Duma outra infância inventada...


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Duma outra infância inventada...
Di un’altra infanzia inventata...


Duma outra infância inventada,
Guardo memórias que são
Reais reversos do nada

Que as verdadeiras me dão.
Estas, se acaso regressam,
Em tropel e confusão

Ao limiar-me, tropeçam
No corpo das que lá estão.
Assim mentindo as raízes

Do meu confuso começo,
Segrego imagens felizes
Com que as funestas esqueço.
Di un’altra infanzia inventata,
Conservo memorie che sono
L’esatto opposto del nulla

Che quelle vere mi danno.
Queste, se per caso ritornano,
In concitato disordine

Varcando la soglia, incappano
Nel corpo di quelle che sono già là.
Perciò mentendo sulle radici

Dei miei confusi primordi,
Preservo le immagini felici
E dimentico i tristi ricordi.
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Jan van Steen
Scuola di paese (1660)
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Do campo dos mortos...


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Do campo dos mortos...
Dal campo dei morti...


Do campo dos mortos
Em terra estrangeira
Por onde passámos
Absortos os dois,
Saímos ilesos de melancolia,
Por irmos tão vivos, tão livres
E juntos os dois.
Em vão sobre as campas
Dos mortos estrangeiros
Visível olvido
Na terra sem rosas votivas
Chamava por nós.
Nós íamos indo,
Felizes, felizes,
E o ventre da terra
Sonhava raízes
À volta de nós.
Nós íamos indo
Na hora que, breve, passava,
Vivendo-a sòmente.
E a nossa presença encarnava
No campo dos mortos em terra estrangeira
- Passado, passado -
O presente.
Dal campo dei morti
In terra straniera
Per dove passammo
Entrambi assorti,
Indenni uscimmo dalla malinconia,
Poiché entrambi eravamo
Così vivi e liberi e uniti.
Invano sopra le tombe
Dei morti stranieri
Un palese oblio
In terra senza rose votive
Chiedeva di noi.
Noi avanti andavamo,
Felici, felici,
E il cuor della terra
Sognava radici
Tutt’intorno a noi.
Noi avanti andavamo
Nel tempo che, fugace, passava,
Vivendolo semplicemente.
E nel campo dei morti in terra straniera
- Passato, passato -
La nostra presenza incarnava
Il presente.
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Edouard Vallotton
Il cimitero militare di Châlons (1917)
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Desde quando alguma vez anoiteceu...


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Desde quando alguma vez anoiteceu...
Da quando quella volta fece notte...


Desde quando alguma vez anoiteceu
E à angústia de que a terra se cobriu
Só pasmo nas esferas respondeu;

Desde quando alguma flor emurcheceu
E a criança que válida se ria
De repente calada apodreceu;

Desde quando a algum estio sucedeu
Um outro outono e a árvore se despiu
E a primeira cabeça encaneceu;

Desde quando alguma coisa que nasceu
Sem que o pedisse, sem remédio se degrada
E acaba, sob a terra que a comeu,

Dispersa entre os átomos dispersos,
Se acumula a tristeza deste dia
E a razão destes versos.
Da quando quella volta fece notte
E all’angoscia di cui la terra si coprì
Solo terrore dalle sfere riecheggiò;

Da quando quel fiore è appassito
Ed il bimbo che florido rideva
Tacitamente d’un tratto è imputridito;

Da quando ad un’estate s’è avvicendato
Un altro autunno e l’albero s’è spogliato
E la prima chioma è incanutita;

Da quando una cosa ch’era attecchita
Senza chiederlo, senza rimedio s’è degradata
Ed è finita sotto la terra che se l’è ingoiata,

Dispersa in mezzo agli atomi dispersi,
S’è accumulata la tristezza odierna
E la ragione di questi versi.
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Mario Ceroli
Acqua alla gola (1998)
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Como dói o ignorado humano...


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Como dói o ignorado humano...
Come ferisce l’umana insipienza...


Como dói o ignorado humano.
Vou, então, procurar
Algo semelhante a ternura:
O vapor de um chá,
A lembrança de um papel antigo no bolso,
O que resta de vento lá fora.
Um mar sem praias ou precedentes,
Viagem pura, amor sem margem,
Corrente que mergulha na água esgotada.

Come ferisce l’umana insipienza.
Andrò, dunque, in cerca
Di qualcosa che somigli alla dolcezza:
Il vapore di un tè,
Il ricordo d’un vecchio bigliettino in tasca,
Quel che resta del vento là fuori.
Un mare senza spiagge o senza precedenti,
Viaggio puro, amore senza limiti,
Corrente che sfocia dove l’acqua è esaurita.

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Oswaldo Guayasamín
Meditazione (1970)
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Deixai os doidos governar entre comparsas...


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Deixai os doidos governar entre comparsas...
Lasciate che i folli comandino tra comparse...


Deixai os doidos governar entre comparsas!
Deixai-os declamar dos seus balcões
Sobre as praças desertas!
Deixai as frases odiosas que eles disserem,
Como morcegos à luz do Sol,
Atónitas baterem de parede em parede,
Até morrerem no ar
Que as não ouviu
Nem percutiu
À distância da multidão que partiu!
Deixai-os gritar pelos salões vazios,
Eles, os portentosos mais que os mares,
Eles, os caudalosos mais que os rios,
O medo de estar sós
Entre os milhares
De esgares
Reflectidos nos colossais
Cristais
Hílares
Que a sua grandeza lhes sonhou!
Lasciate che i folli comandino tra comparse!
Lasciateli declamare dai loro balconi
Davanti a piazze deserte!
Lasciate che le frasi odiose che direbbero,
Come pipistrelli alla luce del sole,
Sbattano attonite di parete in parete,
Andando a morire nell’aria
Che non le ha udite
Né le ha riverberate
Verso la moltitudine che ha preso le distanze.
Lasciate che gridino per i saloni vuoti,
Loro, più prodigiosi dei mari,
Loro, più impetuosi dei fiumi,
La paura di rimanere soli
Tra le migliaia
Di spettri
Riflessi nei colossali
Cristalli
Ilari
Nati dai loro deliri di grandezza!
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Friedrich Dürrenmatt
Apocalisse IV (1968)
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