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A invenção das seis horas
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L’invenzione delle sei del mattino
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A esta hora, levantas-te de repente
Como se houvesse um sobressalto dos continentes.
A esta hora esqueces-te inteiramente
De que tens cócegas e eu começo a achar
Que os agelastas têm razão.
A esta hora, já perdemos a esperança
De ouvir as pedras ganir
E é tarde de mais para sermos de uma cordura triste.
O ar é seco e arranha como pergaminho,
O pensamento crepita de binómios,
O chá ruge e fere.
Todas as impossibilidades acorrem a esta hora
E a menor não é o teu perfume através de seda.
A esta hora, não entendemos nenhuma linguagem,
Abdicamos de qualquer mesura,
A esta hora, sabemos quão perigosa
É essa chuva incandescente que acende as cidades,
Perigosa porque se aproxima,
Perigosa porque poderíamos reconhecer,
Misturado, o próprio destino dos sonhos.
A esta hora, nunca nos conhecemos
E os nossos caminhos distorcem-se a tal ponto
Que, por este andar, não nos encontraremos nunca
E as probabilidades de não nos termos encontrado
São um fio, encerram-me numa confusão,
Num erro de memória desmantelada.
As seis horas inventam a tua ausência,
A escolha de campos, quadrantes,
A confusão entre quem parte e quem fica,
Entre o que foi e o que será.
...
Como se houvesse um sobressalto dos continentes.
A esta hora esqueces-te inteiramente
De que tens cócegas e eu começo a achar
Que os agelastas têm razão.
A esta hora, já perdemos a esperança
De ouvir as pedras ganir
E é tarde de mais para sermos de uma cordura triste.
O ar é seco e arranha como pergaminho,
O pensamento crepita de binómios,
O chá ruge e fere.
Todas as impossibilidades acorrem a esta hora
E a menor não é o teu perfume através de seda.
A esta hora, não entendemos nenhuma linguagem,
Abdicamos de qualquer mesura,
A esta hora, sabemos quão perigosa
É essa chuva incandescente que acende as cidades,
Perigosa porque se aproxima,
Perigosa porque poderíamos reconhecer,
Misturado, o próprio destino dos sonhos.
A esta hora, nunca nos conhecemos
E os nossos caminhos distorcem-se a tal ponto
Que, por este andar, não nos encontraremos nunca
E as probabilidades de não nos termos encontrado
São um fio, encerram-me numa confusão,
Num erro de memória desmantelada.
As seis horas inventam a tua ausência,
A escolha de campos, quadrantes,
A confusão entre quem parte e quem fica,
Entre o que foi e o que será.
...
A quest’ora, ti alzi di botto
Come se ci fosse un sussulto di continenti.
A quest’ora ti scordi completamente
Che soffri il solletico e io comincio a pensare
Che gli agelasti avessero ragione.
A quest’ora, abbiamo già perso la speranza
Di sentire il guaito delle pietre
Ed è troppo tardi ormai per essere d’umor triste.
L’aria è secca e graffia come pergamena,
Il pensiero crepita di binomi,
Il tè ringhia e ferisce.
Tutte le impossibilità s’adunano a quest’ora
Non ultimo il tuo profumo attraverso la seta.
A quest’ora, non comprendiamo nessun idioma,
In un certo senso abdichiamo,
A quest’ora, sappiamo quant’è pericolosa
Questa pioggia incandescente che accende le città,
Pericolosa perché s’avvicina,
Pericolosa perché potremmo riconoscervi,
Mischiato, il destino stesso dei sogni.
A quest’ora, non ci conosciamo mai
E le nostre strade si disgiungono a tal punto
Che, di questo passo, non ci ritroveremo mai
E le probabilità di non esserci incontrati
Sono un filo, che m’attanaglia in un marasma,
In un abbaglio di memoria devastata.
Le sei del mattino inventano la tua assenza,
La scelta di campi, di quadranti,
La confusione tra chi parte e chi resta,
Tra ciò che fu e ciò che sarà.
...
Come se ci fosse un sussulto di continenti.
A quest’ora ti scordi completamente
Che soffri il solletico e io comincio a pensare
Che gli agelasti avessero ragione.
A quest’ora, abbiamo già perso la speranza
Di sentire il guaito delle pietre
Ed è troppo tardi ormai per essere d’umor triste.
L’aria è secca e graffia come pergamena,
Il pensiero crepita di binomi,
Il tè ringhia e ferisce.
Tutte le impossibilità s’adunano a quest’ora
Non ultimo il tuo profumo attraverso la seta.
A quest’ora, non comprendiamo nessun idioma,
In un certo senso abdichiamo,
A quest’ora, sappiamo quant’è pericolosa
Questa pioggia incandescente che accende le città,
Pericolosa perché s’avvicina,
Pericolosa perché potremmo riconoscervi,
Mischiato, il destino stesso dei sogni.
A quest’ora, non ci conosciamo mai
E le nostre strade si disgiungono a tal punto
Che, di questo passo, non ci ritroveremo mai
E le probabilità di non esserci incontrati
Sono un filo, che m’attanaglia in un marasma,
In un abbaglio di memoria devastata.
Le sei del mattino inventano la tua assenza,
La scelta di campi, di quadranti,
La confusione tra chi parte e chi resta,
Tra ciò che fu e ciò che sarà.
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Victor Vasarely Vega 200 (1972) |
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