Tâmiris


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Tâmiris
Tamiri


Jamais poeta algum houve mais alto
do que Tâmiris, o trácio, rival
de Orfeu, cujo canto é capaz de dar
saudade do que nunca nos foi dado
salvo reflexo em verso de cristal.
Se um mortal alcançasse ser feliz,
tal seria Tâmiris: quem o vir
deitado sobre a grama com o rapaz
(digno, pela beleza, de dormir
nos braços do próprio Apolo) que o ama
e cujos cabelos Zéfiro afaga
com dedos volúveis, há de convir
comigo em que é assim, a menos que haja
visto, no rio em que agora mergulham
ou na relva que ao sol dourada ondula
no antebraço do moço à beira d'água
ou na ode em que essa manhã fulgura
e foge para sempre, agora e aqui
refolharem-se o passado, o porvir,
o alhures: tantas trevas na medula
da luz. Já Tâmiris quer possuir
as Musas que o possuem. É seu fado
desafiá-las e perder: insensato,
esplêndido, cego, cheio de si.
Non vi fu mai poeta più sublime
di Tamiri, il tracio, rivale
d’Orfeo, il cui canto sa suscitar
rimpianto per ciò che mai ci fu concesso
se non come riflesso del suo puro verso.
Se a un mortale fosse toccato d’esser felice,
questi sarebbe Tamiri: chi l’ha visto
disteso sopra il prato col giovinetto
(degno, per la bellezza, di dormire
tra le braccia d’Apollo) che lo ama
e i cui capelli Zefiro accarezza
con dita volubili, dovrà concordare
con me che questo è vero, a meno che abbia
visto, nel fiume in cui ora si tuffano
o sull’erba che dorata al sole ondeggia
sull’avambraccio del fanciullo in riva all’acqua
o nell’ode in cui questo mattino rifulge
e per sempre fugge, adesso e qui
imboscarsi il passato, il futuro,
l’altrove: caddero fonde tenebre nel cuore
della luce. Ormai Tamiri vuol possedere
le Muse che lo possiedono. È il suo fato
sfidarle e perdere: insensato,
splendido, cieco, pieno di sé.
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Giorgio de Chirico
Oreste e Pilade (1963)
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