Canta tudo o que é...


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Canta tudo o que é...
Canta tutto ciò che è...


  (To Axion Esti)

Canta tudo o que é, todas as coisas,
E aquelas que não são, dá-lhes ser, canta-as,
E canta as coisas mortas
Para as não deixares morrer.
Canta a adversidade,
Não para que ela fique do teu lado;
Canta a imensidão que ilude
Fins sucessivos sem nunca presumir
Ser eterna, não para que ela te prolongue;
Mas canta-as porque a adversidade
E a imensidão te situam,
Canta-as, canta-as sobre o amor acabado,
Canta o amor acabado,
Canta todos os timbres da sua palinódia,
Como mudaram os seus olhos
Como as cores nas águas
Com o mudar do dia.
E ao cantares as coisas que são
Tu és uma coisa que é,
Porque tudo chega ao mundo
Pelo pórtico do seu canto.
Canta um mundo a ouvir-se ser no teu canto
Porque cantas, nada acabou, nada continua
Porque cantas, tudo está,
O que não volta, o que nunca esteve
E o que nunca há-de vir.
Canta e isto significa estares mudo
Para poderes ver, para que a tua voz
Não afaste o mundo, desfigurando-o,
Canta para seres o mundo
E não a volúpia da tua própria voz.
Seja o teu canto quantos solos e quantos climas,
Quantos estratos e quantas eras.

  (To Axion Esti)

Canta tutto ciò che è, tutte le cose,
E quelle che non sono, fa’ che siano, cantale,
E canta le cose morte
Per non lasciarle morire.
Canta l’avversità,
Non affinché ti rimanga accanto;
Canta l’immensità che illude
Con fini successive senza mai pretendere
D’esser eterna, non affinché ti prolunghi;
Ma cantale perché l’avversità
E l’immensità t’inquadrano,
Cantale, cantale in nome dell’amore finito,
Canta l’amore finito,
Canta tutte le tonalità della sua palinodia,
Come sono mutati i suoi occhi
Come i colori sull’acqua
Con il mutar del giorno.
E mentre canti le cose che sono
Tu sei una cosa che è,
Perché tutto viene al mondo
Dal portale del suo canto.
Canta un mondo che senta d’esistere nel tuo canto
Perché tu canti, nulla è finito, nulla continua
Perché tu canti, tutto esiste,
Ciò che non ritorna, ciò che non è mai stato
E ciò che non verrà mai.
Canta e questo significa rimaner muto
Perché tu possa vedere, perché la tua voce
Non allontani il mondo, sfigurandolo,
Canta per essere il mondo
E non la voluttà della tua stessa voce.
Sia il tuo canto ogni terra ed ogni clima,
Ogni strato ed ogni era.

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Irving Petlin
Towed to Sea (1912), 2012
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