Não me demoro, prometo...


Nome :
 
Collezione :
Fonte :
Pubblicazione:
 
Altra traduzione :
Nuno Rocha Morais »»
 
Poesie inedite »»
nunorochamorais.blogspot.com (febbraio 2021) »»
Poemas dos dias (2022) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Não me demoro, prometo...
Non andrò per le lunghe, prometto...


Não me demoro, prometo:
Há, afinal, tantos indícios
De que também o mundo tem pressa,
Tanto vento a levar o dia
Numa respiração desesperada
Com sacos plásticos e folhas e cabelos.
Afinal, como poderia eu ficar,
Se todos os dias há algo mais,
Um pouco mais, do coração
Que é arrastado pela corrente,
Cobrado pela erosão?
Educaram-me a nunca pecar
Pela presença em excesso,
A fazer-me escasso ou invisível
Antes de me tornar indesejável.
Mas será possível que seja
O amor a indesejar-nos?
Sem dúvida, até essas mãos que nos quiseram tanto,
Que queriam agarrar-nos a alma
Com todo o tipo de sortilégios tácteis,
Mãos de dedos alciónicos
Que pareceram prometer tempo,
Calmaria, bonança,
Até esses começam a suar de tédio,
E inventam desculpas para serem livres
E eu prometi sempre que não me demorava.

Non andrò per le lunghe, prometto:
Del resto, ci sono già tanti segnali
Che anche il mondo ha fretta,
Tanto vento che sospinge il giorno
Con folate disperate
Insieme a sacchi di plastica, foglie e capelli.
Del resto, come potrei io restare,
Se ogni giorno c’è qualcosa di più,
Un po’ di più, di cuore
Che viene trascinato via dalla corrente,
Preda dell’erosione?
M’hanno educato a non peccare mai
Con un eccesso di presenza,
A farmi piccino o invisibile
Piuttosto che rendermi fastidioso.
Ma sarà possibile che sia
L’amore a renderci sgraditi?
Senza dubbio, finché quelle mani che ci han tanto voluto,
Che avrebbero voluto aggrapparsi alla nostra anima
Con ogni tipo d’incantesimo tattile,
Mani dalle dita d’alcione
Che parevano promettere tempo,
Calma, bonaccia,
Finché poi cominciano a sudare di noia,
E inventano scuse per essere libere
E io ho sempre promesso di non dilungarmi.

________________

Philippe Marlats
Alcione (2017)
...

Solitário


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Solitário
Solitario


Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
— Velho caixão a carregar destroços —

Levando apenas na tumbal carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!

Come un fantasma che si rifugia
Nella solitudine della natura morta,
Dietro gli ermi tumuli, un giorno,
Io venni a rifugiarmi alla tua porta!

Faceva freddo e il freddo che faceva
Non era quello che la carne conforta…
Era tagliente come in macelleria
È tagliente l’acciaio dei coltelli!

Ma tu non venisti a veder la mia Disgrazia!
Ed io fuggii, come chi tutto repelle,
—Vecchia bara ricolma di sconquassi —

Portando appena nella tombal carcassa
L’inquietante pergamena della pelle
E il sinistro tintinnare delle ossa!

________________

Mimmo Paladino
Dormienti (1999)
...

Solilóquio de um visionário


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Solilóquio de um visionário
Soliloquio di un visionario


Para desvirginar o labirinto
Do velho e metafísico Mistério,
Comi meus olhos crus no cemitério,
Numa antropofagia de faminto!

A digestão desse manjar funéreo
Tornado sangue transformou-me o instinto
De humanas impressões visuais que eu sinto,
Nas divinas visões do íncole etéreo!

Vestido de hidrogênio incandescente,
Vaguei um século, improficuamente,
Pelas monotonias siderais...

Subi talvez às máximas alturas,
Mas, se hoje volto assim, com a alma às escuras,
É necessário que inda eu suba mais!

Per poter sverginare il labirinto
Del vecchio e metafisico Mistero,
Ho ingoiato i miei occhi vivi al cimitero,
Da una vorace antropofagia sospinto!

La digestione di questo cibo funereo,
Mutato in sangue, trasformò quell’istinto
D’umane impressioni visive che io sento,
Nelle divine visioni d’un abitante etereo!

Tutto cinto d’idrogeno incandescente,
Vagai per un secolo, infruttuosamente,
Lungo la siderale uniformità...

