Sinfonia para uma noite e alguns cães


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Sinfonia para uma noite e alguns cães
Sinfonia per una notte e qualche cane


De noite, um cão começa a ladrar; e
atrás dele, todos os cães da noite
se põem a ladrar. Depois, o primeiro
cão cala-se. Pouco a pouco, os outros
também se calam, até que o silêncio
se instala, como antes de o primeiro
cão ter ladrado. De noite, não
é possível saber por que é que um cão ladra,
se o não estamos a ver. Talvez porque
alguém tenha passado por trás de um
muro; talvez por causa de um gato (essas
sombras que se esgueiram pelas portas).
Não é preciso encontrar razões concretas
para justificar a noite de todos os
cães: mas é verdade que um cão, quando
ladra, e acorda os outros cães, acorda
a própria noite, os seus fantasmas, o que
não se pode ver, isto é, o centro da
noite, o negro motor do mundo.

Di notte, un cane comincia a latrare; e
dopo di lui, tutti i cani della notte
si mettono a latrare. Poi, il primo
cane tace. Poco a poco, anche gli altri
tacciono, finché si ristabilisce
quel silenzio, che precedeva il latrato
del primo cane. Di notte, non
è possibile sapere perché un cane latra,
se noi non lo vediamo. Forse perché
qualcuno è passato al di là di un
muro; forse a causa di un gatto (quelle
ombre che sgusciano dalle porte).
Non c’è bisogno di trovare ragioni concrete
per giustificare la notte di ogni
cane: ma è vero che un cane, quando
latra, svegliando gli altri cani, sveglia
la notte stessa, i suoi fantasmi, ciò che
non si può vedere, dunque, il cuore della
notte, il nero motore del mondo.


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Pieter Bruegel il Vecchio
Cacciatori nella neve (1565)
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