Assim me lembro...


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Assim me lembro...
Mi ricordo così...


Assim me lembro.
O sol através das vidraças
desenhava coisas no assoalho.
Meu coração inquieto de criança
só amava ver o que não havia.
E nos feixes de luz,
as partículas brilhantes,
poeira leve no ar,
numa fina agitação.
Pó de borboletas,
milhares de minúsculos
mundos habitados:
luminosas constelações.

Minha mãe, tecelã do meu pranto,
já não está mais comigo.
Entanto, ouço a máquina de costura,
entre paredes azuis, naquele quarto.
O calmo pedalar, o voar dos retroses,
dedais, colchas de retalhos,
o cheiro suave de tecido novo.

Ali aprendi minha solidão.
As pessoas se ajeitam, e passam.
Dos projetos, deixam alinhavos,
poucos reparos, teu nome bordado
nas meias, nas camisas de linho.
Mas o quarto, a mãe do menino,
esses ainda hoje existem,
e flutuam,
nalgum dos planetas da poeira,
tão distantes e próximos,
tão infinitos e mínimos.


Mi ricordo così.
Il sole attraverso i vetri
faceva dei disegni sul parquet.
Il mio cuore inquieto di fanciullo
amava vedere solo quel che non c’era.
E nei fasci di luce,
le particelle brillanti,
pulviscolo danzante,
in fine agitazione.
Polvere di farfalle,
migliaia di minuscoli
mondi abitati:
luminose costellazioni.

Mia madre, tessitrice del mio pianto,
ormai non è più con me.
Eppure io sento la macchina da cucire,
tra le azzurre pareti, in quella stanza.
Il calmo pedalare, il vorticare dei fili,
ditali, coperte di scampoli,
il tenue profumo di tessuto nuovo.

Ho conosciuto lì la mia solitudine.
Le persone s’adattano, e passano.
Dei progetti, lasciano imbastiture,
pochi rammendi, il tuo nome ricamato
sulle calze, sulle camicie di lino.
Ma la stanza, la mamma del bimbo,
loro ancor oggi esistono,
e fluttuano,
in qualche pianeta di polvere,
distanti eppure prossimi,
infiniti eppur minimi.

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Jan Vermeer
La merlettaia (particolare)
(1669-1670)
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