Forse salii al massimo apogeo,
Ma, se oggi mi ritrovo così, con l’anima al buio,
È necessario che ancor torni a salir lassù!

________________

Pieter Bruegel il Vecchio
La parabola del cieco che conduce il cieco (dettaglio) (1568)
...

Ricordanza della mia gioventù


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Ricordanza della mia gioventù
Ricordanza della mia gioventù


A minha ama-de-leite Guilhermina
Furtava as moedas que o Doutor me dava.
Sinhá-Mocinha, minha Mãe, ralhava...
Via naquilo a minha própria ruína!

Minha ama, então, hipócrita, afetava
Suscetibilidade de menina:
"- Não, não fora ela!-" E maldizia a sina,
Que ela absolutamente não furtava.

Vejo, entretanto, agora, em minha cama,
Que a mim somente cabe o furto feito...
Tu só furtaste a moeda, o ouro que brilha.

Furtaste a moeda só, mas eu, minha ama,
Eu furtei mais, porque furtei o peito
Que dava leite para a tua filha!

La mia cara balia Guglielmina
Rubava le monete che il Dottor mi dava.
La sua padrona, mia Madre, s’infuriava...
In quell’atto vedeva la mia stessa rovina!

Allora la mia balia, ipocrita, fingeva
La permalosità di una bambina:
“No, non era stata lei -” triste meschina -
Perché lei in assoluto non rubava.

M’accorgo solo ora che non ci fu ruberia,
Che solo io fui reo del furto fatto...
Tu soltanto rubasti la lucente monetina.

Tu rubasti soltanto la moneta, balia mia,
Ma io rubai molto di più, io ti rubai il petto
Che dava il latte per la tua piccolina!

________________

Lucílio de Albuquerque
Balia negra (1912)
...

Queixas noturnas


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Queixas noturnas
Lamentazioni notturne


Quem foi que viu a minha Dor chorando?!
Saio. Minh'alma sai agoniada.
Andam monstros sombrios pela estrada
E pela estrada, entre estes monstros, ando!

Não trago sobre a túnica fingida
As insígnias medonhas do infeliz
Como os falsos mendigos de Paris
Na atra rua de Santa Margarida.

O quadro de aflições que me consomem
O próprio Pedro Américo não pinta...
Para pintá-lo, era preciso a tinta
Feita de todos os tormentos do homem!

Como um ladrão sentado numa ponte
Espera alguém, armado de arcabuz,
Na ânsia incoercível de roubar a luz,
Estou á espera de que o Sol desponte!

Bati nas pedras dum tormento rude
E a minha mágoa de hoje é tão intensa
Que eu penso que a Alegria é uma doença
E a Tristeza é minha única saúde.

As minhas roupas, quero até rompê-las!
Quero, arrancado das prisões carnais.
Viver na luz dos astros imortais,
Abraçado com todas as estrelas!

A Noite vai crescendo apavorante
E dentro do meu peito, no combate,
A Eternidade esmagadora bate
Numa dilatação exorbitante!

E eu luto contra a universal grandeza
Na mais terrível desesperação
É a luta, é o prélio enorme, é a rebelião
Da criatura contra a natureza!

Para essas lutas uma vida é pouca
Inda mesmo que os músculos se esforcem;
Os pobres braços do mortal se torcem
E o sangue jorra, em coalhos, pela boca.

E muitas vezes a agonia é tanta
Que, rolando dos últimos degraus,
O Hércules treme e vai tombar no caos
De onde seu corpo nunca mais levanta!

É natural que esse Hércules se estorça,
E tombe para sempre nessas lutas,
Estrangulado pelas rodas brutas
Do mecanismo que tiver mais força.

Ah! Por todos os séculos vindouros
Há de travar-se essa batalha vã
Do dia de hoje contra o de amanhã,
Igual á luta dos cristãos e mouros!

Sobre histórias de amor o interrogar-me
E vão, é inútil, é improfícuo, em suma;
Não sou capaz de amar mulher alguma
Nem há mulher talvez capaz de amar-me.

O amor tem favos e tem caldos quentes
E ao mesmo tempo que faz bem, faz mal;
O coração do Poeta é um hospital
Onde morreram todos os doentes.

