O parque


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O parque
Il parco


À noite ele vai ao parque
entre o mar e a cidade
e o precipício do céu
e o abismo do seu eu.
Com toda amabilidade
ele joga a rede e fere
as águas da noite suave
e colhe o que se oferece:
no sentido do relógio,
as luzes de Niterói,
a escuridão e a Urca
e sobre ela o Pão de Açúcar;
depois, pistas de automóveis
e em meio a certas folhagens
sabe-se lá o que fazem
uns atletas quase imóveis;
o Hotel Glória iluminado
atrás de um bosque no breu;
o monumento, um soldado,
e adiante o museu
e a marina; e depois,
vindo lá do aeroporto
um longínquo odor de esgoto
ofende as damas da noite;
e há vultos à beira-mar
e amantes à meia-luz
e à superfície do mar
um azul que tremeluz
e seu desejo encarnado
na mão de certo moreno
tão cálido e apaixonado
que é louco pelo sereno;
e finalmente o que há
é a via láctea a jorrar
no alto do firmamento
e a seus pés sem fundamento.
Di notte egli va al parco
tra il mare e la città
e il precipizio del cielo
e l’abisso del suo io.
Con estremo riguardo
lancia la rete e fende
le acque della notte soave
e raccoglie ciò che gli si offre:
in senso orario,
le luci di Niterói,
l’oscurità e la Urca
e sopra di lei il Pan di Zucchero;
poi, piste automobilistiche
e in mezzo a certe fratte,
chissà mai che ci fanno,
degli atleti quasi immobili;
l’Hotel Gloria illuminato
dietro un boschetto al buio;
il monumento, un soldato,
e di fronte il museo
e la marina; e poi,
venendo dall’aeroporto
un remoto odor di fogna
offende le dame della notte;
e ci sono presenze in riva al mare
e amanti nella penombra
e sulla superficie del mare
un blu tremulo e lucente
e il suo desiderio incarnato
nella mano di un moretto
così ardente e innamorato
che va pazzo per la rugiada;
e che c’è per finire:
c’è la via lattea che prorompe
nell’alto del firmamento
e ai suoi piedi senza fondamento.
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Felice Casorati
Via Lattea con barche (1913)
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