O jardineiro


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O jardineiro
Il giardiniere


Na cidade há um jardim
e no jardim um canteiro
e no meio do canteiro
está cavando o jardineiro.

A terra suja-lhe os pés,
rasgam-lhe rosas as mãos,
as dálias roçam-lhe a cara
quando se dobra para o chão.

Há um jardim na cidade
e no jardim um canteiro;
quem vê as flores que lá estão
não pensa no jardineiro.
Nella città c’è un giardino
e nel giardino un verziere
e in mezzo a quel verziere
sta scavando il giardiniere.

La terra gli sporca i piedi,
le rose gli graffiano le mani,
le dalie gli sfiorano la faccia
quando al suolo si affaccia.

C’è un giardino in città
e nel giardino un verziere;
chi vede i fiori che stanno là
non pensa affatto al giardiniere.
________________

Paul Cezanne
Il giardiniere (1900-1906)
...

Nenúfares


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Nenúfares
Ninfee


Um nenúfar flutua
na mesma água
que a lua
Una ninfea fluttua
nella stessa acqua
della luna
________________

Claude Monet
Ninfee blu (1899)
...

Magnólias


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Magnólias
Magnolie


esqueceram-se das folhas
tão grande era a pressa
de florirem
si son scordate delle foglie
tanta era la fretta
di fiorire
________________

Chen Hongshou (1598–1652)
Fiori di magnolia e pietra eretta
...

Glicínias


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Glicínias
Glicini


Não se vêem ramos nem
folhas apenas cachos de

flores brancas ou lilás
suspensas no azul das

manhãs
Non si vedono rami né
foglie soltanto grappoli di

fiori bianchi o lilla
sospesi nel blu delle

mattine
________________

Martiros Saryan
Glicine (1923)
...

A espada de S. Jorge


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A espada de S. Jorge
La spada di S. Giorgio


Se porventura, um dia,
eu tivesse que me armar,
era esta, e só esta,
a espada que eu seria
capaz de empunhar.
Se per combinazione, un giorno,
io mi dovessi armare,
sarebbe questa, e questa sola,
la spada che io sarei
capace d’impugnare.
________________

Paolo Uccello
San Giorgio e il drago (1450 ca.)
...

A árvore da borracha


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A árvore da borracha
L’albero della gomma


As árvores também se enganam,
não a somar ou a subtrair,
mas a florir!
Nem por isso ficam preocupadas.
Há sempre uma árvore da borracha,
mesmo à mão,
para apagar,
os erros que dão.
Anche gli alberi si sbagliano,
non a sommare o a sottrarre,
ma a fiorire!
Tuttavia non se ne danno pensiero.
C’è sempre un albero della gomma,
a portata di mano,
per cancellare,
gli errori che fanno.
________________

Emilio Isgrò
La pigrizia del discobolo (2013)
...

O último girassol


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O segredo da púrpura (1991) »»
 
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O último girassol
L’ultimo girasole


Hoje vomitei um líquido esverdeado
Eram as primeiras folhas
Estou prestes a florir
Oggi ho vomitato un liquido verdastro
Erano le prime foglie
Sono sul punto di fiorire
________________

Vincent van Gogh
Vaso con tre girasoli (1888)
...