Hoje é amargo tudo quanto eu gosto;
A bênção matutina que recebo...
E é tudo: o pão que como, a água que bebo,
O velho tamarindo a que me encosto!

Vou enterrar agora a harpa boêmia
Na atra e assombrosa solidão feroz
Onde não cheguem o eco duma voz
E o grito desvairado da blasfêmia!

Que dentro de minh'alma americana
Não mais palpite o coração - esta arca,
Este relógio trágico que marca
Todos os atos da tragédia humana!

Seja esta minha queixa derradeira
Cantada sobre o túmulo de Orfeu;
Seja este, enfim, o último canto meu
Por esta grande noite brasileira!

Melancolia! Estende-me a tu'asa!
És a árvore em que devo reclinar-me...
Se algum dia o Prazer vier procurar-me
Dize a este monstro que eu fugi de casa!

Chi fu che vide il mio Dolore in pianto?!
Vado via. Se ne va l’anima mia angosciata.
Vagano immondi mostri per la strada
E sulla strada, fra questi mostri, io vago!
 
Non porto sopra la tunica esibita
Gli odiosi simboli di chi è infelice
Come i falsi mendicanti di Parigi
Nella via tetra di Santa Margherita.
 
Il quadro delle afflizioni che mi consumano
Neppur Pedro Américo lo saprebbe effigiare...
Per dipingerlo, occorrerebbe un colore
Composto dai tormenti d’ogni uomo!
 
Come un ladro seduto sopra un ponte
Aspettando qualcuno, armato di fucile,
Con l’incoercibile brama di rubar la luce,
Io me ne sto qui in attesa che spunti il Sole!
 
Ho battuto le vie lastricate d'un tormento rude
Ed oggi il mio dolore è così gagliardo
Che son convinto che la Gioia sia un morbo
E che la Tristezza sia la mia unica salute.
 
Le mie vesti, tutte io vorrei stracciarle!
Vorrei esser strappato dalle prigioni carnali,
Vivere alla luce degli astri immortali,
Stando abbracciato a tutte le stelle!
 
La Notte va crescendo, allucinante
E dentro il mio petto, in ogni fibra,
L'Eternità, macroscopica, vibra
In una dilatazione esorbitante!
 
Ed io lotto contro l'universale dismisura
Nella più terribile disperazione...
È la lotta, è la disputa enorme, è la ribellione
Della creatura contro la natura!
 
Per queste lotte, una vita è poca
Ancorché tutti i muscoli si sforzino;
Le povere braccia d’un mortale si torcano
Ed esca sangue, in coaguli, dalla bocca.
 
E molto spesso l'afflizione è tale
Che, rotolando giù dagli ultimi gradini,
Ercole tremi e in mezzo al caos piombi
Senza che il suo corpo si possa più rialzare!
 
Naturalmente questo Ercole si sforza,
Ma per sempre ricade in queste pugne,
Strangolato da brutali congegni
D'un meccanismo della massima forza.
 
Ah! Per tutti i secoli venturi
Si dovrà affrontar questa battaglia vana
Del giorno odierno contro quello di domani,
Simile alla lotta dei cristiani contro i mori!
 
Quanto alle storie d'amore, l’interrogarmi
È vano, è inutile, infruttuoso insomma;
Non son capace d'amare alcuna donna
Né forse v’è donna capace d’amarmi.
 
L'amore ha favi di miele e umori caldi
E mentre fa del bene, fa anche male;
Il cuore del Poeta é un ospedale
In cui son morti tutti gli ammalati.
 
Oggi, m’è amaro tutto ciò che assaggio;
La benedizione mattutina che ricevo...
Ed è tutto: il pane che mangio, l'acqua che bevo,
Il vecchio tamarindo a cui m’appoggio!
 
Ora seppellirò l’arpa boema
Nell’orrida e cupa solitudine feroce
Là ove non giunga l’eco d’una voce
Né il folle grido della blasfemia!
 
Che nell’anima Mia americana
Non palpiti più il cuore – quest’arca,
Questo orologio tragico che marca
Tutte le azioni della tragedia umana!
 
Che sia questa mia l’ultima lamentazione
Cantata sopra la tomba d'Orfeo;
Che sia questo, infine, l’ultimo canto mio
Per questa grande notte brasiliana!
 
