Das coisas memoráveis


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Das coisas memoráveis
Le cose memorabili


Um dia o mundo inteiro vai ser memória.
Tudo será memória.
As pessoas que vemos transitar naquela rua,
as gentis ou as sábias, ou as más, todas,
  todas.
E o mendigo que passa sem o cão,
o ginasta, a mãe, o bobo, o cético, a turista.
Deus, inclusive, regendo o fim das coisas
memoráveis, também será memória. Deus
  e os pardais.
E os grandes esqueletos do Museu Britânico.
Todo sofrimento será memória. Eu, sentado aqui,
serei só estes versos que dizem haver um eu
  sentado aqui.
Un giorno il mondo intero sarà memoria.
Tutto sarà memoria.
Le persone che vediamo passare per quella via,
quelle gentili o sagge, o quelle cattive, tutte,
  tutte.
E il mendicante che passa senza il cane,
l’atleta, la madre, il tonto, lo scettico, la turista.
Dio, compreso, reggendo la fine delle cose
memorabili, anche lui sarà memoria. Dio
  e i passeri.
E i grandi scheletri del Museo Britannico.
Tutta la sofferenza sarà memoria. Io, seduto qui,
sarò solo questi versi che dicono che c’è un io
  seduto qui.
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James Ensor
L’Entrata di Cristo a Bruxelles nel 1889 (1888)
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Contemplação da nuvem


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Contemplação da nuvem
Contemplazione della nuvola


      Para Luís Alberto

A vida é a contemplação daquela nuvem.
E o mundo
uma forma de passar, que inventamos
para não ver que o mundo não é o mundo,
mas uma nuvem
    passando.

E uma nuvem passando
ensina-nos mais coisas que cem pássaros
mil livros  um milhão de homens.

A vida é a contemplação daquela nuvem.
E o mundo
uma forma de passar, que inventamos
para não ver que o mundo não é o mundo,
mas uma nuvem.
    Passando.
      Per Luís Alberto

La vita è la contemplazione di quella nuvola.
E il mondo
una maniera di passare, che inventiamo
per non vedere che il mondo non è il mondo,
ma una nuvola
    di passaggio.

E una nuvola di passaggio
ci insegna molte più cose che cento uccelli
mille libri  un milione di uomini.

La vita è la contemplazione di quella nuvola.
E il mondo
una maniera di passare, che inventiamo
per non vedere che il mondo non è il mondo,
ma una nuvola.
    Di passaggio.
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René Magritte
La riconoscenza infinita (1963)
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Loucura e poesia


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Loucura e poesia
Follia e poesia


Furtava as cores de todas as paisagens
que colhia.
Um dia morreu
e um arco-íris bebia
seus olhos.
Rubava i colori di tutti i paesaggi
che scorgeva.
Un giorno morì
e un arcobaleno si bevve
i suoi occhi.
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Bruno Munari
Vetrini a luce polarizzata (1953)
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Vou-te contando...



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Vou-te contando...
Ti racconto...


Vou-te contando o meu nome de acaso,
Diáspora ou fuga,
E tu ouves, com a calma antiquíssima
Das estações, em que uma 
É o despertar da outra.
 
Há muito que eu não surgia
Ao cimo da minha própria voz,
No exílio exigido
E agora vou-te contando o meu nome de acaso
Com a exactidão possível.
Este nome que eu considerei deluso,
Falso, este nome que é agora
O meu, já não um espaço vazio.
Ti racconto la fatalità del mio nome,
Diaspora o fuga,
E tu ascolti, con la calma antichissima
Delle stagioni, in cui l’una 
Avvia il risveglio dell’altra.
 
Da tanto tempo io non sorgevo
Al culmine della mia stessa voce,
Nell’esilio imposto
Ed ora ti racconto la fatalità del mio nome
Con la massima esattezza possibile.
Questo nome che io consideravo illuso,
Falso, questo nome che adesso
È il mio, non più uno spazio vuoto.
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Edvard Munch
Testa di uomo nei capelli di una donna (1896-1897)
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Estudo 204


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Estudo 204
Studio 204


Vejo o vento que sopra nas árvores
e estou aqui.
Há uma sensação de paz antiga
no vento que sopra nas árvores.

(Vou plantar esperanças no quintal
e decidir o que farei com a vida -
com esta e com a outra.)

Estou aqui e o mundo está aqui.
Olho as folhas movendo-se nas árvores
e alguma coisa silenciando no coração.
Vedo il vento che spira fra gli alberi
e resto qui.
C’è un sentimento di pace antica
nel vento che spira fra gli alberi.

(Pianterò speranze nel giardino
e deciderò che farne della vita -
di questa e di quell’altra.)

Io sono qui e il mondo sta qui.
Guardo le foglie che si muovono sugli alberi
e qualcosa che s’acquieta nel cuore.
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Claude Monet
La chiesa di Varengeville, tempo grigio (1882)
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