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Correspondência
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Corrispondenza
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Vejo as nuvens que avançam do Atlântico
para o continente. E, por trás delas, como um pastor exigente, o vento que as empurra. Depois, as nuvens passam e volta o sol, com o azul imutável das manhãs de outono, monótono e distante como quem o olha, ao sair de casa, sem tempo para pensar no tempo. |
Vedo le nuvole che avanzano dall’Atlantico
verso il continente. E, dietro di loro, come un pastore esigente, il vento che le sospinge. Dopo, le nuvole passano e torna il sole, col blu invariabile delle mattine d’autunno, monotono e distante come chi lo guarda, uscendo di casa, senza aver tempo di pensare al tempo. |
As nuvens, no entanto, continuam
o seu caminho: umas, desfazem-se em água sobre campos vazios, ou descem para as grandes cidades para as abraçar com um tédio enevoado. As que me interessam, porém, são as que sobem para norte, e ficam mais frias à medida que as pressões continentais abrandam o seu curso, Então, param em dias cinzentos; e, por fim, escurecem a tua alma, quando as olhas, e te apercebes de que se aproxima um inverno de solidão. |
Le nuvole, frattanto, continuano
il loro cammino: alcune, si dissolvono in acqua sui campi sgombri, o calano verso le grandi città per abbracciarle con un’inedia imbronciata. Quelle che m’interessano, però, sono quelle che risalgono verso nord, e si fanno più fredde via via che le pressioni continentali ne rallentano il corso. Allora, indugiano in giornate grigie; e, infine, ti oscurano l’anima, quando le guardi, e ti accorgi che s’avvicina un inverno di solitudine. |
A não ser que leias, nesse obscuro céu,
esta carta que te mando. |
A meno che tu non legga, con questo cielo buio,
questa lettera che io ti mando. |
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Pascal Girard Acrilico su tela (2018) |
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