Malinconia! Stendi su di me la tua ala!
Tu sei l’albero a cui devo accostarmi...
E se un giorno il Piacere venisse a cercarmi
Dì a questo mostro ch’io son fuggito di casa!

________________

Alexandre Séon
Il lamento di Orfeo (1896)
...

Psicologia de um vencido


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Psicologia de um vencido
Psicologia di un vinto


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênces da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Io, figlio del carbonio e di sali ammoniacali,
Mostro d’oscurità e di fulgidezza,
Soffro, fin dall'epigenesi dell'infanzia,
L'avverso influsso dei segni zodiacali.

Profondissimamente ipocondriaco,
Per quest'ambiente provo ripugnanza...
Mi sale alla bocca un'ansia simile all’ansia
Che sfugge dalla bocca di un cardiopatico.

Di certo il verme - questo lavoratore di rovine -
Che il sangue infetto delle carneficine
Trangugia, e suole alla vita far la guerra,

Viene a spiare i miei occhi per mangiarli,
E finirà per lasciarmi solamente i capelli,
Nell'inorganica indifferenza della terra!

________________

Theodore Gericault
L'annegato (studio per La zattera della Medusa, 1819)
...

Os doentes - I


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Os doentes - I
I malati - I


Como uma cascavel que se enroscava,
A cidade dos lázaros dormia...
Somente, na metrópole vazia,
Minha cabeça autônoma pensava!

Mordia-me a obsessão má de que havia,
Sob os meus pés, na terra onde eu pisava,
Um fígado doente que sangrava
E uma garganta de órfã que gemia!

Tentava compreender com as conceptivas
Funções do encéfalo as substâncias vivas
Que nem Spencer, nem Haeckel compreenderam...

E via em mim, coberto de desgraças,
O resultado de bilhões de raças
Que há muitos anos desapareceram!

Come un crotalo che s’attorcigliava,
La città dei lebbrosi dormiva...
E da sola, nella metropoli svuotata,
La mia mente, autonoma, pensava!

Una maligna ossessione mi perseguitava,
Che sotto i miei piedi, sul suol che calpestavo,
Ci fosse un fegato malato che sanguinava
E la gola d’un orfano che piangeva!

Tentavo di comprendere con le speculative
Funzioni dell’encefalo le sostanze vive
Che né Spencer né Haeckel avevano capito...

E vedevo in me, coperto di disgrazie,
Il risultato di miliardi di razze
Ormai scomparse in un tempo remoto!

________________

Bonaventura Berlinghieri
San Francesco assiste i lebbrosi (1235)
...

O Mar, a Escada e o Homem


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


O Mar, a Escada e o Homem
Il Mare, la Scala e l’Uomo


"Olha agora, mamífero inferior,
"À luz da epicurista ataraxia,
"O fracasso de tua geografia
"E do teu escafandro esmiuçador!

"Ah! Jamais saberás ser superior,
"Homem, a mim, conquanto ainda hoje em dia,
"Com a ampla hélice auxiliar com que outrora ia
"Voando ao vento o vastíssimo vapor.

"Rasgue a água hórrida a nau árdega e singre-me!"
E a verticalidade da Escada íngreme:
"Homem, já transpuseste os meus degraus?!"

E Augusto, o Hércules, o Homem, aos soluços,
Ouvindo a Escada e o Mar, caiu de bruços
No pandemônio aterrador do Caos!

“Osserva ora, mammifero inferiore,
“Alla luce dell'epicurea atarassia,
“Il fallimento della tua geografia
“E del tuo scafandro da ricercatore!
 
“Ah! Giammai saprai esser superiore,
“A me, Uomo, sebbene ancora al giorno d’oggi,
“Con l’ampia elica ausiliaria d’allora veleggi,
“Volando al vento, il gigantesco vapore.
 
“Solchi l’acqua ostile l’ardita nave e mi fenda!»
E la verticalità della Scala a piombo:
“Uomo, tu i miei gradini hai già oltrepassato?!»
 
E Augusto, l’Ercole, l'Uomo, in pianto,
Udendo la Scala e il Mar, cadde giù affranto
Nel pandemonio di quel Caos forsennato!

________________

Jean de Bologne, detto Giambologna
Ercole e il Centauro Nesso (1599)
...

O Deus-Verme


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


O Deus-Verme
Il Dio Verme


Fator universal do transformismo.
Filho da teleológica matéria,
Na superabundância ou na miséria,
Verme - é o seu nome obscuro de batismo.

