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Aprendiz na oficina da poesia
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Apprendista nella bottega della poesia
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Não rimes.
Ou rima, se quiseres, mas não violentes a palavra. Não busques ansioso, qual amante inexperiente, a palavra. Espera antes a sua vinda. Música e rima são acessórios dispensáveis: O poema é outra coisa. Deixa, pois que as palavras acordem na matriz e caiam maduras. Áridas ou frias, secas e imperturbáveis, orvalhadas, humildes, estropiadas até, que sejam precisas, prenhes de significado. Espera as palavras. Elas viajam misteriosas, desconhecidas ainda, elas germinam em ti. Caem. Juntam-se. Doloridas, feias sob o visco placentário, deselegantes por vezes, elas procuram-se e organizam-se. Juntas transcendem-se, há algo de íntimo, coeso e secreto nelas. O poema está aí. |
Non rimare.
Oppure rima, se preferisci, ma senza violentare la parola. Non cercare bramoso, quale amante maldestro, la parola. Aspetta invece che sia lei ad arrivare. Musica e rima sono sussidi superflui: La poesia è altra cosa. Lascia, dunque che le parole si destino in embrione e cadano mature. Asciutte o fredde, secche e impassibili, roride, semplici, perfino distorte, che siano esatte, dense di significato. Aspetta le parole. Esse viaggiano in incognito, ancora inesplorate, esse germinano in te. Cadono. S’aggregano. Dolenti, brutte sotto il vischio placentare, trasandate a volte, esse si cercano e si strutturano. Unite si trascendono, c’è un che di intimo, coeso e segreto in loro. Ecco la poesia. |
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René Magritte Specchio vivo |
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