Depois do leite materno...


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Últimos Poemas (2009) »»
 
Francese »»
«« 90 / Sommario (91) / 93 »»
________________


Depois do leite materno...
Dopo il latte materno...


Depois do leite materno
E do mosto paterno,
Dos dias plácidos,
Das urtigas e dos silvados,
Dos joelhos esfolados,
Das tareias e poluções,
As noites como livros,
O mal pelo asfalto,
As festas a que não se pertence
E o amor opressivo,
Profundamente estranho.
A terra começa a exalar
A fetidez antepassada,
O sol começa a mostrar
O seu verdadeiro rosto
De demoras e omissões,
Excessos abrasadores.
A paisagem, o betão,
Já não se vestem
De ternura alguma,
De paraíso algum.
É preciso lidar
Um fogo posto
Que recusa morrer,
Um fogo a ganhar raízes
E cada vez mais alto,
Que dura para além
Do seu combustível,
Fogo malévolo e salvífico,
Hoste a engrossar no coração
Em gotas de demónio,
Polvorosa dos anjos.
Pródigo é o filho agreste
Que não volta nunca
A esta devastação.
Só a distância lhe servirá –
Só assim poderá restar
Alguma coisa
De prédios amados,
E dos ossos de antepassados,
Do pó amado,
Último reduto da carne.
O remorso do pródigo
Reverdece tudo.

Dopo il latte materno
Ed il mosto paterno,
Dopo i placidi giorni,
Le ortiche e i roveti,
Le ginocchia sbucciate,
Dopo cazzotti e polluzioni,
Le notti come libri,
Il male dall’asfalto,
Le feste in cui si sta da intrusi
E l’amore oppressivo,
Profondamente estraneo.
La terra comincia a emanare
Il fetore ancestrale,
Il sole comincia a mostrare
Il suo vero volto
Di ritardi e omissioni,
Eccessi prorompenti.
Il paesaggio, il cemento,
Non si rivestono più
Di nessuna tenerezza,
Di nessun paradiso.
Occorre affrontare
Un incendio doloso
Che rifiuta d’estinguersi,
Un fuoco che attecchisce
E si fa sempre più alto,
Che dura ben oltre
Il suo combustibile,
Fuoco malevolo e salvifico,
Parassita che s’accresce nel cuore
In gocce di demonio,
In subbuglio d’angeli.
Prodigo è il figlio ribelle
Che non torna mai
A questa devastazione.
Solo la distanza gli servirà –
Solo così potrà sopravvivere
Qualche cosa
Delle case amate,
E delle ossa d’antenati,
Della terra amata,
Ultimo ricetto della carne.
Il rimorso del prodigo
Rinverdisce tutto.

________________

Gregorio di Cecco
Madonna dell'Umiltà (1423)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (9) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)