Terra de Manuel Bandeira


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Terra de Manuel Bandeira
Terra di Manuel Bandeira


Também eu quisera ir-me embora
pra Pasárgada,
também eu quisera libertar-me
e viver essa vida gostosa
que se vive lá em Pasárgada
(E como seria bom, Manuel Bandeira,
fugir duma vez pra Pasárgada!).
Entanto, tudo me prende aqui
a este lugar desta cidade provinciana.
Como deixar ao abandono o olhar
luminoso dessa mulher que eu amo?
Quem responderá às inquietas
perguntas de minha filha pequena
(cabelo curto, olhos de sonho)?
Quem, no sereno da noite, para as beijar
com ternura e nos braços acalentar?
E esta vida, este sítio,
e estes homens e estes objectos?
E as coisas que amei e as que esqueci?
E os meus mortos e as doces recordações,
as conversas de café e os passeios no
entardecer fusco da cidade?
E o cinema todos os sábados, segurando
com força a mão de minha mulher?
Eles nem são amigos do rei
e a entrada lá é limitada.
Por isso é que eu não fujo
duma vez, pra Pasárgada.
Anch’io vorrei lasciare tutto
per andarmene a Pasárgada,
anch’io vorrei essere libero
e vivere quella vita piacevole
che si vive là a Pasárgada
(E come sarebbe bello, Manuel Bandeira,
fuggire per sempre a Pasárgada!).
Eppure, tutto mi trattiene qui
in questi posti di questa città di provincia.
Come lasciare in abbandono lo sguardo
luminoso di questa donna che amo?
Chi risponderà alle inquiete
domande della mia figlioletta
(capelli corti, occhi di sogno)?
Chi, sotto il cielo notturno, le bacerà
con dolcezza e le terrà tra le braccia?
E questa vita, questo luogo,
e questi uomini e questi oggetti?
E le cose che ho amato e quelle dimenticate?
E i miei morti e i dolci ricordi,
le chiacchiere al caffè e le passeggiate nel
malinconico tramonto della città?
E il cinema tutti i sabati, tenendo
salda la mano della mia donna?
Loro non sono amici del re
e l’entrata è limitata.
Ed è per questo che non fuggo
per sempre, a Pasárgada.
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Felice Casorati
La famiglia Consoaro Girelli (1916)
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