Improviso para Porto Seguro


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Improviso para Porto Seguro
Improvviso per Porto Seguro


Porto Seguro,
onde – dizem –,
tudo teria começado.
Praia de Apuã – ali aportamos.
Noite de lua cheia.
Minha filha disse:
– Pai, vamos apagar a lua?
E fomos.
No istmo de Coroa Vermelha,
a lua se pega com a mão.
Mas não a apagamos.
Nessa luz amarela e triste,
com índios pataxós fumando,
o corpo também flutua.
Os pés fundos na areia
são pegadas de dinossauros,
sonhos sáurios de ovos,
desde o princípio do mundo.
Porque o mar ali tudo fecunda,
com seu sal e espuma.
O ambiente marinho doura
as ideias e as confeitam
como fazem os caramujos
em sagrados volteios
e na bela arquitetura
de uma concha vã
onde torcendo o som
e verberando em silêncio
guardam o rumor primitivo
esse misterioso rumor
do princípio da vida
de onde todos viemos.
E para onde voltaremos.


Porto Seguro,
dove – si dice –,
tutto sia cominciato.
Spiaggia di Apuã – lì siamo approdati.
Notte di luna piena.
Mia figlia disse:
– Papà, andiamo a spegnere la luna?
E andammo.
Sull’istmo di Coroa Vermelha,
la luna si tocca con la mano.
Ma noi non la spegnemmo.
In quella luce gialla e triste,
dove fumano gli indios pataxós,
anche il corpo fluttua.
I piedi affondati nella sabbia
sono impronte di dinosauro,
sogni saurici d’uova,
fin dal principio del mondo.
Perché il mare lì tutto feconda,
col suo sale e la spuma.
L’ambiente marino indora
le idee e le candisce
come fanno le lumache
in sacrali volteggi
e nella bella architettura
d'una conchiglia vuota,
ove ritorcendo il suono
e riverberandolo in silenzio,
trattengono il primigenio rumore,
quel misterioso rumore
dell’inizio della vita
da dove tutti veniamo.
E a cui ritorneremo.

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Terra Brasilis,
tavola tratta dall'Atlante Miller (1519 circa)
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