Crepúsculo dos Deuses


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Sophia de Mello Breyner Andresen »»
 
Geografia (1967) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Crepúsculo dos Deuses
Crepuscolo degli Dei


Um sorriso de espanto brotou nas ilhas do Egeu
E Homero fez florir o roxo sobre o mar
O Kouros avançou um passo exactamente
A palidez de Atena cintilou no dia

Então a claridade dos deuses venceu os monstros
[nos frontões de todos os templos
E para o fundo do seu império recuaram os Persas

Celebrámos a vitória: a treva
Foi exposta e sacrificada em grandes pátios brancos
O grito rouco do coro purificou a cidade

Como golfinhos a alegria rápida
Rodeava os navios
O nosso corpo estava nu porque encontrara
Sua medida exacta
Inventámos: as colunas de Sunion imanentes à luz.
O mundo era mais nosso cada dia

Mas eis que se apagaram
Os antigos deuses sol interior das coisas
Eis que se abriu o vazio que nos separa das coisas
Somos alucinados pela ausência bebidos pela ausência
E aos mensageiros de Juliano a Sibila respondeu:

«Ide dizer ao rei que o belo palácio jaz por terra quebrado
Febo já não tem cabana nem loureiro profético
[Nem fonte melodiosa.
A água que fala calou-se»

Un sorriso di stupore sbocciò sulle isole Egee
E Omero fece fiorire la porpora sul mare
Il Kouros avanzò esattamente d’un passo
Il pallore d’Atena scintillò nel giorno

Ecco che il chiarore degli dei vinse i mostri
[sui frontoni di tutti i templi
E i Persiani si ritirano fino ai limiti estremi del loro impero

Celebrammo la vittoria: la tenebra
Fu esposta e sacrificata in vasti recinti bianchi
Il grido roco del coro purificò la città

La repentina gioia come delfini
Attorniava le navi
Il nostro corpo era nudo perché aveva trovato
La sua giusta dimensione
Concepimmo: le colonne di Sunion immanenti alla luce
Il mondo era ogni giorno più nostro

Ma ecco che scomparvero
Gli antichi dei sole interiore delle cose
Ecco che s’aprì il vuoto che ci separa dalle cose
Restammo allucinati dall’assenza ebbri d’assenza
E ai messaggeri di Giuliano la Sibilla rispose:

«Andate a dire al re che il bel palazzo giace al suolo distrutto
Febo non abita più qui non ha più lauro oracolare
[Né sorgente melodiosa.
L’acqua parlante s’è ammutolita»

________________

Michelangelo Buonarroti
La Sibilla Cumana (Cappella Sistina)
(1508-1512)

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (8) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)