Eu, Rosie, eu se falasse, eu dir-te-ia...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Reinaldo Ferreira »»
 
Livro I - Um voo cego a nada (1960) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Eu, Rosie, eu se falasse, eu dir-te-ia...
Io, Rosie, se io parlassi, io ti direi...


Eu, Rosie, eu se falasse, eu dir-te-ia
Que partout, everywhere, em toda a parte,
A vida égale, idêntica, the same,
É sempre um esforço inútil,
Um voo cego a nada.
Mas dancemos; dancemos
Já que temos
A valsa começada
E o Nada
Deve acabar-se também,
Como todas as coisas.
Tu pensas
Nas vantagens imensas
Dum par
Que paga sem falar;
Eu, nauseado e grogue,
Eu penso, vê lá bem,
Em Arles e na orelha de Van Gogh…
E assim entre o que eu penso e o que tu sentes
A ponte que nos une — é estar ausentes.
Io Rosie, se io parlassi, io ti direi
Che partout, everywhere, da ogni parte,
La vita égale, identica, the same,
È sempre uno sforzo inutile,
Un volo cieco al nulla.
Ma balliamo; balliamo
Ché ormai abbiamo
Cominciato questo valzer
E il Nulla
Dovrà pur terminare,
Come tutte le cose.
Tu pensi
Ai vantaggi immensi
D’una coppia
Che paga senza parlare;
Io, nauseato e brillo,
Io penso, guarda un po’,
Ad Arles e all’orecchio di Van Gogh...
E così tra ciò che io penso e ciò che tu senti
Il ponte che ci unisce - è il restare assenti.
________________

Charles Demuth
Vaudeville (1918)
...

Duma outra infância inventada...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Reinaldo Ferreira »»
 
Livro I - Um voo cego a nada (1960) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Duma outra infância inventada...
Di un’altra infanzia inventata...


Duma outra infância inventada,
Guardo memórias que são
Reais reversos do nada

Que as verdadeiras me dão.
Estas, se acaso regressam,
Em tropel e confusão

Ao limiar-me, tropeçam
No corpo das que lá estão.
Assim mentindo as raízes

Do meu confuso começo,
Segrego imagens felizes
Com que as funestas esqueço.
Di un’altra infanzia inventata,
Conservo memorie che sono
L’esatto opposto del nulla

Che quelle vere mi danno.
Queste, se per caso ritornano,
In concitato disordine

Varcando la soglia, incappano
Nel corpo di quelle che sono già là.
Perciò mentendo sulle radici

Dei miei confusi primordi,
Preservo le immagini felici
E dimentico i tristi ricordi.
________________

Jan van Steen
Scuola di paese (1660)
...

Do campo dos mortos...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Reinaldo Ferreira »»
 
Livro I - Um voo cego a nada (1960) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Do campo dos mortos...
Dal campo dei morti...


Do campo dos mortos
Em terra estrangeira
Por onde passámos
Absortos os dois,
Saímos ilesos de melancolia,
Por irmos tão vivos, tão livres
E juntos os dois.
Em vão sobre as campas
Dos mortos estrangeiros
Visível olvido
Na terra sem rosas votivas
Chamava por nós.
Nós íamos indo,
Felizes, felizes,
E o ventre da terra
Sonhava raízes
À volta de nós.
Nós íamos indo
Na hora que, breve, passava,
Vivendo-a sòmente.
E a nossa presença encarnava
No campo dos mortos em terra estrangeira
- Passado, passado -
O presente.
Dal campo dei morti
In terra straniera
Per dove passammo
Entrambi assorti,
Indenni uscimmo dalla malinconia,
Poiché entrambi eravamo
Così vivi e liberi e uniti.
Invano sopra le tombe
Dei morti stranieri
Un palese oblio
In terra senza rose votive
Chiedeva di noi.
Noi avanti andavamo,
Felici, felici,
E il cuor della terra
Sognava radici
Tutt’intorno a noi.
Noi avanti andavamo
Nel tempo che, fugace, passava,
Vivendolo semplicemente.
E nel campo dei morti in terra straniera
- Passato, passato -
La nostra presenza incarnava
Il presente.
________________

Edouard Vallotton
Il cimitero militare di Châlons (1917)
...

Desde quando alguma vez anoiteceu...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Reinaldo Ferreira »»
 
Livro I - Um voo cego a nada (1960) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Desde quando alguma vez anoiteceu...
Da quando quella volta fece notte...


Desde quando alguma vez anoiteceu
E à angústia de que a terra se cobriu
Só pasmo nas esferas respondeu;

Desde quando alguma flor emurcheceu
E a criança que válida se ria
De repente calada apodreceu;

Desde quando a algum estio sucedeu
Um outro outono e a árvore se despiu
E a primeira cabeça encaneceu;

Desde quando alguma coisa que nasceu
Sem que o pedisse, sem remédio se degrada
E acaba, sob a terra que a comeu,

Dispersa entre os átomos dispersos,
Se acumula a tristeza deste dia
E a razão destes versos.
Da quando quella volta fece notte
E all’angoscia di cui la terra si coprì
Solo terrore dalle sfere riecheggiò;

Da quando quel fiore è appassito
Ed il bimbo che florido rideva
Tacitamente d’un tratto è imputridito;

Da quando ad un’estate s’è avvicendato
Un altro autunno e l’albero s’è spogliato
E la prima chioma è incanutita;

Da quando una cosa ch’era attecchita
Senza chiederlo, senza rimedio s’è degradata
Ed è finita sotto la terra che se l’è ingoiata,

Dispersa in mezzo agli atomi dispersi,
S’è accumulata la tristezza odierna
E la ragione di questi versi.
________________

Mario Ceroli
Acqua alla gola (1998)
...

Como dói o ignorado humano...


Nome :
 
Collezione :
 
Altra traduzione :
Nuno Rocha Morais »»
 
Poemas dos dias (2022) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Como dói o ignorado humano...
Come ferisce l’umana insipienza...


Como dói o ignorado humano.
Vou, então, procurar
Algo semelhante a ternura:
O vapor de um chá,
A lembrança de um papel antigo no bolso,
O que resta de vento lá fora.
Um mar sem praias ou precedentes,
Viagem pura, amor sem margem,
Corrente que mergulha na água esgotada.

Come ferisce l’umana insipienza.
Andrò, dunque, in cerca
Di qualcosa che somigli alla dolcezza:
Il vapore di un tè,
Il ricordo d’un vecchio bigliettino in tasca,
Quel che resta del vento là fuori.
Un mare senza spiagge o senza precedenti,
Viaggio puro, amore senza limiti,
Corrente che sfocia dove l’acqua è esaurita.

________________

Oswaldo Guayasamín
Meditazione (1970)
...

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (10) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)