Portugal


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Portugal
Portogallo


Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me sentir
 como se tivesse oitocentos
Que culpa tive eu que D. Sebastião fosse combater os
  infiéis ao norte de África
só porque não podia combater a doença que lhe
  atacava os órgãos genitais
e nunca mais voltasse
Quase chego a pensar que é tudo uma mentira
que o Infante D. Henrique foi uma invenção do Walt Disney
e o Nuno Álvares Pereira uma reles imitação do
  Príncipe Valente
Portugal
Não imaginas o tesão que sinto quando ouço o hino
  nacional
(que os meus egrégios avós me perdoem)
Ontem estive a jogar poker com o velho do Restelo
Anda na consulta externa do Júlio de Matos
Deram-lhe uns electro-choques e está a recuperar
aparte o facto de agora me tentar convencer que nos
  espera um futuro de rosas
Portugal
Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver se
  contraía a febre do Império
mas a única coisa que consegui apanhar foi um
  resfriado
Virei a Torre do Tombo do avesso sem lograr encontrar
  uma pérola que fosse
das rosas que Gil Eanes trouxe do Bojador
Portugal
Vou contar-te uma coisa que nunca contei a ninguém
Sabes
Estou loucamente apaixonado por ti
Pergunto a mim mesmo
Como me pude apaixonar por um velho decrépito e
  idiota como tu
mas que tem o coração doce ainda mais doce que os
  pastéis de Tentugal
e o corpo cheio de pontos negros para poder espremer
  à minha vontade
Portugal estás a ouvir-me?
Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete Salazar
  estava no poder nada de ressentimentos
um dia bebi vinagre nada de ressentimentos
Portugal depois de ter salvo inúmeras vezes os Lusíadas
  a nado na piscina municipal de Braga
ia agora propor-te um projecto eminentemente nacional
Que fôssemos todos a Ceuta à procura do olho
  que Camões lá deixou
Portugal
Sabes de que cor são os meus olhos?
São castanhos como os da minha mãe
Portugal
gostava de te beijar muito apaixonadamente
na boca
Io ho ventidue anni e tu a volte mi fai sentire come se
  ne avessi ottocento
Che colpa ne avevo io se D. Sebastião andò a
  combattere gli infedeli nel nord dell’Africa
solo perché non poteva combattere la malattia che gli
  ammorbava gli organi genitali
e non fece mai ritorno
Arrivo persino a pensare che sia tutta una menzogna
che l’Infante D. Henrique fu un’invenzione di Walt Disney
e Nuno Álvares Pereira una squallida imitazione del
  Principe Valente
Portogallo
Non immagini l’eccitazione che provo quando sento l’inno
  nazionale
(che i miei augusti antenati mi perdonino)
Ieri ho giocato a poker con il vecchio del Restelo
Presso il gabinetto esterno di Júlio de Matos
Gli hanno fatto un paio di elettroshock e sta recuperando
a parte il fatto che ore sta tentando di convincermi che ci
  attende un futuro di rose
Portogallo
Un giorno mi sono chiuso nel Monastero dei Gerolamini
  per vedere se mi avrebbe contagiato la febbre dell’Impero
ma l’unica cosa che sono riuscito a prendere è stato un
  raffreddore
Ho capovolto la Torre del Tombo senza riuscire a trovare
  una perla che uscisse
dalle rose che Gil Eanes portò dal capo Bojador
Portogallo
Ti confiderò una cosa che non ho mai detto a nessuno
Sai
Sono follemente innamorato di te
Domando a me stesso
Come ho potuto innamorarmi di un vecchio decrepito e
  idiota come te
ma dal cuore dolce ancora più dolce dei pasticcini
  di Tentugal
e con il corpo pieno di punti neri da poter spremere
  a mio piacimento
Portogallo mi stai ad ascoltare?
Io sono nato nel millenovecentocinquantasette Salazar
  era al potere senza rancore
un giorno ho bevuto dell’aceto senza rancore
Portogallo dopo aver salvato innumerevoli volte i Lusiadi
  a nuoto nella piscina municipale di Braga,
vorrei ora proporti un piano eminentemente nazionale
Che andassimo tutti a Ceuta alla ricerca dell’occhio
  che Camões perse laggiù
Portogallo
Sai di che colore sono i miei occhi?
Sono castani come quelli di mia madre
Portogallo
mi piacerebbe baciarti molto appassionatamente
sulla bocca
________________

Santiago Ribeiro
Farfalle (2015)
...

Poema de amor


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Poema de amor
Poesia d’amore


esta noite sonhei oferecer-te o anel de Saturno
e quase ia morrendo com o receio de que não 
te coubesse no dedo
questa notte ho sognato di regalarti l’anello di Saturno
e stavo quasi morendo dalla paura che non 
ti s’infilasse al dito
________________

Bronzino
Eleonora Álvarez de Toledo y Osorio (1539)
...

