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A Encomenda do Silêncio
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L’esortazione al silenzio
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(ou o indizível ..., digo eu)
Já reparaste que tens o mundo inteiro dentro da tua cabeça e esse mundo em brutal compressão dentro da tua cabeça é o teu mundo e já reparaste que eu tenho o mundo inteiro dentro da minha cabeça e esse mundo em brutal compressão dentro da minha cabeça é o meu mundo o qual neste momento não te está a entrar pelos olhos mas através dos nomes pois o que tu tens dentro da tua cabeça e o que eu tenho dentro da minha cabeça são os nomes do mundo em brutal compressão como um filtro ou coador de forma que nem és tu que conheces o mundo nem sou eu que conheço o mundo mas os nomes que tu conheces é que conhecem o mundo e os nomes que eu conheço é que conhecem o mundo o qual entra em ti e o qual entra em mim através dos nomes que já tem de forma que o que entra pelos meus olhos não pode entrar pelos teus olhos mas só pela tua cabeça através dos nomes dados pela minha cabeça àquilo que entrou pelos meus olhos já com nomes e do mesmo modo o que entra pelos teus olhos não pode entrar pelos meus olhos mas só pela minha cabeça através dos nomes dados pela tua cabeça àquilo que entrou pelos teus olhos já com nomes e assim o que tu vês já está normalmente dentro de ti antes de tu o veres e assim o que eu vejo já está normalmente dentro de mim antes de eu o ver e tudo quanto tu possas ver para aquém ou para além dos nomes é indizível e fica dentro de ti e tudo quanto eu possa ver para aquém ou para além dos nomes é indizível e fica dentro de mim e é assim que vamos construindo a nós mesmos pela segunda vez tu a ti e eu a mim... construindo uma consciência irrepetível e intransmissível cada vez mais intensa e em si tu em ti eu em mim no entanto continuando a falar um com o outro tu comigo e eu contigo cada um tentando dizer ao outro como é o mundo inteiro que tem dentro da cabeça e porque é e para que é tu o teu mundo que tens dentro da tua cabeça eu o meu mundo que tenho dentro da minha cabeça até que morra um de nós e depois o outro... |
(o l’ineffabile ..., dico io)
Hai già notato che hai il mondo intero dentro la tua testa e questo mondo in brutale compressione dentro la tua testa è il tuo mondo e hai già notato che io ho il mondo intero dentro la mia testa e questo mondo in brutale compressione dentro la mia testa è il mio mondo che in questo momento non ti sta entrando per gli occhi ma attraverso i nomi infatti quel che tu hai dentro la tua testa e quel che io ho dentro la mia testa sono i nomi del mondo in brutale compressione come un filtro o un colino di modo che non sei tu a conoscere il mondo e non sono io a conoscere il mondo ma sono i nomi che tu conosci quelli che conoscono il mondo e sono i nomi che io conosco che conoscono il mondo il quale entra in te e il quale entra in me attraverso i nomi che già possiedono di modo che quel che entra per i miei occhi non può entrare per i tuoi occhi ma solo per la tua testa attraverso i nomi dati dalla mia testa a quello ch’è entrato per i miei occhi già con i suoi nomi e nello stesso modo quello che entra per i tuoi occhi non può entrare per i miei occhi ma solo per la mia testa attraverso i nomi dati dalla tua testa a quello che è entrato per i tuoi occhi già con i suoi nomi e perciò ciò che tu vedi normalmente sta già dentro di te prima che tu lo veda e perciò ciò che io vedo normalmente sta già dentro di me prima che io lo veda e tutto quanto tu possa vedere al di qua e al di là dei nomi è ineffabile e si trova dentro di te e tutto quanto io possa vedere al di qua e al di là dei nomi è ineffabile e si trova dentro di me ed è così che stiamo dando forma a noi stessi per la seconda volta tu a te e io a me... costruendo una coscienza irripetibile e intrasmissibile sempre più intensamente in sé tu in te io in me continuando però a parlare l’uno con l’altro tu con me e io con te ciascuno tentando di dire all’altro com’è il mondo intero che sta dentro la testa e perché c’è e per qual motivo tu col tuo mondo che hai dentro la tua testa io col mio mondo che ho dentro la mia testa finché muoia uno di noi e poi l’altro... |
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Joan Miró La nascita del mondo (1967) |
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