
Non è venuto nessun cameriere a dirmi se era questa
la tavola a cui Fernando Pessoa si sedeva,
con te e attorniato dagli altri invisibili,
inventando vite che non voleva avere.
Loro lo ignorano come io t’ho ignorato ora, Tago.
Tutti sono sconosciuti, tutto è assenza nel mondo,
tutto è indifferenza e mancanza di risposta.
Trascini la tua enorme massa come un glorioso corteo,
e benché io sia poeta, è ad occhi chiusi che ti passo
accanto,
Tago che non appartieni alla mia infanzia,
ma che stai dentro di me come una presenza
indispensabile,
maestà senza pari tra i monumenti degli uomini,
immagine molto mia dell’eternità,
perché sei reale e hai forma, vita, impeto,
perché hai vita, soprattutto,
mio Tago senza corvette né memorie del passato...
E io che mi sono dimenticato di guardarti!
 
Il mio difetto è di non essere uno di quelli che si tengono
la bellezza pronta in tasca
e non hanno bisogno di guardare le cose per averle.
Quando qualcosa non mi sta davanti agli occhi, è sempre
lontano.
Non t’ho ridotto a un’idea da portarmi dentro la testa,
e quando sei assente, sei veramente assente dentro
di me.
Non possiedo nulla, perché amo solo ciò che è vivo,
ma la mia povertà è un grande abbraccio in cui tutto
è sempre vergine,
perché quando ce l’ho, è concreto tra le braccia serrate
sul possesso.

Non c’è posto per alcun cimitero dentro di me...
Ed è perciò che mi sono fermato a pensare quanto fosse
grave esser passato senza guardarti, o Tago.
Brutto segno, brutto segno, Tago
Brutto momento, Tago, quello in cui sono passato senza
guardare dov’eri.
Mi serve un grande giorno da solo con te, Tago,
portato tra le tue braccia,
affacciato sopra il colore profondo delle tue acque,
inebriato dal tuo vento che come un inno di vittoria
spazza via
le infermità della città triste e degli uomini oppressi...
Mi serve un grande giorno da solo con te, Tago,
per lavarmi da ciò che dev’esserci d’impuro dentro di me,
perché i miei occhi bevano la tua forza di flusso
indomabile,
per lavarmi dal contagio che mi sta avvelenando
degli uomini che non sanno guardarti e sorridere alla vita,
perché mai più, Tago, i miei occhi possano voltarsi
dall’altra parte
quando avessero davanti a sé la tua grandezza, Tago,
più bella di qualunque sogno,
perché è reale, concreta e unica!

________________

Almada Negreiros
Ritratto di Fernando Pessoa (1964)
...

A palavra impossível


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Noite aberta aos quatro ventos (1943) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


A palavra impossível
La parola impossibile


Deram-me o silêncio para eu guardar dentro de mim
A vida que não se troca por palavras.
Deram-mo para eu guardar dentro de mim
As vozes que só em mim são verdadeiras.
Deram-mo para eu guardar dentro de mim
A impossível palavra da verdade.

Deram-me o silêncio como uma palavra impossível,
Nua e clara como o fulgor duma lâmina invencível,
Para eu guardar dentro de mim,
Para eu ignorar dentro de mim
A única palavra sem disfarce -
A Palavra que nunca se profere.

Il silenzio m’han dato perché serbassi in me
La vita che non si scambia con parole.
Me l'hanno dato perché serbassi in me
Le voci che solo in me suonano vere.
Me l’hanno dato perché serbassi in me
L’impossibile parola della verità.

Il silenzio m’han dato come una parola impossibile,
Spoglia e nitida come lo sfolgorio d’un’invincibile lama,
Perché serbassi in me,
Perché ignorassi in me,
L’unica parola senza mascheramenti -
La Parola che mai si proferisce.

________________

Jean Dampt e Alexandre Bigot
Il silenzio (1897)
...

Canção doente


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Canto da Nossa Agonia (1942) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Canção doente
Canzone dolente


Os dedos
quase por hábito,
estendem-se para o papel,
num desejo
de confessar sei lá o quê!
Debalde,
lá fora a chuva
matou dentro qualquer gesto,
e por detrás da vidraça
sobre as folhas em vão brancas,
divago, sem me sentir,
a perseguir asas loucas...
Chuva de outono... que acordaste
dentro de mim e tão triste
que nem sequer sei o que seja?

Le dita
quasi per abitudine,
s’allungano verso il foglio,
nel desiderio
di confessare chissà che!
Inutilmente,
là fuori la pioggia
ha stroncato da dentro qualunque gesto,
e dietro la vetrata
sopra le foglie invano bianche,
io divago, senza avvedermene,
andando in cerca di folli ali...
Pioggia d’autunno... che in me
ti sei destata e così triste
che non so neppure che cosa sia?

________________

Günther Uecker
Pioggia (1972)
...

Paz aos mortos


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Sempre e Sem Fim (1937) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Paz aos mortos
Pace ai morti


Detestei sempre os arquitectos de infinito:
como é feio fugir quando nos espera a vida!
Nunca tive saudades do futuro
e o passado... o passado vivi-o, que fazer?!
- e não gosto que me ordenem venerá-los
se eu todo não basto a encher este presente.

Não tenho remorsos do passado. O que vivi, vivi.
Tenho, talvez, desprezo
por esta débil haste que raramente soube
merecer os dons da vida,
e se ficava hesitante
na hora de passar da imaginação à vida.

As pazadas de terra cobrindo o que já fui
sabem mal, às vezes; noutros dias
deliro quando lanço à vala um desses seres tristonhos
que outrora fui, sem querer.

