Vozes abafadas


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Vozes abafadas
Voci soffocate


O ruído vem de longe e quase não se escuta.
Il rumore arriva da lontano e quasi non s’avverte.
Passa no ar ou ruge dentro de nossos ouvidos?
Fende l’aria o ruggisce dentro le nostre orecchie?
Vem do centro da terra ou do terror das consciências?
Viene dal centro della terra o dal terrore delle coscienze?

São crianças chorando com medo da vida?
Sono fanciulli in pianto per paura della vita?
Soluços de mães que ignoram as causas?
Singhiozzi di madri che ignorano le cause?
Gritos alucinados de homens caídos sob as rodas do carro terrível?
Grida allucinate di uomini finiti sotto le ruote dello spietato carro?
São os últimos brados das pátrias esfaceladas,
Sono gli ultimi strepiti della patria disfatta,
Os uivos dos vento nas bandeiras das nações vencidas,
O il mugghiare del vento tra le bandiere delle nazioni vinte,
Ou no ventre do caos os vagidos do mundo futuro?
O nel ventre del caos i vagiti del mondo futuro?

Cala, poesia,
Taci, poesia,
A dor do homem não se pode exprimir em nenhuma língua.
Il dolore dell’uomo non si può esprimere in nessuna lingua.
Talvez a exprimisse o ai da cabeça separada do corpo que rola ensanguentada,
Meglio l’esprimerebbe il lamento della testa staccata dal corpo rotolando insanguinata,
Talvez a escrevesse a mão hirta que no último gesto de horror largou a espada,
Meglio lo descriverebbe la mano atterrita che in un’ultimo gesto d’orrore gettò via la spada,
Talvez a disesse o grito sufocado, o pranto que salta, o suor frio, o olhar esbugalhado...
Meglio lo direbbe il grido strozzato, il pianto che sgorga, il sudore gelato, lo sguardo stravolto...
Ante o ricto dos mortos compreendo que a dor não se exprime
Davanti al rictus dei morti comprendo che il dolore non si può esprimere
Em língua nenhuma e ainda que os homens falassem uma só língua.
In nessuna lingua, neppure se gli uomini parlassero una sola lingua.

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Anselm Kiefer
Lilith (1987-1989)
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