António Nobre


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António Nobre
António Nobre


I.
Nas grutas do teu peito, a vocação
De um adeus outonal, da nostalgia
Da dor irrefragável, sem desvão
E, aí, o canto, como estalactite,
 
Moldava-se no tempo, nas imagens,
Na vida, que tu vias, te fugia,
Medida nos teus versos, nobres viagens,
E a dor que o coração ao ser permite.
 
O longe que a saudade fazia maior,
Nascia dos teus versos naturais,
Como eles jamais fossem escritos
Mas nascessem da terra, de uma dor,
De um horror que crescia e produzia
O feitiço do ritmo e melodia.
 
II.
Em ti, a vocação de um adeus outonal,
De outonal nostalgia,
De dor, mal outonal,
De um pranto, pétreas gotas desse canto,
Crescendo de um quebranto negro que te doía.
 
Vias medida a vida fugitiva, vida
Ida em marés de tempo,
No tempo, essa eterna ida,
Vida medida em versos de saudade e vento,
Leves de vento, leves como a infância ida.
 
 (A língua obediente
  Seguia a tua mágoa
  Até à voz do poente,
  Ao verso – a tua frágua.)
 
  No verso, poderosa,
  Esguia, a dor erguia
  O feitiço da rosa
  De ritmo e melodia.

I.
Nelle caverne del tuo petto, la vocazione
Per l’addio autunnale, per la nostalgia
Del dolore imprescindibile, senza soluzione
E, da lì, simile a stalattite, il tuo poetare
 
Si plasmava nel tempo, nelle immagini,
Nella vita, che tu vedevi fuggir via,
Misurata dai tuoi versi, viaggi nobili,
E dalla pena d’esistere che dispensa il cuore.
 
La distanza, accresciuta dal rimpianto,
Nasceva dai tuoi versi naturali,
Come se mai fossero stati scritti
Ma nascessero dalla terra, da un tormento,
Da un orrore che s’ampliava e produceva
L’incanto del ritmo e della melodia.
 
II.
In te, la vocazione per un addio autunnale,
Per un’autunnale nostalgia,
Per il dolore, male autunnale,
Per il pianto, pietrose gocce di quel canto,
Crescendo d’un cupo scoramento che ti faceva male.
 
Vedevi misurata la vita fuggitiva, vita
Partita con le maree del tempo,
Nel tempo, questa eterna andata,
Vita misurata in versi di rimpianto e vento,
Lievi di vento, lievi come l’infanzia andata.
 
 (La lingua ubbidiente
  Accompagnava la tua tristezza
  Fino alla voce del tramonto,
  Al verso – tua forgia d’amarezza.)
 
  Nel verso, poderosa,
  La pena creava con armonia
  L’incanto della rosa
  Del ritmo e della melodia.

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Vassily Kandinsky
Autunno in Baviera (1908)
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