Como se faz o poema


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Como se faz o poema
Come si fa una poesia


Para falarmos do meio de obter o poema,
a retórica não serve. Trata-se de uma coisa simples, que não
precisa de requintes nem de fórmulas. Apanha-se
uma flor, por exemplo, mas que não seja dessas flores
[que crescem
no meio do campo, nem das que se vendem nas lojas
ou nos mercados. É uma flor de sílabas, em que as
pétalas são as vogais, e o caule uma consoante. Põe-se
no jarro da estrofe, e deixa-se estar. Para que não morra,
basta um pedaço de primavera na água, que se vai
buscar à imaginação, quando está um dia de chuva,
ou se faz entrar pela janela, quando o ar fresco
da manhã enche o quarto de azul. Então,
a flor confunde-se com o poema, mas ainda não é
o poema. Para que ele nasça, a flor precisa
de encontrar cores mais naturais do que essas
que a natureza lhe deu. Podem ser as cores do teu
rosto – a sua brancura, quando o sol vem ter contigo,
ou o fundo dos teus olhos em que todas as cores
da vida se confundem, com o brilho da vida. Depois,
deito essas cores sobre a corola, e vejo-as descerem
para as folhas, como a seiva que corre pelos
veios invisíveis da alma. Posso, então, colher a flor,
e o que tenho na mão é este poema que
me deste.

Se vogliamo parlare di come si fa una poesia,
la retorica non serve. Si tratta di una cosa semplice, che non
richiede ricercatezze né formule. Si prenda
un fiore, per esempio, ma non uno di quei fiori
[che crescono
in mezzo ai campi, né di quelli che si vendono nei negozi
o nei mercati. Che sia un fiore di sillabe, in cui i
petali sono le vocali e il gambo una consonante. Lo si metta
nel vaso della strofa e lo si lasci stare. Perché non muoia,
basta un po’ di primavera nell’acqua, che va
cercata nell’immaginazione, se la giornata è di pioggia,
o che si fa entrare dalla finestra, quando l’aria fresca
del mattino riempie la stanza di blu. Allora,
il fiore si confonde con la poesia, ma non è ancora
la poesia. Affinché questa prenda vita, al fiore occorre
trovare colori più naturali di quelli
che la natura gli ha dato. Possono essere i colori del tuo
volto – il suo candore, quando il sole si posa su di te,
o il fondo dei tuoi occhi in cui tutti i colori
della vita si confondono con lo sfolgorio della vita. Dopo,
stendo questi colori sulla corolla, e li guardo scendere
sulle foglie, come linfa che scorra nelle
vene invisibili dell’anima. Allora, posso cogliere il fiore,
e quel che tengo in mano è questa poesia che
tu m’hai dato.


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Guillaume Apollinaire
Fiori (1918)
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