Homenagem aos mortos da grande guerra


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Homenagem aos mortos da grande guerra
Omaggio ai morti della Grande Guerra


Uns caíram porque não tinham pernas
Outros caíram porque foram empurrados
Outros ainda caíram porque tinham de cair
Eu cheguei atrasado como sempre
(quase duas décadas depois)
E só tive tempo para enxugar os olhos
Alcuni caddero perché non avevano gambe
Altri caddero perché erano stati spintonati
Altri ancora caddero perché dovevano cadere
Io arrivai in ritardo come sempre
(quasi due decadi dopo)
Ed ebbi solo il tempo di asciugarmi gli occhi
________________

Otto Dix
Mutilati di guerra (1920)
...

Carta de Amor


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Carta de Amor
Lettera d’amore


   A Eugénio de Andrade

Um dia destes
vou-te matar
Uma manhã qualquer em que estejas (como de costume)
a medir o tesão das flores
ali no jardim de S. Lázaro
um tiro de pistola e...
Não te vou dar tempo sequer de me fixares o rosto
Podes invocar Safo, Cavafy ou S. João da Cruz
todos os poetas celestiais
que ninguém te virá acudir
Comprometidos definitivamente os teus planos de
 eternidade

Adeus pois mares de Setembro e dunas de Fão
Um dia destes vou-te matar...
Uma certeira bala de pólen
mesmo sobre o coração
   A Eugénio de Andrade

Uno di questi giorni
ti ucciderò
Una mattina qualunque in cui tu stia (come al solito)
misurando l’erezione dei fiori
lì nel giardino di S. Lazzaro
un colpo di pistola e...
Non voglio darti neanche il tempo di fissarmi in viso
Puoi anche invocare Saffo, Kavafis o S. João da Cruz
tutti i poeti celestiali
ma nessuno ti verrà in aiuto
Definitivamente compromessi i tuoi progetti per
 l’eternità

Addio dunque mari di settembre e dune di Fão
Uno di questi giorni ti ucciderò...
Una precisa pallottola di polline
proprio sopra il cuore
________________

Ilya Repin
Duello tra Onegin e Lenski (1899)
...

A erva da fortuna


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A erva da fortuna
L’erba della fortuna


A erva da fortuna cresce como por encanto nas orelhas
dos políticos, o primeiro ministro proclama a amnistia
para os cucos dos relógios, o degelo nas relações inter-
nacionais restabelece o nível das águas nas albufeiras,
o ministro da energia esfrega as mãos de contente.
Embora o boletim meteorológico seja controlado pelo
governo, nuvens cor de chumbo toldam frequentemente
o horizonte, os pescadores de águas turvas procuram o
alto mar, uma chuva de impostos cai de imprevisto ah
a chuva na primavera, escrevem os poetas.
 
As andorinhas podem passar livremente a fronteira. Os
polícias oferecem grinaldas aos condutores de veículos
mal estacionados. O cio invade a assembleia. Os depu-
tados bombardeiam-se com pólen. Um nostálgico do
outono argumenta: a primavera de Praga também foi
de lagartas nas estradas.
L’erba della fortuna cresce come per incanto nelle orecchie
dei politici, il primo ministro proclama l’amnistia
per i cucù degli orologi, il disgelo nelle relazioni inter-
nazionali riequilibra il livello delle acque nelle lagune,
il ministro dell’energia si sfrega le mani per la gioia.
Benché il bollettino meteorologico sia controllato dal
governo, nuvole plumbee adombrano frequentemente
l’orizzonte, i pescatori d’acque torbide vanno a cercare
l’alto mare, una pioggia di tributi cade inaspettata ah
la pioggia in primavera, scrivono i poeti.
 
Le rondini possono varcare liberamente la frontiera. I
gendarmi offrono ghirlande ai conducenti di veicoli
parcheggiati male. L’estro invade l’assemblea. I depu-
tati si bombardano di polline. Un nostalgico dell’
autunno argomenta: anche nella primavera di Praga si videro
bruchi per le strade.
________________

Keith Haring
Senza titolo (1978-1980)
...

