Não me demoro, prometo...


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Não me demoro, prometo...
Non andrò per le lunghe, prometto...


Não me demoro, prometo:
Há, afinal, tantos indícios
De que também o mundo tem pressa,
Tanto vento a levar o dia
Numa respiração desesperada
Com sacos plásticos e folhas e cabelos.
Afinal, como poderia eu ficar,
Se todos os dias há algo mais,
Um pouco mais, do coração
Que é arrastado pela corrente,
Cobrado pela erosão?
Educaram-me a nunca pecar
Pela presença em excesso,
A fazer-me escasso ou invisível
Antes de me tornar indesejável.
Mas será possível que seja
O amor a indesejar-nos?
Sem dúvida, até essas mãos que nos quiseram tanto,
Que queriam agarrar-nos a alma
Com todo o tipo de sortilégios tácteis,
Mãos de dedos alciónicos
Que pareceram prometer tempo,
Calmaria, bonança,
Até esses começam a suar de tédio,
E inventam desculpas para serem livres
E eu prometi sempre que não me demorava.

Non andrò per le lunghe, prometto:
Del resto, ci sono già tanti segnali
Che anche il mondo ha fretta,
Tanto vento che sospinge il giorno
Con folate disperate
Insieme a sacchi di plastica, foglie e capelli.
Del resto, come potrei io restare,
Se ogni giorno c’è qualcosa di più,
Un po’ di più, di cuore
Che viene trascinato via dalla corrente,
Preda dell’erosione?
M’hanno educato a non peccare mai
Con un eccesso di presenza,
A farmi piccino o invisibile
Piuttosto che rendermi fastidioso.
Ma sarà possibile che sia
L’amore a renderci sgraditi?
Senza dubbio, finché quelle mani che ci han tanto voluto,
Che avrebbero voluto aggrapparsi alla nostra anima
Con ogni tipo d’incantesimo tattile,
Mani dalle dita d’alcione
Che parevano promettere tempo,
Calma, bonaccia,
Finché poi cominciano a sudare di noia,
E inventano scuse per essere libere
E io ho sempre promesso di non dilungarmi.

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Philippe Marlats
Alcione (2017)
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