Nocturno da Graça


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Nocturno da Graça
Notturno alla Graça


Há um rumor de bosque no pequeno jardim
Um rumor de bosque no canto dos cedros
Sob o íman azul da lua cheia
O rio cheio de escamas brilha.
Negra cheia de luzes brilha a cidade alheia.

Brilha a cidade dos anúncios luminosos
Com espiritismo bares cinemas
Com torvas janelas e seus torvos gozos
Brilha a cidade alheia.

Com seus bairros de becos e de escadas
De candeeiros tristes e nostálgicas
Mulheres lavando a loiça em frente das janelas
Ruas densas de gritos abafados
Castanholas de passos pelas esquinas
Viragens chiadas dos carros
Vultos atrás das cortinas
Cíclopes alucinados.

De igreja em igreja batem a hora os sinos
E uma paz de convento ali perdura
Como se a antiga cidade se erguesse das ruínas
Com sua noite trémula de velas
Cheia de aventurança e de sossego.

Mas a cidade alheia brilha
Numa noite insone
De luzes fluorescentes
Numa noite cega surda presa
Onde soluça uma queixa cortada.

Sozinha estou contra a cidade alheia.
Comigo
Sobre o cais sobre o bordel e sobre a rua
Límpido e aceso
O silêncio dos astros continua.

C’è un rumore di bosco nel piccolo giardino
Un rumore di bosco nell’angolo dei cedri
Sotto il magnete blu della luna piena
Il fiume pieno di scaglie brilla.
Nera piena di luci brilla la città distante.

Brilla la città di annunci luminosi
Spiritismo bar cinema
Truci finestre dai truci piaceri
Brilla la città distante.

Coi suoi quartieri di vicoli e scalinate
Dai tristi e nostalgici lampioni
Con donne che lavano stoviglie davanti alla finestra
Vie dense di grida soffocate
Ticchettio di passi agli angoli di strada
Stridori d’automobili in curva
Ombre dietro i tendaggi
Ciclopi allucinati

Di chiesa in chiesa batton l’ora le campane
E una pace monastica si prolunga
Come se l’antica città risorgesse dalle rovine
Con la sua notte tremula di candele
Piena di fatalità e di quiete

Ma la città distante brilla
In una notte insonne
Di luci fluorescenti
In una notte cieca sorda schiava
Ove singhiozza un lamento zittito

Sto sola davanti alla città distante.
Sola con me
Al di sopra del molo del bordello e della via
Luminoso e nitido
Continua il silenzio delle stelle.

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Vincent van Gogh
Notte stellata sul Rodano (1888)

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