Vozes abafadas


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Dante Milano »»
 
Poesias (1948) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Vozes abafadas
Voci soffocate


O ruído vem de longe e quase não se escuta.
Il rumore arriva da lontano e quasi non s’avverte.
Passa no ar ou ruge dentro de nossos ouvidos?
Fende l’aria o ruggisce dentro le nostre orecchie?
Vem do centro da terra ou do terror das consciências?
Viene dal centro della terra o dal terrore delle coscienze?

São crianças chorando com medo da vida?
Sono fanciulli in pianto per paura della vita?
Soluços de mães que ignoram as causas?
Singhiozzi di madri che ignorano le cause?
Gritos alucinados de homens caídos sob as rodas do carro terrível?
Grida allucinate di uomini finiti sotto le ruote dello spietato carro?
São os últimos brados das pátrias esfaceladas,
Sono gli ultimi strepiti della patria disfatta,
Os uivos dos vento nas bandeiras das nações vencidas,
O il mugghiare del vento tra le bandiere delle nazioni vinte,
Ou no ventre do caos os vagidos do mundo futuro?
O nel ventre del caos i vagiti del mondo futuro?

Cala, poesia,
Taci, poesia,
A dor do homem não se pode exprimir em nenhuma língua.
Il dolore dell’uomo non si può esprimere in nessuna lingua.
Talvez a exprimisse o ai da cabeça separada do corpo que rola ensanguentada,
Meglio l’esprimerebbe il lamento della testa staccata dal corpo rotolando insanguinata,
Talvez a escrevesse a mão hirta que no último gesto de horror largou a espada,
Meglio lo descriverebbe la mano atterrita che in un’ultimo gesto d’orrore gettò via la spada,
Talvez a disesse o grito sufocado, o pranto que salta, o suor frio, o olhar esbugalhado...
Meglio lo direbbe il grido strozzato, il pianto che sgorga, il sudore gelato, lo sguardo stravolto...
Ante o ricto dos mortos compreendo que a dor não se exprime
Davanti al rictus dei morti comprendo che il dolore non si può esprimere
Em língua nenhuma e ainda que os homens falassem uma só língua.
In nessuna lingua, neppure se gli uomini parlassero una sola lingua.

________________

Anselm Kiefer
Lilith (1987-1989)
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (20) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (429) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (21) Poemas Sociais (30) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)