Michael Furey


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Michael Furey
Michael Furey


Em que pensas? Acho que sei
em que pensas.

Exausta, distraída, abstracta,
acho que sei em que pensas.

Entre lágrimas dizes que não.
Que não é nada.

Apenas um rapaz de Galway
e que em Galway cantava.

Acho que sei em que pensas.
Amas esse rapaz. 

Um rapaz de grandes olhos escuros,
dizes, ainda te lembras

como se fosse agora.
Tão grandes tão escuros.

Acho que sei em que pensas.
Vais ter com esse rapaz.

Junto da vidraça dizes não vou,
o rapaz mal chegado aos dezassete

morreu. E tudo é de repente terrível
como o candeeiro público apagado.

Acho que sei em que pensas.
Faz falta esse rapaz.

Estava bem com ele, dizes,
tão gentil, tão bela voz,

passeávamos, dizes,
como se faz no campo.

Acho que sei em que pensas.
Em que pensas?

Numa noite de chuva, de tanta chuva,
ele atirava pedrinhas à minha janela.

E não se ia embora.
E não se foi embora.

Tão dócil doente encharcado.
«Acho que morreu por mim.»

Acho que sei em que pensas.
Chove muito, lá fora.
A che pensi? Penso di sapere
a che pensi.

Esausta, distratta, astratta,
penso di sapere a che pensi.

Tra le lacrime tu dici di no.
Che non è nulla.

Soltanto un ragazzo di Galway
e che a Galway cantava.

Penso di sapere a che pensi.
Tu ami questo ragazzo. 

Un ragazzo dai grandi occhi scuri,
dici, te ne ricordi ancora

come se fosse ora.
Così grandi così scuri.

Penso di sapere a che pensi.
Vai a trovare questo ragazzo.

Accanto alla vetrata dici che non vai,
quel ragazzo aveva appena fatto i diciassette

quando era morto. E d’un tratto tutto è terribile
come un lampione pubblico che si spegne.

Penso di sapere a che pensi.
Ti manca quel ragazzo.

Stavo bene con lui, dici,
così gentile, una così bella voce,

passeggiavamo, dici,
come si fa in campagna.

Penso di sapere a che pensi.
A che pensi?

In una notte di pioggia, di forte pioggia,
lui tirava sassolini alla mia finestra.

E non se ne andava via.
E non se ne andò via.

Così delicato malato fradicio.
«Credo che sia morto per me.»

Penso di sapere a che pensi.
Piove forte, là fuori.
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Vilhelm Hammershøi
L'artista e la moglie allo specchio (1911)
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