Ho sempre detestato gli architetti d’infinito:
com’è brutto fuggire quando ci aspetta la vita!
Non ho mai avuto nostalgia del futuro
e il passato... il passato l’ho vissuto, che fare?!
- e non mi piace che mi ordinino di venerarli
se io tutt’intero non basto a riempire questo presente.

Non ho rimorsi del passato. Quel ch’è stato, è stato.
Nutro, forse, disprezzo
per questo debole picciolo che raramente ha saputo
meritare i doni della vita,
e si fermava esitante
nel momento di passare dall’immaginazione alla vita.

Le palate di terra che coprono quel che son stato
talvolta hanno un cattivo sapore; in altri giorni
deliro quando lancio alla fossa una di quelle meste creature
che un tempo sono stato, senza volerlo.

________________

Antonio Zucchiatti
Alla ricerca della felicità (2011)
...

Desfloramento


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Sempre e Sem Fim (1937) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Desfloramento
Sfogliatura


A Manuela Porto

Venho das noites escuras
e aprendi a ver nas trevas
e a ler nas trevas.
Venho das noites escuras
e sei o grande soluço das sombras
e os cânticos impotentes dos peregrinos.
Venho das noites escuras
daí o meu amor imenso pela luz!
Quanto mais treva era a treva
melhor eu aprendia a amar a luz do sol
e dos meus olhos sempre mais e mais abertos
a luz interior irradiando aniquilava as sombras...

E sendo sempre noite já a pouco e pouco era mais
manhã.
E cada vez mais enorme e definitiva a manhã subia
apesar da treva apesar do silêncio apesar de tudo!
O negrume da noite era uma incandescência prenhe.

A flor romântica das trevas desfolhou-se-me nos dedos.
E então nasci.
E então vi que estava nu
e alegrei-me por estar nu
enfim!
Sorvi os frutos da terra
e já não me souberam a papel impresso!
Sacudi a poeira do que me tinham ensinado
e comecei então a saber.

Sob as palavras surgiu enfim a voz
e a canção ardente da vida já não encontrou algodão
nos meus ouvidos.

ah! só quem vem das trevas e das noites escuras
pode amar assim o imenso mundo do sol!

A Manuela Porto

Vengo da notti oscure
e ho imparato a vedere nelle tenebre
e a leggere nelle tenebre.
Vengo da notti oscure
e conosco l’intenso singhiozzare delle ombre
e i cantici impotenti dei pellegrini.
Vengo da notti oscure
da lì il mio amore immenso per la luce!
Quanto più tenebrosa era la tenebra
tanto meglio imparavo ad amare la luce del sole
e dai miei occhi sempre un po’ più aperti
la luce che irradiava dall’interno annullava le ombre...

E pur essendo sempre notte, a poco a poco si faceva
mattino.
Ed ogni volta più enorme e definitivo il mattino saliva
malgrado la tenebra malgrado il silenzio malgrado tutto!
Il nereggiare della notte era un’incandescenza completa.

Il fiore romantico delle tenebre mi si sfogliò tra le dita.
E allora nacqui.
E allora vidi che ero nudo
ed esultai per esser nudo
finalmente!
Assaporai i frutti della terra
e non sapevano già più di carta stampata!
Rimossi la polvere da ciò che mi avevano insegnato
e allora cominciai a sapere.

Da sotto le parole sbucò infine la voce
e la canzone ardente della vita non trovò più cotone
nelle mie orecchie.

ah! solo chi viene dalle tenebre e dalle notti oscure
può amare così l’immenso mondo del sole!

________________

Anselm Kiefer
Capo Nord (1975)
...

Anel quebrado


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Adolfo Casais Monteiro »»
 
Sempre e Sem Fim (1937) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Anel quebrado
Anello spezzato


A Manuela Porto

A vida não tem portas nem janelas…
por isso vos enganais no jogo vão
de lhe querer dar limites.

Ouve, ouve em ti o grande apelo
da tua própria vida que resiste
ao voto de a fechares num já previsto
anel de ininterruptos regressos.

Aniquila a vão perserverança
na resignação.
Cala essa voz cobarde que te pede
só descanso.

Vai por aí fora, e deixa vir
sobre ti o vendaval do inesperado!
Deixa gritar as vozes da quimera,
deixa clamar o apelo da loucura!

E vai! Vai até onde
a tua força vá. Segue-te, 
não sigas as insinuações da cobardia.

És sangue e nervos e vontade e audácia!
Cumpre-te.
Vai como as nuvens ou a vaga,
com a seta ou o rio ou a chama…
Mais vai contigo!

A Manuela Porto

La vita non ha porte né finestre…
perciò v’ingannate nel vano gioco
di volerle imporre dei limiti.

Ascolta, ascolta in te il grande appello
della tua stessa vita che resiste
alla promessa di chiuderla in un già previsto
anello di ininterrotti regressi.

Sopprimi la vana perseveranza
nella rassegnazione.
Fai tacere quella pavida voce che ti chiede
solo riposo.

Esci là fuori, e lascia che su di te
s’abbatta la bufera dell’inaspettato!
Lascia che gridino le voci della chimera,
lascia che si sparga l’appello della follia!

E vai! Vai fin dove
la tua forza va. Segui te stessa, 
non seguire le insinuazioni della codardia.

Sei sangue e nervi e volontà e audacia!
Realizzati.
Vai come le nuvole o l’onda,
con la freccia o il fiume o la fiamma…
Ma vai con te!

________________

Dante Gabriel Rossetti
Giovanna d'Arco (1882)
...

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (9) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)