A sua infância foi um país ocupado...


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A sua infância foi um país ocupado...
La sua infanzia fu un paese occupato...



«A sua infância foi um país ocupado por entidades detes-táveis que impediam as árvores de lhe falar.
«La sua infanzia fu un paese occupato da esseri detestabili che impedivano agli alberi di parlarle.
(Mais tarde, na adolescência, imaginou que engravidara de um limoeiro – ou foi o perfume do seu sexo que o sonhou, ou foi o perfume do seu sexo que foi sonhado, talvez pelo limoeiro.)
(Più avanti, durante l’adolescenza, immaginò d’essere ingravidata da un albero di limone – o fu il profumo del suo sesso che lo sognò, oppure fu il profumo del suo sesso ad essere sognato, forse dall’albero di limone.)
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Nunca pôde amuar, como as flores se fecham com a noite.
Non poté mai sfogarsi, dato che i fiori si chiudono la notte.
Obrigavam-na a sorrir educada, perfiladamente, espe-tavam-lhe duas bofetadas e obrigavam-na a levantar a cabeça, a erguer os olhos pesados de choro, e a gordura das lágrimas caía-lhe pela face e ouvia-se no chão.
La obbligavano a sorridere educata, ben diritta, le mollavano due ceffoni e la obbligavano a sollevare il capo, ad alzare gli occhi gonfi di pianto, e il peso delle lacrime le rigava le guance e lo si sentiva toccare terra.
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A sua infância é um país ocupado até hoje.
La sua infanzia è un paese occupato ancor oggi.
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(A sua vida pareceu-lhe sempre uma longa convalescença. Ou qualquer coisa que lhe foi emprestada. Uma presença emprestada – para quê?
(La sua vita le è sempre parsa una lunga convalescenza. O un qualcosa dato in prestito. Una presenza imprestata – ma per cosa?
A existência parecia-lhe apenas um estado sólido da tristeza mais absoluta. Ou talvez lhe faltasse apenas paciência para viver.
L’esistenza non le pareva altro che uno stato solido della tristezza più assoluta. O forse le mancava soltanto la pazienza per vivere.
Vive por engano? Se morreu, quer saber. Se vive, quer saber.
Vive per sbaglio? Se è morta, lo vuol sapere. Se vive, lo vuol sapere.
Espera um sinal de si própria. Espera algo que, dentro dela, arda mais alto do que ela.
Aspetta un segnale da se stessa. Aspetta qualcosa che, dentro di lei, avvampi più forte di lei.
Um signo que, ao erguer-se, toque e faça girar uma constelação.)»
Un segnale che, mostrandosi, risuoni e metta in moto una costellazione.)»

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Henri Rousseau, il Doganiere
Donna che cammina in una foresta esotica (1905)

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