Clandestinos


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Tolentino de Mendonça »»
 
A estrada branca (2005) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Clandestinos
Clandestini


  O poesia tu più non tornerai
    Dino Campana

Clandestinos serão sempre os anjos de Iahwé

Enchem os primeiros autocarros para o centro
lêem o jornal de distribuição gratuita
à espera que de novo o mar se rasgue
num quarto sub-alugado da periferia
onde em vez de Corte Inglés e Continente
os supermercados se chamam Lidl ou Discount

É fácil detectar seu rosto transparente
pois pertence-lhes a solidão como um zumbido
imerso, inactual, impreciso
semelhante ao dos bosques vedados onde já não
 se colhe
as castanhas, a lenha morta

Nas grandes praças da Europa por onde quer que se vá
o mesmo rosto detrás dos vidros policiais
uma espécie de fantasma
indivisível, muito para lá dos confins
embora o êxodo exija agora estrita documentação

Todos os textos conspiram contra a materialidade do
 corpo
por isso há quem acredite na sua ressurreição
  O poesia tu più non tornerai
    Dino Campana

Per sempre clandestini saranno gli angeli di Jahvé

Affollano i primi autobus per il centro
leggono il giornale a diffusione gratuita
in attesa che di nuovo il mare si spalanchi
in una stanza subaffittata della periferia
dove invece che Corte Inglés e Continente
i supermercati si chiamano Lidl o Discount

È facile individuare il loro viso trasparente
perché a loro appartiene la solitudine simile a un fruscio
sommerso, antiquato, indefinito
simile a quello di quei boschi dove ormai è proibito
 andare
per raccogliere castagne e legna secca

Nelle grandi piazze d’Europa dovunque ci si rechi
la stessa faccia dietro gli schermi della polizia
una specie di fantasma
indivisibile, parecchio oltre i confini
pur se ora l’esodo esiga documenti a non finire

Tutti i testi congiurano contro la materialità del
 corpo
per questo alcuni credono nella sua resurrezione
________________

Tamara de Lempicka
I rifugiati (1937)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Adão Ventura (41) Adélia Prado (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alberto Pimenta (40) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antonio Brasileiro (41) Antonio Osorio (42) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Antônio Cícero (40) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (113) Casimiro de Brito (40) Cassiano Ricardo (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (40) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (30) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (48) Hilda Hilst (41) Iacyr Anderson Freitas (41) Inês Lourenço (40) Jorge Sousa Braga (40) Jorge de Sena (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Régio (41) José Saramago (40) José Tolentino de Mendonça (8) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Luis Filipe Castro Mendes (40) Lêdo Ivo (33) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (33) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mario Quintana (38) Micheliny Verunschk (40) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Mário Cesariny (34) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (502) Paulo Leminski (43) Pedro Mexia (40) Poemas Sociais (30) Poemas dos dias (28) Pássaro de vidro (52) Reinaldo Ferreira (40) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Knopfli (43) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (48) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)