Canta tudo o que é...


Nome :
 
Collezione :
Fonte :
 
Altra traduzione :
Nuno Rocha Morais »»
 
Poesie inedite »»
nunorochamorais.blogspot.com (giugno 2021) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Canta tudo o que é...
Canta tutto ciò che è...


  (To Axion Esti)

Canta tudo o que é, todas as coisas,
E aquelas que não são, dá-lhes ser, canta-as,
E canta as coisas mortas
Para as não deixares morrer.
Canta a adversidade,
Não para que ela fique do teu lado;
Canta a imensidão que ilude
Fins sucessivos sem nunca presumir
Ser eterna, não para que ela te prolongue;
Mas canta-as porque a adversidade
E a imensidão te situam,
Canta-as, canta-as sobre o amor acabado,
Canta o amor acabado,
Canta todos os timbres da sua palinódia,
Como mudaram os seus olhos
Como as cores nas águas
Com o mudar do dia.
E ao cantares as coisas que são
Tu és uma coisa que é,
Porque tudo chega ao mundo
Pelo pórtico do seu canto.
Canta um mundo a ouvir-se ser no teu canto
Porque cantas, nada acabou, nada continua
Porque cantas, tudo está,
O que não volta, o que nunca esteve
E o que nunca há-de vir.
Canta e isto significa estares mudo
Para poderes ver, para que a tua voz
Não afaste o mundo, desfigurando-o,
Canta para seres o mundo
E não a volúpia da tua própria voz.
Seja o teu canto quantos solos e quantos climas,
Quantos estratos e quantas eras.

  (To Axion Esti)

Canta tutto ciò che è, tutte le cose,
E quelle che non sono, fa’ che siano, cantale,
E canta le cose morte
Per non lasciarle morire.
Canta l’avversità,
Non affinché ti rimanga accanto;
Canta l’immensità che illude
Con fini successive senza mai pretendere
D’esser eterna, non affinché ti prolunghi;
Ma cantale perché l’avversità
E l’immensità t’inquadrano,
Cantale, cantale in nome dell’amore finito,
Canta l’amore finito,
Canta tutte le tonalità della sua palinodia,
Come sono mutati i suoi occhi
Come i colori sull’acqua
Con il mutar del giorno.
E mentre canti le cose che sono
Tu sei una cosa che è,
Perché tutto viene al mondo
Dal portale del suo canto.
Canta un mondo che senta d’esistere nel tuo canto
Perché tu canti, nulla è finito, nulla continua
Perché tu canti, tutto esiste,
Ciò che non ritorna, ciò che non è mai stato
E ciò che non verrà mai.
Canta e questo significa rimaner muto
Perché tu possa vedere, perché la tua voce
Non allontani il mondo, sfigurandolo,
Canta per essere il mondo
E non la voluttà della tua stessa voce.
Sia il tuo canto ogni terra ed ogni clima,
Ogni strato ed ogni era.

________________

Irving Petlin
Towed to Sea (1912), 2012
...

Nessun commento:

Posta un commento

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adélia Prado (40) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antônio Cícero (40) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (104) Casimiro de Brito (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (39) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (27) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (46) Hilda Hilst (41) Inês Lourenço (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Jorge de Sena (40) Jorge Sousa Braga (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Saramago (40) Lêdo Ivo (33) Luis Filipe Castro Mendes (40) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (32) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mário Cesariny (34) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (433) Pássaro de vidro (52) Poemas dos dias (23) Poemas Sociais (30) Reinaldo Ferreira (8) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)