A lixeira cultural


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Alberto Pimenta »»
 
As Moscas de Pégaso (1998) »»
 
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A lixeira cultural
La spazzatura culturale


Contribuo
com o que posso
para
a lixeira cultural

não é muito eu sei
outros dão muito mais
eu não passo de um amador
enfim

o importante
é cada um dar o seu melhor
como dizem os irresponsáveis.
Contribuisco
con quel che posso
alla
spazzatura culturale

non è molto lo so
altri offrono molto di più
io non sono che un dilettante
in fin dei conti

l’importante
è che ciascuno faccia del suo meglio
come dicono gli irresponsabili.
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Jean-Michel Basquiat
Aboriginal (1984)
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Às vezes, regressar…



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Nuno Rocha Morais »»
 
Poesie inedite »»
nunorochamorais.blogspot.com (gennaio 2025) »»
 
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Às vezes, regressar…
Talvolta, ritornare…


Às vezes, regressar não é bem um regresso
Se já nada ficou do lugar
De onde se partiu.
O regresso pode ser anulado
Pelos olhares que a indiferença apouca,
Pela sombra de coisas que já não existem,
Pela sombria aragem de uma seiva perdida.
Um lugar é um lento fruto de sabor rápido,
Esboroa-se e os seus sedimentos dispersam-se.
Talvolta, ritornare non è un vero ritorno
Se più nulla è rimasto del luogo
Da cui si è partiti.
Il ritorno può essere annientato
Dagli sguardi che l’indifferenza umilia,
Dall’ombra delle cose che più non esistono,
Dall’aura struggente d’una linfa perduta.
Un luogo è un frutto moscio dal sapore effimero,
Si disfa e i suoi sedimenti si disperdono.
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Fernand Leger
Paesaggio animato (1924)
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A Encomenda do Silêncio


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As Moscas de Pégaso (1998) »»
 
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A Encomenda do Silêncio
L’esortazione al silenzio


    (ou o indizível ..., digo eu)

Já reparaste que tens o mundo inteiro
dentro da tua cabeça
e esse mundo em brutal compressão dentro da tua
 cabeça
é o teu mundo
e já reparaste que eu tenho o mundo inteiro
dentro da minha cabeça
e esse mundo em brutal compressão dentro da minha
 cabeça
é o meu mundo
o qual neste momento não te está a entrar pelos olhos
mas através dos nomes
pois o que tu tens dentro da tua cabeça
e o que eu tenho dentro da minha cabeça
são os nomes do mundo em brutal compressão
como um filtro ou coador
de forma que nem és tu que conheces o mundo
nem sou eu que conheço o mundo
mas os nomes que tu conheces é que conhecem
 o mundo
e os nomes que eu conheço é que conhecem o mundo
o qual entra em ti e o qual entra em mim
através dos nomes que já tem
de forma que o que entra pelos meus olhos não pode
entrar pelos teus olhos
mas só pela tua cabeça através
dos nomes dados pela minha cabeça
àquilo que entrou pelos meus olhos já com nomes
e do mesmo modo
o que entra pelos teus olhos não pode
entrar pelos meus olhos
mas só pela minha cabeça através
dos nomes dados pela tua cabeça
àquilo que entrou pelos teus olhos já com nomes
e assim o que tu vês
já está normalmente dentro de ti antes de tu o veres
e assim o que eu vejo
já está normalmente dentro de mim antes de eu o ver
e tudo quanto tu possas ver para aquém ou para além
 dos nomes
é indizível e fica dentro de ti
e tudo quanto eu possa ver para aquém ou para além
 dos nomes
é indizível e fica dentro de mim
e é assim que vamos construindo a nós mesmos pela
 segunda vez
tu a ti e eu a mim...
construindo uma consciência irrepetível e intransmissível
cada vez mais intensa e em si
tu em ti eu em mim
no entanto continuando a falar um com o outro
tu comigo e eu contigo
cada um
tentando dizer ao outro
como é o mundo inteiro que tem dentro da cabeça
e porque é e para que é
tu o teu mundo que tens dentro da tua cabeça
eu o meu mundo que tenho dentro da minha cabeça
até que morra um de nós
e depois o outro...
    (o l’ineffabile ..., dico io)