Jamais emprega o acérrimo exorcismo
Em sua diária ocupação funérea,
E vive em contubérnio com a bactéria,
Livre das roupas do antropomorfismo.

Almoça a podridão das drupas agras,
Janta hidrópicos, rói vísceras magras
E dos defuntos novos incha a mão...

Ah! Para ele é que a carne podre fica,
E no inventário da matéria rica
Cabe aos seus filhos a maior porção!

Fattore universale di trasformismo.
Figlio della teleologica materia,
Nella sovrabbondanza o nella miseria,
Verme - è il suo oscuro nome di battesimo.

Non adopera mai l’implacabile esorcismo
Nella sua quotidiana attività mortuaria,
E la sua esistenza condivide col batterio,
Libero dai costumi dell’antropomorfismo.

Pranza col marciume delle drupe agre,
Cena con idropici, rode viscere magre
E dei nuovi defunti gonfia le mani...

Ah! È per lui che la carne putrida avanza,
E nell’elenco della materia ricca di sostanza
Vanno ai suoi figli le più grosse porzioni!

________________

Damien Hirst
Bust of the Collector (2017)
...

O Caixão Fantástico


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


O Caixão Fantástico
Il feretro fantastico


Célere ia o caixão, e, nele, inclusas,
Cinzas, caixas cranianas, cartilagens
Oriundas, como os sonhos dos selvagens,
De aberratórias abstrações abstrusas!

Nesse caixão iam talvez as Musas,
Talvez meu Pai! Hoffmânnicas visagens
Enchiam meu encéfalo de imagens
As mais contraditórias e confusas!

A energia monística do Mundo,
À meia-noite, penetrava fundo
No meu fenomenal cérebro cheio...

Era tarde! Fazia muito frio.
Na rua apenas o caixão sombrio
Ia continuando o seu passeio!

Rapido andava il feretro e, in esso, incluse,
Ceneri, scatole craniche, cartilagini
Provenienti, come i sogni dei selvaggi,
Da aberranti astrazioni astruse!
 
In questo feretro c’erano forse le Muse,
O forse mio padre! Volti hoffmanniani
Riempivano il mio encefalo di immagini,
Le più contraddittorie e le più confuse!
 
L’energia monistica del Mondo,
A mezzanotte, penetrava a fondo
Nel mio cervello immerso in cogitazione...
 
Era tardi! Il freddo era assai pungente.
Solo per la via il feretro agghiacciante
Proseguiva la sua peregrinazione!

________________

Paul Cézanne
Piramide di teschi (1898-1900)
...

Idealisação da ⁠⁠Humanidade Futura


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Idealisação da ⁠⁠Humanidade Futura
Idealizzazione dell’umanità futura


Rugia nos meus centros cerebrais
A multidão dos seculos futuros
— Homens que a herança de impetos impuros
Tornára ethnicamente irracionaes! —
 
Não sei que livro, em lettras garrafaes,
Meus olhos liam! No humus dos monturos,
Realisavam-se os partos mais obscuros,
Dentre as genealogias animaes!
 
Como quem esmigálha protozoarios
Meti todos os dedos mercenarios
Na consciencia daquella multidão...
 
E, em vez de achar a luz que os Céus inflama,
Somente achei moléculas de lama
E a mosca alegre da putrefacção!

Ruggiva nei miei centri cerebrali
La moltitudine dei secoli futuri
— Uomini che l’eredità di slanci impuri
Renderà etnicamente irrazionali! —
 
Non so che libro, a lettere cubitali,
Han letto i miei occhi! Nell’humus di letamai
Si verificavano i parti più oscuri,
Nell’ambito delle genealogie animali!
 
Come se dei protozoi io calpestassi
Tutte le dita mercenarie ho messo
Nella coscienza di quella moltitudine...
 
E, invece di trovare la luce che i Cieli infiamma,
Ho trovato soltanto molecole di melma
E la festante mosca della putredine!

________________

Jan Fabre
Totem (2016)
...

Contrastes


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Contrastes
Contrasti


A antítese do novo e do obsoleto,
O Amor e a Paz, o Ódio e a Carnificina,
O que o homem ama e o que o homem abomina,
Tudo convém para o homem ser completo!

