Ode a Eros


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Régio »»
 
Filho do Homem (1961) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Ode a Eros
Ode a Eros


Eros, Cupido, Amor, pequeno Deus travesso
Com quem todos brincamos!
Brincando nos ferimos,
Ferindo-nos gozamos,
Se rimos já choramos,
Mal que choramos rimos...
Já, voltados do avesso,
Por igual o voltamos,
O torturamos nós como ele nos tortura,
Descemos aos recessos da criatura...

Pequenino gigante!
Sonhava, ou não sonhava,
Quem te representou risonho e pequenino
Que de Hércules a clava
Não pesa como pesa a tua mão de infante,
Nem seu furor destrói
Como nos dói
Teu riso de menino?

Nas tuas leves setas
Nas flâmulas gentis
Que cantam os poetas
E os namorados juvenis,
Que longos ópios e letais licores,
Que pântanos de lodo e que furores,
Que grinaldas de louros e de espinhos,
Que abissais labirintos de caminhos!

Mascarilha de seda e de veludo
Sob a qual o olhar brilha, a boca ri,
Que olhar ambíguo ou mudo,
Que boca atormentada
Não terás além ti
Na mascarada?

Pai da Crueldade e da Piedade,
Filho do Crime e da Beleza,
Que infante serás tu, que, desde que há Idade,
Aos Ícaros opões a mesma astral parede,
E os Lázaros susténs dos restos dessa mesa
Em que se bebe sempre a mesma sede,
Se come
A mesma fome?

Divindade nocturna
Que te cinges de rosas,
Suprema fúria mascarada
Que a porta abres do céu... escancarada
Sobre o negro vazio duma furna,
Que a urna de cristal nas mãos formosas
Vens ofertar às bocas sequiosas
E escorres sangue do cristal da urna,
Que tens tu afinal, ao fundo da caverna
Sempre aos mortais vedada:
A eterna morte... o nada,
Ou a vida eterna?
Eros, Cupido, Amore, piccolo Dio ribaldo
Con cui tutti giochiamo!
Giocando ci feriamo,
Ferendoci godiamo,
Se ridiamo poi piangiamo,
Dopo aver pianto subito ridiamo. . .
Già, voltati a rovescio,
Del pari lo rivoltiamo,
ci tortura,
Scendendo ai recessi della creatura...

Minuscolo gigante!
Sognava, o non sognava,
Chi ti rappresentò ridente e piccino
Che d’Ercole la clava
Non pesa quanto pesa la tua mano d’infante,
Né il suo furor distrugge
Quanto ci affligge
Il tuo sorriso di bambino?

Nei tuoi lievi strali
Nelle fiammelle gentili
Che cantano i poeti
E i giovani innamorati,
Che spossanti morfine e letali liquori,
Che pantani di limo e che furori,
Che ghirlande d’alloro e di spini,
Che abissali labirinti lungo i cammini!
 
Mascherina di seta e di velluto
Sotto cui lo sguardo brilla, la bocca ride,
Che sguardo ambiguo o muto,
Che bocca tormentata
Non vedrai a te innanzi
Nella mascherata?

Padre di Crudeltà e di Pietà,
Figlio del Crimine e della Bellezza,
Che pargolo sarai tu, che, da tempo immemorabile,
Agli Icari frapponi la stessa parete astrale,
E i Lazzari sostenti coi resti della tavola
Ove si beve sempre la stessa sete,
Si mangia
La stessa fame?

Divinità notturna
Tu che t’adorni di rose,
Suprema furia mascherata
Tu che apri la porta del cielo... spalancata
Sopra il nero vuoto d’una grotta,
Tu che l’urna di cristallo nelle mani aggraziate
Vieni ad offrire alle bocche assetate
E versi sangue dal cristallo dell’urna,
Che cosa tieni tu infine, in fondo alla caverna
Sempre agli uomini preclusa:
L’eterna morte... il nulla,
O la vita eterna?
________________

William-Adolphe Bouguereau
Sussurri d'amore (1825-1905)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Adão Ventura (41) Adélia Prado (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alberto Pimenta (40) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antonio Brasileiro (41) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Antônio Cícero (40) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (113) Casimiro de Brito (40) Cassiano Ricardo (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (40) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (30) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (48) Hilda Hilst (41) Iacyr Anderson Freitas (41) Inês Lourenço (40) Jorge Sousa Braga (40) Jorge de Sena (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Régio (40) José Saramago (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Luis Filipe Castro Mendes (40) Lêdo Ivo (33) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (33) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Mário Cesariny (34) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (483) Pedro Mexia (40) Poemas Sociais (30) Poemas dos dias (28) Pássaro de vidro (52) Reinaldo Ferreira (40) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Knopfli (43) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)