Porque eu queria dizer amor...


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Porque eu queria dizer amor...
Perché io vorrei dire amore...


I

Porque eu queria dizer amor
Com a mesma palavra
De outra maneira,
Talvez porque sinta sufocação,
Afogamento em círculos,
Um dia fechado numa noite,
Incapaz de se prolongar
Na novíssima luz,
Dia asfixiando no tempo.
Porque eu queria dizer amor
Na palavra não concluída,
Mais ampla, expansão,
Ondas e ondas de choque,
Uma palavra de limites
Impensáveis para qualquer arte,
Palavra de alento e espanto,
Palavra que fosse realmente
A coisa que dissesse
Porque eu queria dizer amor
Para o criar
Numa palavra que jamais estancasse.

II

Porque o amor não fica
Nessa palavra,
Mas evola-se em pó,
Subjugado pelo vento
Que preside ao dizer.
E fica o amor prisioneiro
No redil da inaudível pulsação
Que escava a insónia
E é erosão.
O amor não fala de si,
Não pode e não se mata,
Apesar de mais e mais
Despenhado em si mesmo
Dura, sonhando, porém, a sábia sílaba
Que despolete o esquecimento
E lhe ponha fim.

I

Perché io vorrei dire amore
Con la stessa parola
In altra maniera,
Forse perché mi sento soffocare,
Annegamento a spirale,
Un giorno racchiuso in una notte,
Incapace di prolungarsi
Nella nuovissima luce,
Giorno asfissiato nel tempo.
Perché vorrei dire amore
Con la parola non conclusa,
Più ampia, espansione,
Onde e onde di collisione,
Una parola di limiti
Impensabili per qualunque arte,
Parola di fervore e turbamento,
Parola che fosse realmente
La cosa che vuol dire
Perché vorrei dire amore
Per crearlo
In una parola che non languisse mai.

II

Perché l’amore non sta
In questa parola,
Ma in polvere svapora,
Soggiogato dal vento
Che governa il dire.
E l’amore rimane prigioniero
In grembo all’inaudibile pulsazione
Che scava l’insonnia
Ed è erosione.
L’amore non parla di sé,
Non può, non si suicida,
Benché sempre più
Inabissato in sé stesso
Resista, sognando, tuttavia, la saggia sillaba
Che disinneschi l’oblio
E gli ponga fine.

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Marc Chagall
Coppia azzurra (1933)
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