A que morreu às portas de Madrid...


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A que morreu às portas de Madrid...
Colei che morì alle porte di Madrid...


A que morreu às portas de Madrid,
Com uma praga na boca
E a espingarda na mão,
Teve a sorte que quis,
Teve o fim que escolheu.
Nunca, passiva e aterrada, ela rezou.
E antes de flor, foi, como tantas, pomo.
Ninguém a virgindade lhe roubou
Depois de um saque - antes a deu
A quem lha desejou,
Na lama dum reduto,
Sem náusea mas sem cio,
Sob a manta comum,
A pretexto do frio.
Não quis na retaguarda aligeirar,
Entre «champagne», aos generais senis,
As horas de lazer.
Não quis, activa e boa, tricotar
Agasalhos pueris,
No sossego dum lar.
Não sonhou minorar,
Num heroísmo branco,
De bicho de hospital,
A aflição dos aflitos.

Uma noite, às portas de Madrid,
Com uma praga na boca
E a espingarda na mão,
À hora tal, atacou e morreu.

Teve a sorte que quis.
Teve o fim que escolheu.
Colei che morì alle porte di Madrid,
Con una bestemmia in bocca
E la spingarda in mano,
Ebbe la sorte che voleva,
Ebbe la fine che si scelse.
Mai, passiva e atterrita, ella pregò.
E prima d’esser fiore, fu, come tante, frutto.
Nessuno le rubò la verginità
Dopo un saccheggio - fu lei a farne dono
A chi la desiderò
Nella fanghiglia di un ricetto,
Senza nausea ma senza voluttà,
Sotto la comune coperta,
Col pretesto del freddo.
Nelle retroguardie non tentò d’alleviare,
Con lo «champagne», tra i vecchi generali,
Le ore di distensione.
Non volle, attiva e buona, sferruzzare
Maglioni per i bimbi,
Nella calma del focolare.
Non sognò di rasserenare,
In un bianco eroismo
Da angelo d’ospedale,
L’afflizione degli afflitti.

Una notte, alle porte di Madrid,
Con una bestemmia in bocca
E la spingarda in mano,
A una cert’ora, attaccò e morì.

Ebbe la sorte che voleva,
Ebbe la fine che si scelse.
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Arnold Böcklin
Testa di ragazza morta (1879)
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