Elegia para minha mãe


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Elegia para minha mãe
Elegia per mia madre


Só me resta agora
esta graça triste
de te haver esperado
adormecer primeiro.

 Ouço agora o rumor
das raízes na noite,
também o das formigas
imensas, numerosas,
que estão, todas, corroendo
as rosas e as espigas.
 
Sou um ramo seco
onde duas palavras
gorjeiam. Mais nada.
E sei que já não ouves
estas vãs palavras.
Um universo espesso
dói em mim, com raízes
de tristeza e alegria.
Mas só lhe vejo a face
da noite e a do dia.
 
Não te dei o desgosto
de ter partido antes.
Não te gelei o lábio
com o frio do meu rosto.
O destino foi sábio:
entre a dor de quem parte
e a maior — de quem fica —
deu-me a que, por mais longa,
eu não quisera dar-te.
 
Que me importa saber
se por trás das estrelas
haverá outros mundos
ou se cada uma delas
é uma luz ou um charco?
O universo, em arco,
cintila, alto e complexo.
 E em meio disso tudo
e de todos os sóis
diurnos, ou noturnos,
só uma coisa existe.
 
É esta graça triste
de te haver esperado
adormecer primeiro.
 
É uma lapide negra
sobre a qual, dia e noite,
brilha uma chama verde.
Adesso a me resta soltanto
questa triste prerogativa
d’aver saputo aspettare
che t’addormentassi per prima.

Sento ancora il rumore
delle radici notturne,
ed anche delle formiche
immense, copiose,
tutte intente a corrodere
le spighe e le rose.
 
Io sono un ramo secco
su cui due parole
gorgheggiano. Nulla più.
E so che tu non senti già più
queste vane parole.
Uno spesso universo
duole in me, con radici
di tristezza e di gioia.
Ma io non vedo che il volto
della notte e del giorno.
 
Non ti ho dato il dispiacere
d’esser partito per primo.
Non ti ho gelato il labbro
con il freddo del mio viso.
Il destino è stato saggio:
tra il dolore di chi parte
e quello maggiore - di chi rimane -
ha dato a me, pur se più lungo,
quello che a te io non volli dare.
 
Che m’importa sapere
se al di là delle stelle
ci saranno altri mondi
o se ciascuna di esse
è una luce o una pozza?
La volta dell’universo
scintilla, alta e complessa. 
E in mezzo a tutto questo
e a tutti gli astri
diurni o notturni,
solo una cosa esiste.
 
E questa è la grazia triste
d’aver saputo aspettare
che t’addormentassi per prima.
 
È una lapide nera
sulla quale, notte e giorno,
brilla una fiamma verde.
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Egon Schiele
Madre morta (1910)
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