O ângulo obtuso, pois, e o ângulo reto,
Uma feição humana e outra divina
São como a eximenina e a endimenina
Que servem ambas para o mesmo feto!

Eu sei tudo isto mais do que o Eclesiastes!
Por justaposição destes contrastes,
Junta-se um hemisfério a outro hemisfério,

Às alegrias juntam-se as tristezas,
E o carpinteiro que fabrica as mesas
Faz também os caixões do cemitério!...

L'antitesi tra nuovo e obsoleto,
Tra Amore e Pace, e Odio e Carneficina,
Ciò che l’uomo ama e ciò che l'uomo abomina,
Tutto concorre a che l’uomo sia completo!
 
L’angolo ottuso, quindi, e l’angolo retto,
Una natura umana e l'altra divina
Sono come le membrane di esina e di endina
Che rivestono entrambe lo stesso feto!
 
Conosco tutto ciò meglio dell'Ecclesiaste!
Per giustapposizione di questi contrasti,
Un emisfero si salda con l’altro emisfero,
 
La gioia all’amarezza si unisce,
E il falegname che i tavoli costruisce
Fa anche le bare per il cimitero!...

________________

Victor Vasarely
Zebre (1960)
...

Budismo moderno


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


Budismo moderno
Buddismo moderno


Tome, Dr., esta tesoura e... corte
Minha singularíssima pessoa.
Que importa a mim que a bicharia roa
Todo o meu coração depois da morte?!

Ah! Um urubu pousou na minha sorte!
Também, das diatomáceas da lagoa
A criptógama cápsula se esbroa
Ao contacto de bronca destra forte!

Dissolva-se, portanto, minha vida
Igualmente a uma célula caída
Na aberração de um óvulo infecundo;

Mas o agregado abstrato das saudades
Fique batendo nas perpétuas grades
Do último verso que eu fizer no mundo!

Prenda, Dott., queste cesoie, e… squarti
La mia persona assai particolare.
Che m’importa se roderanno i vermi
Il mio cuore quand’ormai sarò morto?!

Ahi! Un avvoltoio si posò sulla mia sorte!
Ma anche delle diatomee dello stagno
La capsula crittogama si sfalda
Al rozzo contatto d’una mano forte!

Si disgreghi, pertanto, la mia vita
Non differente da una cellula caduta
Nell’anomalia d’un ovulo infecondo;

Ma l’astratto aggregato dei rimpianti
Continui a bussare ai perenni recinti
Dell’ultimo verso che io donerò al mondo!

________________

Rembrandt Harmenszoon van Rijn
Lezione di anatomia del Dottor Deyman (1656)
...

As cismas do destino - I


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Augusto dos Anjos »»
 
Eu (1912) »»
 
Francese »»
«« precedente /  Sommario / successivo »»
________________


As cismas do destino - I
I capricci del destino - I


Recife. Ponte Buarque de Macedo.
Eu, indo em direção à casa do Agra,
Assombrado com a minha sombra magra,
Pensava no Destino, e tinha medo!

Na austera abóbada alta o fósforo alvo
Das estrelas luzia... O calçamento
Sáxeo, de asfalto rijo, atro e vidrento,
Copiava a polidez de um crânio calvo.

Lembro-me bem. A ponte era comprida,
E a minha sombra enorme enchia a ponte,
Como uma pele de rinoceronte
Estendida por toda a minha vida!

A noite fecundava o ovo dos vícios
Animais. Do carvão da treva imensa
Caía um ar danado de doença
Sobre a cara geral dos edifícios!

Tal uma horda feroz de cães famintos,
Atravessando uma estação deserta,
Uivava dentro do eu, com a boca aberta,
A matilha espantada dos instintos!

Era como se, na alma da cidade,
Profundamente lúbrica e revolta,
Mostrando as carnes, uma besta solta
Soltasse o berro da animalidade.

E aprofundando o raciocínio obscuro,
Eu vi, então, à luz de áureos reflexos,
O trabalho genésico dos sexos,
Fazendo à noite os homens do Futuro.

Livres de microscópios e escalpelos,
Dançavam, parodiando saraus cínicos,
Bilhões de centrossomas apolínicos
Na câmara promíscua do vitellus.

Mas, a irritar-me os globos oculares,
Apregoando e alardeando a cor nojenta,
Fetos magros, ainda na placenta,
Estendiam-se as mãos rudimentares!

