Nossa Senhora da Corrente


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Nossa Senhora da Corrente
Nostra Signora della Catena


Só Deus e os morcegos habitam
a Igreja de Nossa Senhora da Corrente.
O espírito invisível paira entre os altares
roídos e o vento de Penedo
cega lentamente os olhos dos santos
que os turistas e antiquários não conseguiram roubar.
Deus é barroco. Deus é como os morcegos:
voando à noite entre os espaços estrelados
procura chupar o sangue dos homens
que enegrecem o dia com os seus pecados.

Na abóboda da igreja que o rio às vezes invade
os morcegos escondem o céu alegórico
eternamente sonegado aos pecadores.
O céu negro dos homens! Sob o soalho avariado
os ratos se inclinam à Presença eucarística.
E Nossa Senhora da Corrente, padroeira dos ratos e morcegos,
entre flores de papel e velas fedorentas
compartilha da solidão divina.
Ó Mãe dos homens, que sorri radiosa em seu abandono
como a minha própria mãe, rogai por mim!

Soltanto Dio e i pipistrelli dimorano
nella Chiesa di Nostra Signora della Catena.
Lo spirito invisibile vaga tra gli altari
tarlati e il vento di Penedo
lentamente offusca gli occhi dei santi
che i turisti e gli antiquari non han rubato ancora.
Dio è barocco. Dio è come i pipistrelli:
vola di notte per gli spazi stellari
cercando di succhiare il sangue agli uomini
che oscurano il giorno coi loro peccati.

Sotto la volta della chiesa che talora il fiume inonda
i pipistrelli occultano quel cielo allegorico
eternamente negato ai peccatori.
Il cupo cielo degli uomini! Sotto l’assito consunto
i ratti s’inchinano all’eucaristica Presenza.
E Nostra Signora della Catena, patrona di ratti e pipistrelli,
tra fiori finti e ceri maleodoranti
è partecipe della solitudine divina.
O Madre degli uomini, tu che sorridi fulgida nella tua rovina
come la mia stessa madre, prega per me!

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Carl Eduard Ferdinand Blechen
Rovine di chiesa (1835)

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