3 AM


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Plano para salvar Veneza (1981) »»
 
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3 AM
3 AM


Mãe
Não consigo adormecer
Já experimentei tudo. Até contar carneirinhos
Não consigo adormecer
Nem chorar
(Que maior tragédia poderá acontecer a um homem do
  que a de já não ser capaz de chorar?)

Mãe
Sabias que o cordão umbilical pode funcionar como uma
  corda num enforcamento?
— tenho aprendido coisas bem singulares neste convívio
  com os deuses —
Um dia destes regressarei a Tebas para ser coroado
Reservei hoje mesmo um lugar num avião das Linhas
  Aéreas Gregas
Gostaria de brindar contigo com uma taça de orvalho
 antes de partir

Mãe
Detesto coberturas de açúcar mesmo que levem limão
Isto é tão certo como o é tu não me compreenderes
Estava a sonhar que estava a sonhar e assim por aí
  adiante até ao infinito.
Depois
acordei. E fui descendo vertiginosamente de sonho para
  sonho
Ainda não parei de acordar. E de sonhar

Mãe
Tenho uma surpresa para ti
um caramanchão para que te possas sentar todas as
  tardes a catar estrelas
na minha cabeça

Mãe
Abriu um concurso para preencher uma vaga de
  ascensorista no Paraíso e eu concorri
Achas que tenho alguma hipótese de ser admitido?
— tenho a boca cheia de formigas —

Mãe
um dia hei-de subir contigo
degrau
a degrau
o arco-íris
Mamma
Non riesco ad addormentarmi
Ho già provato di tutto. Persino a contare le pecore
Non riesco ad addormentarmi
Né a piangere
(Potrà forse capitare ad un uomo una tragedia peggiore che
 non essere più capace di piangere?)

Mamma
Sapevi che il cordone ombelicale può funzionare come
 una corda in un’impiccagione?
— ho imparato cose ben strane in questo convivio
 con gli dei —
Uno di questi giorni ritornerò a Tebe per essere incoronato
Ho prenotato proprio oggi un posto su un aereo delle Linee
 Aeree Greche
Mi piacerebbe brindare con te con una coppa di rugiada
 prima di partire

Mamma
Detesto la glassa di zucchero anche quella al gusto di limone
Questo è certo come lo è il fatto che tu non mi capisci
Stavo sognando che stavo sognando e così avanti fino
 all’infinito.
Poi
mi sono svegliato. E sono ridisceso vertiginosamente di
 sogno in sogno
Ancora non ho smesso di svegliarmi. E di sognare

Mamma
Ho una sorpresa per te
un pergolato perché tu possa sederti tutte le sere a
  cogliere stelle
sulla mia testa

Mamma
Hanno indetto un concorso per occupare un posto di
 ascensorista in Paradiso e io mi sono iscritto
Pensi che ci sia qualche possibilità d’essere ammesso?
— ho la bocca piena di formiche —

Mamma
un giorno mi toccherà salire con te
gradino
a gradino
sull’arcobaleno
________________

Γιάννης Ψυχοπαίδης (Giannis Psychopaidès)
Senza titolo (1966)
...

Palavras aladas


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Porventura (2012) »»
 
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Palavras aladas
Parole alate


Os juramentos que nos juramos
entrelaçados naquela cama
seriam traídos, se lembrados
hoje. Eram palavras aladas

e faladas não para ficar
mas, encantadas, voar. Faziam
parte das carícias que por lá
sopramos: brisas afrodisíacas

ao pé do ouvido, jamais contratos.
Esqueçamo-las, pois, dentre os atos
da língua, houve outros mais convincentes

e ardentes sobre os lençóis. Que esses,
em futuras noites, em vislumbres
de lembranças, sempre nos deslumbrem.
I giuramenti che ci siamo giurati
strettamente allacciati in quell’alcova
sarebbero traditi, se li rievocassimo
oggi. Erano parole alate

e pronunciate non per rimanere
ma, trasognate, volare. Erano parte
di quelle tenerezze, che noi
sussurravamo: afflati afrodisiaci

detti all’orecchio: mai furono contratti.
Scordiamole, perché, oltre agli atti
della lingua, altri ce n’erano più convincenti

e ardenti tra le lenzuola. Possano questi,
in notti future, nel balenare
dei ricordi, sempre ridarci calore.
________________

Domenico Gnoli
L'inverno - coppia a letto (1967)
...

