Às escondidas


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De Igual Para Igual (2001) »»
 
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Às escondidas
Di nascosto


Os primeiros chuviscos restituem-nos
o incrível cheiro da terra
mas nós estaremos quem sabe longe
do que tem significado

Preenchemos a inscrição numa piscina municipal
não sabemos bem o motivo ou não dizemos a ninguém
como os dias nos pedem a dureza
ofegante, instintiva
que têm para os nadadores as braçadas

Uma sombra nos acalma
Uma claridade nos dói
Cedo receamos a felicidade daquelas imagens
que reeencontramos dentro de nós
e não se ligam a nada
Le prime piogge ci riportano
l’incredibile profumo della terra
ma noi forse saremo distanti
da ciò che ha un significato

Compiliamo l’iscrizione a una piscina municipale
non sappiamo bene il motivo o non lo diciamo a nessuno
dato che i tempi esigono da noi la durezza
assillante, istintiva
che i nuotatori hanno nelle loro bracciate

Un’ombra ci acquieta
Un fulgore ci ferisce
Presto temiamo la felicità di quelle immagini
che ritroviamo dentro di noi
e a nulla si ricollegano
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Leonardo Hidalgo
Cool sunday (2015)
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Uma coisa a menos para adorar


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Baldios (1999) »»
 
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Uma coisa a menos para adorar
Una cosa in meno da adorare


Já vi matar um homem
é terrível a desolação que um corpo deixa
sobre a terra
uma coisa a menos para adorar
quando tudo se apaga
as paisagens descobrem-se perdidas
irreconciliáveis

entendes por isso o meu pânico
nessas noites em que volto sem razão nenhuma
a correr pelo pontão de madeira
onde um homem foi morto

arranco como os atletas ao som de um disparo seco
mas sou apenas alguém que de noite
grita pela casa

há quem diga
a vida é um pau de fósforo
escasso demais
para o milagre do fogo

hoje estive tão triste
que ardi centenas de fósforos
pela tarde fora
enquanto pensava no homem que vi matar
e de quem não soube nunca nada
nem o nome
Ho già visto uccidere un uomo
terribile è la desolazione che un corpo lascia
sulla terra
Una cosa in meno da adorare
quando tutto si cancella
i paesaggi si rivelano perduti
inconciliabili

capirai dunque il mio panico
in quelle notti in cui senz’alcuna ragione torno
a correre lungo il ponte di legno
dove un uomo fu ucciso

scatto come gli atleti al suono secco d’uno sparo
ma sono appena uno che di notte
grida per la casa

c’è chi dice
che la vita è un fiammifero
troppo minuscolo
per il miracolo del fuoco

oggi ero talmente triste
che ho bruciato centinaia di fiammiferi
per tutto il pomeriggio
mentre pensavo all’uomo che ho visto uccidere
e di cui non ho mai saputo nulla
nemmeno il nome
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Andy Warhol
Il grido (da Munch) (1984)
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Destino



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Nuno Rocha Morais »»
 
Poesie inedite »»
nunorochamorais.blogspot.com (agosto 2025) »»
 
Francese »»
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Destino
Destino


O centro do sol
Oferece-nos vogais.
Pelo espaço oscilam
Linhas invisíveis.
Daquela que seguirmos
Herdaremos um dia.
Il centro del sole
Ci dona vocali.
Nello spazio fluttuano
Linee invisibili.
Di quella che seguiremo
Un giorno saremo eredi.
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Piero Dorazio
Rosa Rosae (1986)
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Se me puderes ouvir


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Se me puderes ouvir
Se mi puoi sentire


O poder ainda puro das tuas mãos
é mesmo agora o que mais me comove
descobrem devagar um destino que passa
e não passa por aqui

à mesa do café trocamos palavras
que trazem harmonias
tantas vezes negadas:
aquilo que nem ao vento sequer
segredamos

mas se hoje me puderes ouvir
recomeça, medita numa viagem longa
ou num amor
talvez o mais belo
Il potere ancor puro delle tue mani
proprio ora è ciò che più mi commuove
scoprono a poco a poco un destino che passa
e non passa di qui

al tavolino del caffè scambiamo parole
cariche d’armonie
tante volte negate:
cose che neppure al vento
confessiamo

ma se oggi tu mi puoi sentire
ricomincia, progetta un lungo viaggio
o un amore
forse il più bello
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Gerhard Richter
Mani (1963)
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Da verdade do amor


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Da verdade do amor
Sulla verità dell’amore


Da verdade do amor se meditam
relatos de viagens confissões
e sempre excede a vida
esse segredo que tanto desdém
guarda de ser dito

pouco importa em quantas derrotas
te lançou
as dores os naufrágios escondidos
com eles aprendeste a navegação
dos oceanos gelados

não se deve explicar demasiado cedo
atrás das coisas
o seu brilho cresce
sem rumor
Sulla verità dell’amore si elaborano
resoconti di viaggi confessioni
ed è sempre più grande della vita
questo segreto che tanto sprezzo
impedisce che sia rivelato

poco importa in quante disfatte
t’ha sbattuto
i dolori i naufragi nascosti
da questi hai imparato a navigare
gli oceani gelati

Non deve esser svelato troppo presto
dietro le cose
il suo bagliore cresce
senza rumore
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François Etienne Musin
HMS Erebus tra i ghiacci (1846)
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