Mostravam-se o apriorismo incognoscível
Dessa fatalidade igualitária,
Que fez minha família originária
Do antro daquela fábrica terrível!

A corrente atmosférica mais forte
Zunia. E, na ígnea crosta do Cruzeiro,
Julgava eu ver o fúnebre candieiro
Que há de me alumiar na hora da morte.

Ninguém compreendia o meu soluço,
Nem mesmo Deus! Da roupa pelas brechas,
O vento bravo me atirava flechas
E aplicações hiemais de gelo russo.

A vingança dos mundos astronômicos
Enviava à terra extraordinária faca,
Posta em rija adesão de goma laca
Sobre os meus elementos anatômicos.

Ah! Com certeza, Deus me castigava!
Por toda a parte, como um réu confesso,
Havia um juiz que lia o meu processo
E uma forca especial que me esperava!

Mas o vento cessara por instantes
Ou, pelo menos, o ignis sapiens do Orco
Abafava-me o peito arqueado e porco
Num núcleo de substâncias abrasantes.

É bem possível que eu um dia cegue.
No ardor desta letal tórrida zona,
A cor do sangue é a cor que me impressiona
E a que mais neste mundo me persegue!

Essa obsessão cromática me abate.
Não sei por que me vêm sempre à lembrança
O estômago esfaqueado de uma criança
E um pedaço de víscera escarlate.

Quisera qualquer coisa provisória
Que a minha cerebral caverna entrasse,
E até ao fim, cortasse e recortasse
A faculdade aziaga da memória.

Na ascensão barométrica da calma,
Eu bem sabia, ansiado e contrafeito,
Que uma população doente do peito
Tossia sem remédio na minh'alma!

E o cuspo que essa hereditária tosse
Golfava, à guisa de ácido resíduo,
Não era o cuspo só de um indivíduo
Minado pela tísica precoce.

Não! Não era o meu cuspo, com certeza
Era a expectoração pútrida e crassa
Dos brônquios pulmonares de uma raça
Que violou as leis da Natureza!

Era antes uma tosse ubíqua, estranha,
Igual ao ruído de um calhau redondo
Arremessado no apogeu do estrondo,
Pelos fundibulários da montanha!

E a saliva daqueles infelizes
Inchava, em minha boca, de tal arte,
Que eu, para não cuspir por toda a parte,
Ia engolindo, aos poucos, a hemoptísis!

Na alta alucinação de minhas cismas
O microcosmos líquido da gota
Tinha a abundância de uma artéria rota,
Arrebentada pelos aneurismas.

Chegou-me o estado máximo da mágoa!
Duas, três, quatro, cinco, seis e sete
Vezes que eu me furei com um canivete,
A hemoglobina vinha cheia de água!

Cuspo, cujas caudais meus beiços regam,
Sob a forma de mínimas camândulas,
Benditas seja todas essas glândulas,
Que, quotidianamente, te segregam!

Escarrar de um abismo noutro abismo,
Mandando ao Céu o fumo de um cigarro,
Há mais filosofia neste escarro
Do que em toda a moral do cristianismo!

Porque, se no orbe oval que os meus pés tocam
Eu não deixasse o meu cuspo carrasco,
Jamais exprimiria o acérrimo asco
Que os canalhas do mundo me provocam!

Recife. Ponte Buarque de Macedo.
Io, diretto verso la casa di Agra.
Atterrito dalla mia ombra magra,
Al destino pensavo, ed ero impaurito!

Nell’austera e alta volta il fosforo puro
Delle stelle brillava... Il pietroso
Rivestimento d’asfalto duro, nero e vetroso,
Ricordava la liscezza d’un cranio nudo.

Il ponte era lungo, ben lo ricordo ancora,
E la mia ombra enorme riempiva il ponte,
Come una pelle di rinoceronte
Distesa sopra la mia vita intera!

La notte fecondava l’uovo dei vizi
Animali. Dal tenebrore della notte immensa
Cadeva un alito maledetto e morboso
Sulle facciate di tutti gli edifici!

Come un’orda irruente di cani voraci,
Che attraversano una stazione deserta,
Urlava dentro il mio Io, con la bocca aperta,
La muta atterrita degli istinti!

