Canto grande


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Canto grande
Canto grande


Não tenho mais canções de amor.
Joguei tudo pela janela.
Em companhia da linguagem
fiquei, e o mundo se elucida.

Do mar guardei a melhor onda
que é menos móvel que o amor.
E da vida, guardei a dor
de todos os que estão sofrendo.

Sou um homem que perdeu tudo
mas criou a realidade,
fogueira de imagens, depósito
de coisas que jamais explodem.

De tudo quero o essencial:
o aqueduto de uma cidade,
rodovia do litoral,
o refluxo de uma palavra.

Longe dos céus, mesmo dos próximos,
e perto dos confins da terra,
aqui estou. Minha canção
enfrenta o inverno, é de concreto.

Meu coração está batendo
sua canção de amor maior.
Bate por toda a humanidade,
em verdade não estou só.

Posso agora comunicar-me
e sei que o mundo é muito grande.
Pela mão, levam-me as palavras
a geografias absolutas.

Canzoni d’amore non ne ho più.
Tutto ho buttato dalla finestra.
In compagnia della parola
son rimasto, e il mondo si chiarisce.

Del mare ho serbato l’onda migliore
che è meno mutevole dell’amore.
E della vita ho serbato il dolore
di tutti quelli che stanno soffrendo.

Sono un uomo che ha perso tutto
ma ha creato la realtà,
fucina di immagini, deposito
di cose che non esplodono mai.

Di tutto voglio l’essenziale:
l’acquedotto di una città,
la strada litoranea,
il riflusso di una parola.

Lontano dai cieli, anche dai più vicini,
e prossimo ai confini della terra,
è qui che sto. La mia canzone
affronta l’inverno, è di cemento.

Il mio cuore sta battendo
la sua più grande canzone d’amore.
Batte per tutta l’umanità,
in verità io non sono solo.

Adesso posso aprirmi
e so che il mondo è molto grande.
Le parole mi conducono per mano,
a geografie assolute.

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Anselm Kiefer
In principio (2008)

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