De Copélia guardo três cartas melancólicas...


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De Copélia guardo três cartas melancólicas...
Di Coppelia serbo tre lettere malinconiche...


De Copélia guardo três cartas melancólicas,
Um laço e, de uma rosa
Que o perfume aprendeu nos seus cabelos,
Um esvaído botão.
Evade-se do todo um halo a antigo, triste.
Claro que Copélia não existe
E as cartas também não.
Só é real porque me falta.
Porque a não tive creio nela e creio
Na memória de quem foi no meu passado;
Nos passeios furtivos que tivemos;
Nos astros que pusemos
Nalgum beijo trocado;
Na exaltação de certa dança, alada
Na sensação de que uma nuvem me enlaçasse;
E na suave e pura e filtrada emoção
De alguma vez que a sua mão
Entre as minhas tardasse.
Esta é Copélia a quem, se acaso dado fosse
Nascer ou ter vivido,
Rígido pai ma recusasse,
Lírico mal ma arrebatasse
Sem a ter possuído,
Para que doutro ou morta virgem
Ilesa e viva dentro de mim permanecesse.
Di Coppelia serbo tre lettere malinconiche,
Un nastro e, di una rosa
Che il profumo trasmise ai suoi capelli,
Un pallido bocciolo.
Dal tutto si sprigiona un’aura antica e triste.
Chiaro che Coppelia non esiste
E neppure le lettere.
È reale solo perché mi manca.
Poiché io non l’ho avuta, credo in lei e credo
Nella memoria di chi fu nel mio passato;
Nei furtivi passeggi che facemmo;
Nelle stelle che adagiammo
Su ogni bacio scambiato;
Nell’esaltazione di quella danza, alata
Nella sensazione che una nuvola m’abbracciasse;
E nella dolce e pura e filtrata emozione
Di quando a volte la sua mano
Tra le mie s’era attardata.
Questa è Coppelia colei che, se mai le fosse dato
Di nascere o esser vissuta,
E un padre severo me l’avesse negata,
E un lirico male me l’avesse strappata
Senz’averla avuta,
Perché d’un altro o morta vergine,
Intatta e viva dentro di me sarebbe restata.
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Edvard Munch
Madonna (1895-1902)
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