Nietzsche


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Nietzsche
Nietzsche


 para Oswaldo Giacóia

Nasci póstumo.
Nunca em vida me leram, sequer me ouviram.
Vem da sala de pensão esta música de piano,
nem bela, nem triste,
nos confins de Turim, onde me exilo.
No entanto, ninguém passarà, sem medo,
diante de minha alegria trágica.

Sou o viandante e minha própria sombra.
Lá fora, depois do vento frio e da chuva,
surgirá a manhã, em inviolável segredo.
No fundo da praça deserta,
ao lado de uma árvore, somente um banco.
Mas, bem cedo, sob um sol parado,
reiniciarei minha absurda caminhada.

Eu sou eu, não me confundam!
Sobretudo não fui eu quem criou,
ao longo de confusos milênios,
nenhuma ilusão metafísica.
Quanta verdade suporta um espírito?
No mundo não existem certezas imediatas.
O que o Olho vê? Apenas outro Olho
dentro do mesmo terrível Olho.

Nem mais, nem menos.

 a Oswaldo Giacóia

Son nato postumo.
Non m’hanno mai letto in vita e neanche m’hanno udito.
Dalla sala d’albergo viene questo suono di piano,
né bello, né triste,
alle porte di Torino, ove m’esilio.
Tuttavia, nessuno passerà, senza sgomento,
davanti alla mia tragica allegria.

Sono il viandante e la mia stessa ombra.
Là fuori, dopo il vento freddo e la pioggia,
nascerà il mattino, in assoluto segreto.
In fondo alla piazza deserta,
accanto ad un albero, solo una panchina.
Ma, ben presto, sotto un sole immoto,
riprenderò la mia assurda passeggiata.

Io sono io, non mi confondete!
Soprattutto non fui io a creare,
nel corso di confusi millenni,
alcuna illusione metafisica.
Quanta verità sopporta uno spirito?
Al mondo non esistono certezze immediate.
Che cosa vede l’Occhio? Soltanto l’altro Occhio
dentro lo stesso terribile Occhio.

Né più, né meno.

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Edvard Munch
Ritratto di Friedrich Nietzsche (1906)
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