Andamos ainda com as máscaras...


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Poesie inedite »»
nunorochamorais.blogspot.com (aprile 2023) »»
 
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Andamos ainda com as máscaras...
Andiamo ancora con le maschere...


Andamos ainda com as máscaras da liberdade
Que a sombra teceu para nós
E consumimos ainda sonhos ancorados
As estrelas foram dependuradas nos tectos
Os punhos foram decepados
Os passos mais ousados encarcerados nos canis e
 abatidos
 
Depois foram as notas do tambor roubadas
Aquelas notas verdes e rodopiantes
Que algumas mãos de noite enterraram no silêncio dos
 tímpanos

E o sangue que chegou ao coração
Trouxe ordens impressas
As pombas viram as suas asas transparentes
Substituídas por ossos negros
E na vida abriu-se um sorriso que durasse 
Com um estilete
Andiamo ancora con le maschere della libertà
Che l’ombra ha tessuto per noi
E ci nutriamo ancora di sogni tenaci
Le stelle vennero appese ai soffitti
I pugni furono mutilati
I passi più temerari ingabbiati nei canili e
 abbattuti
 
Poi furono rubate le note del tamburo
Quelle note verdi e vorticanti
Che certe mani di notte seppellirono nel silenzio dei
 timpani

E il sangue che arrivò al cuore
Portò ordini stampati
Le colombe videro le proprie ali trasparenti
Sostituite da ossa nere
E nella vita, perché un sorriso durasse, lo si aprì
Con una stilettata
________________

Sergio Michilini
Apocalisse di San Giovanni (1980)
...

O fim da vida


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O fim da vida
La fine della vita


Conhece da humana lida
a sorte:
 
o único fim da vida
é a morte
e não há, depois da morte,
mais nada.
Eis o que torna esta vida
sagrada:
 
ela é tudo e o resto, nada.
Accetta dell’umana lotta
la sorte:
 
l’unica fine della vita
è la morte
e non c’è, dopo la morte,
più niente.
Ecco ciò che rende questa vita
sacrosanta:
 
essa è tutto e quel che resta, niente.
________________

Gianfranco Ferroni
Cranio equino e bottiglia (1998)
...

Na praia


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Na praia
Sulla spiaggia


Na praia –- parece que foi ontem --
ficávamos dentro d’água eu,
Roberto, Ibinho, Roberto Fontes
e Vinícius, a água era um céu,
e voávamos nas ondas trans-
parentes, deslizantes, do azul
mais profundo do fundo ciã
do oceano Atlântico do sul.
Mas era outro século: Roberto
morreu, morreu Vinícius, Roberto
Fontes quase nunca vejo, e Ibinho
casou e mudou. Já não procuro
o azul. Os mares em que mergulho
são os homéricos, cor de vinho.
Sulla spiaggia –- ormai mi sembra ieri --
ci buttavamo in acqua, io,
Roberto, Ibinho, Roberto Fontes
e Vinícius, l’acqua era un cielo,
e volavamo su onde trans-
parenti, oscillanti, d’un azzurro
più profondo del fondo blu
dell’oceano Atlantico del sud.
Ma era un altro secolo: Roberto
è morto, è morto Vinícius, Roberto
Fontes di rado lo vedo, e Ibinho,
da sposato, è cambiato. Più non cerco
il blu. I mari in cui m’immergo
son quelli omerici, color del vino.
________________

David Park
Bagnanti (1954)
...

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