Oh as casas as casas as casas


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Oh as casas as casas as casas
Oh le case le case le case


Oh as casas as casas as casas
as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
ela morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
respirei – ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas
Oh le case le case le case
le case nascono vivono e muoiono
Finché son vive si distinguono l’una dall’altra
si distinguono particolarmente per il profumo
che varia addirittura da stanza a stanza
Ah le case che io costruivo da piccolo
dove potrei essere io oggi se fossi piccolo?
E dove potrei essere dopo aver scritto questi versi?
Avrò una casa dove poter serbare tutto questo
o continuerò ad essere soltanto questa instabilità?
Ah le case loro sembrano stabili
invece non sono che povere fragili case
Oh le case le case le case
mute testimoni della vita
loro muoiono non solo quando sono demolite
loro muoiono della morte della gente
Le case ci guardano attraverso le finestre
I costruttori non sanno niente delle case
né i proprietari né gli agenti immobiliari
I ricchi vivono nei loro palazzi
ma la casa dei poveri è tutto un mondo
i poveri sì che conoscono le case
i poveri conoscono ogni cosa
Io ho amato le case gli angoli delle case
Ho visitato case ho toccato case
Solo le case spiegano perché esista
una parola come intimità
Senza le case non ci sarebbero strade
le strade dove incontriamo gli altri
ma dove soprattutto incontriamo noi stessi
In una casa sono nato e morirò
in una casa ho sofferto ho condiviso ho amato
in una casa ho attraversato le stagioni
ho respirato – O vita mero problema di respirazione
Oh le case le case le case
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Carlos Botelho
Case (1936)
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