Paixão, morte e 1.ª aparição de frankenstein


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Paixão, morte
e 1.ª aparição de frankenstein
Passione, morte
e 1.ª apparizione di frankenstein


como se sabe: frankenstein foi preso por denúncia,
já perto da fronteira leste, coisa de meia ho
ra a pé, apenas. foi revistado, farejado pelos cães,
algemado e depois transportado e apresentado à na
ção no decurso do telejornal. acusado de semear o
terror, frankenstein foi condenado por toda a nação,
embora não tenha chegado a ser condenado por um
tribunal regular. enquanto o julgamento era prepa
rado, frankenstein foi metido numa daquelas celas
hermeticamente isoladas, todas pintadas de branco
e perpetuamente mergulhada no silêncio e numa tez
artificial; celas donde um tipo como eu ou tu só
sai com os pés para a frente, ou então de pé, mas
nesse caso com a cabeça mole como fruta do chão.
frankenstein no entanto era um tipo mais forte que
eu ou tu. frankenstein aguentou dois anos de pri
são preventiva, sem um canário sequer que lhe fi
zesse companhia, pois as leis desta nação só permi
tem aos presos a companhia de um canário depois de
dois anos de bom comportamento. acerca do compor
tamento de frankenstein nada sei. a nação e o seu
jornal sabem tudo acerca do comportamento de fran
kenstein. e sabem também como frankenstein morreu.
eu não sei como frankenstein morreu. mas a nação
e o seu jornal (a «sua imagem») sabem como
 frankenstein morreu.
corre agora o boato que o colapso do antigo
chefe da polícia foi causado pela aparição de fran
kenstein. mas quem garante que assim tenha sido?
bom, um tipo como frankenstein talvez. mas um tipo
como eu e tu que chances tem de aparecer depois
de morto? não, um tipo como eu e tu não sei que
chances tem depois de morto, para dizer a verdade,
 nesta nação
nem sei que chances tem depois de vivo, um tipo
como eu e tu, de resto era isso que frankenstein
não se cansava de dizer, todo o tempo, todo o tempo.
come si sa: frankenstein fu arrestato su denuncia,
già prossimo alla frontiera orientale, roba di mezz’o
ra a piedi, appena. fu perquisito, annusato dai cani,
ammanettato e poi trasportato e presentato alla na
zione durante il telegiornale. accusato di seminare il
terrore, frankenstein fu condannato da tutta la nazione,
pur non essendo arrivato ad essere condannato da un
tribunale regolare. mentre la sentenza era in prepa
razione, frankenstein fu messo in una di quelle celle
ermeticamente isolate, tutte dipinte di bianco
e perpetuamente immersa nel silenzio e in un ambiente
artificiale; celle da cui un tipo come me e te esce
soltanto con i piedi in avanti, o anche in piedi, ma
in questo caso con la testa molle come frutta marcita.
frankenstein dunque era un tipo più forte di
me e di te. frankenstein sopportò due anni di pri
gione preventiva, senza neanche un canarino a far
gli compagnia, poiché le leggi di questa nazione consen
tono ai prigionieri la compagnia di un canarino solo dopo
due anni di buona condotta. a proposito della con
dotta di frankenstein non so nulla. sono la nazione e il suo
giornale a saper tutto della condotta di fran
kenstein. e sanno anche come frankenstein morì.
io non so come frankenstein morì. ma la nazione
e il suo giornale (la «sua immagine») sanno come
 frankenstein morì.
corre ora voce che il collasso del precedente
capo della polizia fu causato dall’apparizione di fran
kenstein. ma chi può garantire che sia andata così?
beh, forse un tipo come frankenstein. ma un tipo
come me e te che probabilità hanno di apparire dopo
morto? no, un tipo come me e te non so che
probabilità hanno dopo morti, di dire la verità, in questa
 nazione
né so che probabilità hanno dopo esser vissuti, un tipo
come me e te, del resto era questo che frankenstein
non si stancava di dire, tutto il tempo, tutto il tempo.
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Lynd Ward
Mary Shelly. Frankenstein (1934)
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