Era come se, nel cuore della città,
Profondamente lubrica e impetuosa,
Mostrando le carni, una bestia furiosa
L’urlo emettesse dell’animalità.

E penetrando nel raziocinio oscuro,
Vidi, allora, alla luce di aurei riflessi,
Il fervore genesico dei sessi,
Crear di notte gli uomini del Futuro.

Liberi da microscopi e da scalpelli,
Danzavano, imitando cinici convegni,
Miliardi di apollinei centrosomi
Nella promiscuità del sacco vitellino.

Ma, ad irritare i miei globi oculari,
Ostentando il loro colore ripugnante,
Feti scarni, ancor dentro la placenta,
Stendevano le manine rudimentali!

Mostravano l’apriorismo inconoscibile
Di quella fatalità egualitaria,
Che rese la mia famiglia originaria
Dell’antro di quella fabbrica terribile!

La corrente atmosferica più forte
Sibilava. E, sull’ignea crosta del cielo stellato,
Mi parve di scorgere il funebre candelabro
Che mi farà luce nell’ora della morte.

Nessuno comprendeva il mio singhiozzo,
Nemmeno Dio! Tra le pieghe della mia veste
Il vento furioso mi scagliava frecce
E algide applicazioni di ghiaccio russo.

La vendetta dei mondi astronomici
Mandava sulla terra un’insolita lamina,
In completa aderenza, come gommalacca,
Sopra tutti i miei elementi anatomici.

Ah! Non v’è dubbio, Dio mi castigava!
Da ogni parte, come un reo confesso,
C’era un giudice che leggeva il mio processo
E un capestro speciale m’attendeva!

Ma il vento cessò di soffiare alcuni istanti
O, per lo meno, il sapiens ignis dell’Orco
Mi soffocò il petto curvo e immondo
In un nucleo di sostanze devastanti.

È assai probabile che un dì perda la vista.
Nella calura di questa letale torrida zona,
Il color del sangue è quel che m’impressiona
Ed è ciò che più al mondo mi perseguita!

Quest’ossessione cromatica mi abbatte.
Non so perché mi torna sempre in mente
Lo stomaco pugnalato d’un infante
E un segmento di budella scarlatta.

Vorrei che una cosa qualunque e provvisoria
Nella mia caverna cerebrale entrasse,
E fino in fondo, tagliasse e ritagliasse
L’infausta facoltà della memoria.

Nella barometrica ascensione della calma,
Io ben sapevo, inquieto e corrotto,
Che una popolazione malata di petto
Tossiva inguaribile nella mia anima!

E lo sputo che questa ereditaria tosse
Espelleva, a guisa di acido residuo,
Non era solo lo sputo di un individuo
Minato dalla tisi precoce.

No! Non era il mio sputo, la cosa è sicura,
Era l’espettorazione putrida e grassa
Dei bronchi polmonari di una razza
Che un dì violò le leggi della Natura!

Era piuttosto una tosse ubiqua, strana,
Simile al rumore d’un tondeggiante sasso
Lanciato al culmine di quel fracasso,
Dai frombolieri giù per la montagna!

E la saliva di quegli infelici
Gonfiava, a tal punto, la mia bocca,
Che io, per non sputare dappertutto,
Ingoiavo, un po’ per volta, l’emottisi!

Nell’allucinazione dai miei deliri causata,
Il liquido microcosmo d’ogni goccia
Aveva l’abbondanza d’un’arteria rotta,
Dagli aneurismi infin dilacerata.

Giunsi all’apogeo di quello stato morboso!
Le due, tre, quattro, cinque, sei e sette
Volte ch’io mi colpii con un trinciante,
L’emoglobina uscì come un liquido acquoso!

Sputo, i cui schizzi le mie labbra bagnano,
Sotto forma di minuscoli granuli,
Sian benedette tutte queste ghiandole,
Che, quotidianamente, ti secernono!

Espettorare da un abisso a un altro abisso,
Mandando al Cielo il fumo d’un sigaro,
C’è più filosofia in questo catarro
Che in tutta la morale del cristianesimo!

Così, s’io non lasciassi il mio sputo malefico
Sul globo ovale che i miei piedi toccano,
Mai saprei esprimere l’acerrimo disprezzo
Che le canaglie del mondo mi cagionano!

________________

Stanislav Bojankov
Notturno - CXLI (2016)
...

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (8) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)