Hai già notato che hai il mondo intero
dentro la tua testa
e questo mondo in brutale compressione dentro la tua
 testa
è il tuo mondo
e hai già notato che io ho il mondo intero
dentro la mia testa
e questo mondo in brutale compressione dentro la mia
 testa
è il mio mondo
che in questo momento non ti sta entrando per gli occhi
ma attraverso i nomi
infatti quel che tu hai dentro la tua testa
e quel che io ho dentro la mia testa
sono i nomi del mondo in brutale compressione
come un filtro o un colino
di modo che non sei tu a conoscere il mondo
e non sono io a conoscere il mondo
ma sono i nomi che tu conosci quelli che conoscono
 il mondo
e sono i nomi che io conosco che conoscono il mondo
il quale entra in te e il quale entra in me
attraverso i nomi che già possiedono
di modo che quel che entra per i miei occhi non può
entrare per i tuoi occhi
ma solo per la tua testa attraverso
i nomi dati dalla mia testa
a quello ch’è entrato per i miei occhi già con i suoi nomi
e nello stesso modo
quello che entra per i tuoi occhi non può
entrare per i miei occhi
ma solo per la mia testa attraverso
i nomi dati dalla tua testa
a quello che è entrato per i tuoi occhi già con i suoi nomi
e perciò ciò che tu vedi
normalmente sta già dentro di te prima che tu lo veda
e perciò ciò che io vedo
normalmente sta già dentro di me prima che io lo veda
e tutto quanto tu possa vedere al di qua e al di là dei
 nomi
è ineffabile e si trova dentro di te
e tutto quanto io possa vedere al di qua e al di là dei
 nomi
è ineffabile e si trova dentro di me
ed è così che stiamo dando forma a noi stessi per la
 seconda volta
tu a te e io a me...
costruendo una coscienza irripetibile e intrasmissibile
sempre più intensamente in sé
tu in te io in me
continuando però a parlare l’uno con l’altro
tu con me e io con te
ciascuno
tentando di dire all’altro
com’è il mondo intero che sta dentro la testa
e perché c’è e per qual motivo
tu col tuo mondo che hai dentro la tua testa
io col mio mondo che ho dentro la mia testa
finché muoia uno di noi
e poi l’altro...
________________

Joan Miró
La nascita del mondo (1967)
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Obras de caridade


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Hífen, 7 (1994) »»
 
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Obras de caridade
Opere di carità


vigiar os polícias
ensinar os professores
confessar os padres
burlar os juristas
abater os talhantes
sangrar os médicos
condenar os juízes
difamar os críticos
morder os cães
comprar as batatas aos lavradores
tener d’occhio i poliziotti
insegnare ai professori
confessare i preti
imbrogliare gli avvocati
abbattere i macellai
salassare i medici
condannare i giudici
diffamare i critici
mordere i cani
comprare le patate ai contadini
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Honoré Daumier
Il macellaio (1857-1858)
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Teatro da guerra


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Alberto Pimenta »»
 
Obra quase incompleta (1990) »»
 
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Teatro da guerra
Il teatro della guerra


no teatro
da guerra
cada dia
trabalha
nova companhia.
mas permanece
o encenador
e a peça
é sempre
do mesmo autor.
o actor
esse fenece
com a cena
e desaparece.
é um teatro
realista
que a toda a hora
muda de artista.

mas de hora a hora deus melhora
nel teatro
della guerra
ogni giorno
lavora
una nuova compagnia.
ma non cambia
il regista
e il pezzo
è sempre
dello stesso autore.
l’attore
quello finisce
con la scena
e scompare.
è un teatro
realista
che ad ogni istante
cambia d’artista.

ma di ora in ora dio migliora
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Francisco Goya
Seppellire e tacere
del ciclo "I disastri della guerra" (1808-1814)
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Porco trágico - I


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Obra quase incompleta (1990) »»
 
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Porco trágico - I
Porco tragico - I


conheço um poeta
que diz que não sabe se a fome dos outros
é fome de comer
ou se é só fome de sobremesa alheia.
a mim o que me espanta
não é a sua ignorância:
pois estou habituado a que os poetas saibam muito
de si
e pouco ou nada dos outros.
o que me espanta
é a distinção que ele faz:
como se a fome da sobremesa alheia
não fosse
fome de comer
também.
conosco un poeta
che dice di non sapere se la fame degli altri
è fame di cibo
o se è solo fame dell’altrui dessert.
quel che mi stupisce
non è la sua ignoranza:
infatti sono abituato al fatto che i poeti sappiano molto
di sé
e poco o niente degli altri.
quel che mi stupisce
è la distinzione che egli fa:
come se la fame dell’altrui dessert
non fosse
fame di cibo
essa stessa.
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Wayne Thiebaud
Boston cremes (1962)
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Nuvola degli autori (e alcune opere)

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