________________
|
Aviso aos náufragos
|
Avviso ai naufraghi
|
Esta página, por exemplo,
não nasceu para ser lida. Nasceu para ser pálida, um mero plágio da Ilíada, alguma coisa que cala, folha que volta pro galho, muito depois de caída. Nasceu para ser praia, quem sabe Andrômeda, Antártida, Himalaia, sílaba sentida, nasceu para ser última a que não nasceu ainda. Palavras trazidas de longe pelas águas do Nilo, um dia, esta página, papiro, vai ter que ser traduzida, para o símbolo, para o sânscrito, para todos os dialetos da Índia, vai ter que dizer bom-dia ao que só se diz ao pé do ouvido, vai ter que ser a brusca pedra onde alguém deixou cair o vidro. Não é assim que é a vida? |
Questa pagina, per esempio,
non è nata per esser letta. È nata per esser sbiadita, puro plagio dell’Iliade, qualcosa che sta zitta, foglia che risale al ramo, molto dopo esser caduta. È nata per essere arenile, chissà Andromeda, Antartide Himalaia, sillaba risentita, è nata per essere ultima quella che non è ancora nata. Parole recate da distante dalle acque del Nilo, un giorno, questa pagina, papiro, bisognerà tradurla, in simbolo, in sanscrito, in tutti i dialetti dell’India, dovrà significare buongiorno solo a ciò che si dice all’orecchio, dovrà essere la rozza pietra dove hanno lasciato cadere il vetro. Non è forse così la vita? |
________________
|
![]() |
Pesatura dei generi alimentari Pergamena dipinta del periodo fatimide (10°-11° sec.). |
Nessun commento:
Posta un commento