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Chove lá fora
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Piove là fuori
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Chove lá fora sobre as serranias de Aiuruoca.
Chove lá fora sobre o gado em aboio.
Chove lá fora sobre os bambuais e o rio.
Chove lá fora sobre antigos caminhos da minha infância,
com arapucas armadas e rolinhas,
e folhas úmidas nos pés descalços,
e lírios já orvalhados.
Chove sobre os pirilampos no escuro
em verde fosforescência.
Chove sobre o corpo de minha mãe doente,
exposto ao tempo e à febre.
Chove dentro do meu peito.
Chove uma chuva miúda e triste.
Chove, afinal, sobre os telhados do mundo.
Chove nos escombros do World Trade Center,
no Marco Zero da Grande América divinizada.
Chove sobre as mulheres iraquianas orando e balindo.
Chove sobre os campos de refugiados no Afeganistão,
em suas barracas esfarrapadas ventando;
assim como antes chovera nos campos de Sabra
e Shatila,
e no Gueto de Varsóvia.
Chove na piazza de São Pedro, deserta,
e sobre os ombros encarquilhados do Papa.
Ouço a chuva caindo sobre minaretes e sinagogas
com seu ruído monótono.
Vejo a chuva molhando o corpo dilacerado de um
menino palestino,
com as mãos agarradas a uma pedra.
Chove nos capacetes metálicos dos soldados de Israel,
nas suas viseiras de aço e miras telescópicas.
Chove ainda hoje sobre mim,
bêbado, sozinho e urinando na chuva,
com um miserável soluço na garganta.
Eu sei que chove hoje e choverá para sempre,
em lento e definitivo dilúvio,
sem intervalo, nem instante,
até que tudo esteja submerso sob as águas,
e na superfície nada,
nada respire sobre as ondas.
Chove lá fora sobre o gado em aboio.
Chove lá fora sobre os bambuais e o rio.
Chove lá fora sobre antigos caminhos da minha infância,
com arapucas armadas e rolinhas,
e folhas úmidas nos pés descalços,
e lírios já orvalhados.
Chove sobre os pirilampos no escuro
em verde fosforescência.
Chove sobre o corpo de minha mãe doente,
exposto ao tempo e à febre.
Chove dentro do meu peito.
Chove uma chuva miúda e triste.
Chove, afinal, sobre os telhados do mundo.
Chove nos escombros do World Trade Center,
no Marco Zero da Grande América divinizada.
Chove sobre as mulheres iraquianas orando e balindo.
Chove sobre os campos de refugiados no Afeganistão,
em suas barracas esfarrapadas ventando;
assim como antes chovera nos campos de Sabra
e Shatila,
e no Gueto de Varsóvia.
Chove na piazza de São Pedro, deserta,
e sobre os ombros encarquilhados do Papa.
Ouço a chuva caindo sobre minaretes e sinagogas
com seu ruído monótono.
Vejo a chuva molhando o corpo dilacerado de um
menino palestino,
com as mãos agarradas a uma pedra.
Chove nos capacetes metálicos dos soldados de Israel,
nas suas viseiras de aço e miras telescópicas.
Chove ainda hoje sobre mim,
bêbado, sozinho e urinando na chuva,
com um miserável soluço na garganta.
Eu sei que chove hoje e choverá para sempre,
em lento e definitivo dilúvio,
sem intervalo, nem instante,
até que tudo esteja submerso sob as águas,
e na superfície nada,
nada respire sobre as ondas.
Piove là fuori sulle montagne di Aiuruoca.
Piove là fuori sul bestiame cullato dal canto del pastore.
Piove là fuori sui canneti e sul fiume.
Piove là fuori sugli antichi sentieri della mia infanzia,
con trappole in agguato e colombelle,
e foglie umide sotto i piedi scalzi
e gigli già rugiadosi.
Piove sulle lucciole al buio
in verde fosforescenza.
Piove sul corpo della mia mamma malata,
esposto al tempo e alla febbre.
Piove dentro il mio cuore.
Piove una pioggia sottile e triste.
Piove, in fondo, su tutti i tetti del mondo.
Piove sulle rovine del World Trade Center,
sul Ground Zero della Grande America divinizzata.
Piove sulle donne irachene che pregano e gemono.
Piove sui campi dei rifugiati in Afghanistan,
sulle loro baracche devastate dal vento;
così come prima era piovuto sui campi di Sabra
e Chatila,
e nel ghetto di Varsavia.
Piove su Piazza San Pietro, deserta,
e sulle spalle incurvate del Papa.
Sento la pioggia che cade su minareti e sinagoghe
col suo rumore monotono.
Vedo la pioggia che bagna il corpo dilaniato
di un bambino palestinese,
con le mani aggrappate ad un sasso.
Piove sugli elmetti metallici dei soldati d’Israele,
sulle loro visiere d’acciaio e sui mirini telescopici.
Piove ancor oggi su di me,
ubriaco, solo, mentre urino sotto la pioggia,
con un miserevole singhiozzo in gola.
Io so che piove oggi e pioverà per sempre,
in un lento e definitivo diluvio,
senza pausa, né urgenza,
finché tutto sarà sommerso sott’acqua,
e in superficie nulla,
nulla che respiri sopra le onde.
Piove là fuori sul bestiame cullato dal canto del pastore.
Piove là fuori sui canneti e sul fiume.
Piove là fuori sugli antichi sentieri della mia infanzia,
con trappole in agguato e colombelle,
e foglie umide sotto i piedi scalzi
e gigli già rugiadosi.
Piove sulle lucciole al buio
in verde fosforescenza.
Piove sul corpo della mia mamma malata,
esposto al tempo e alla febbre.
Piove dentro il mio cuore.
Piove una pioggia sottile e triste.
Piove, in fondo, su tutti i tetti del mondo.
Piove sulle rovine del World Trade Center,
sul Ground Zero della Grande America divinizzata.
Piove sulle donne irachene che pregano e gemono.
Piove sui campi dei rifugiati in Afghanistan,
sulle loro baracche devastate dal vento;
così come prima era piovuto sui campi di Sabra
e Chatila,
e nel ghetto di Varsavia.
Piove su Piazza San Pietro, deserta,
e sulle spalle incurvate del Papa.
Sento la pioggia che cade su minareti e sinagoghe
col suo rumore monotono.
Vedo la pioggia che bagna il corpo dilaniato
di un bambino palestinese,
con le mani aggrappate ad un sasso.
Piove sugli elmetti metallici dei soldati d’Israele,
sulle loro visiere d’acciaio e sui mirini telescopici.
Piove ancor oggi su di me,
ubriaco, solo, mentre urino sotto la pioggia,
con un miserevole singhiozzo in gola.
Io so che piove oggi e pioverà per sempre,
in un lento e definitivo diluvio,
senza pausa, né urgenza,
finché tutto sarà sommerso sott’acqua,
e in superficie nulla,
nulla che respiri sopra le onde.
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Henri Rousseau detto il Doganiere La guerra (1894) |
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