Elogio da amada


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Elogio da Amada
Elogio dell’amata


Ei-la que vem ubérrima numerosa escolhida
secreta cheia de pensamentos isenta de cuidados
Vem sentada na nova primavera
cercada de sorrisos no regaço lírios
olhos feitos de sombra de vento e de momento
alheia a estes dias que eu nunca consigo
Morde-lhe o tempo na face as raízes do riso
começa para além dela a ser longe
A amada é bem a infância que vem ter comigo
Há pássaros antigos nos límpidos caminhos
e mortes como antes nunca mais
Ei-la já que se estende ampla como uma pátria
no limiar da nossa indiferença
Os nossos átrios são para os seus pés solitários
Já todos nós esquecemos a casa dos pais
ela enche de dias as nossas mãos vazias
A dor é nela até que deus começa
eu bem lhe sinto o calcanhar do amor
Que importa sermos de uma só manhã e não haver em volta
árvore mais açoitada pelos diversos ventos?
Que importa partirmos num desmoronar de poentes?
Mais triste mesmo a vida onde outros passarão
multiplicando-lhe a ausência que importa
se onde pomos os pés é primavera?
Eccola che viene abbondante rigogliosa eletta
segreta ricca di pensieri esente di prudenza
Viene seduta sulla nuova primavera
circondata da sorrisi e con gigli in grembo
occhi fatti d'ombra di vento e di momento
aliena a questi giorni cosa che a me non riesce
Sul viso il tempo la morde alle radici del sorriso
e dopo di lei comincia a andar lontano
L’amata è dunque l’infanzia che da me ritorna
Ci sono vecchi uccellini sui limpidi sentieri
e ci son tante morti come mai prima
Eccola che già s’estende vasta come una patria
sulla soglia della nostra indifferenza
I nostri ingressi son fatti per i suoi piedi solitari
Noi tutti abbiamo ormai scordato la casa natia
ella riempie di giorni le nostre mani vuote
Il dolore è già in lei prima che dio esordisca
io chiari sento i passi dell’amore
Che importa se siamo d'un solo mattino e qui intorno
non ci sono più alberi sferzati da tutti i venti?
Che importa se ce ne andiamo in uno sgretolarsi di tramonti?
Ben più triste è la vita ove altri passeranno
moltiplicando la propria assenza che importa
se dove posiamo i piedi è primavera?
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Cândido Portinari
Ragazzi sull'altalena (1960)
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