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Fingir que está tudo bem...
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Far finta che tutto vada bene...
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fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes: ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer: amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga. |
Far finta che tutto vada bene: il corpo straziato e vestito
con abiti ben stirati, tracce di fiamme dentro il corpo, urla disperate dietro le conversazioni: Far finta che tutto vada bene: tu mi guardi e solo tu lo sai: nella via dove i nostri sguardi s’incontrano è notte: la gente non immagina: è così ridicola la gente, così spregevole: la gente parla e non immagina: noi ci guardiamo: Far finta che tutto vada bene: il sangue che arde sotto la pelle come nei giorni prima di tutto, tempeste di paura sulle labbra sorridenti: sto forse morendo?, mi domando: sto forse morendo?, tu mi guardi e solo tu lo sai: ferri roventi, fuoco, silenzio e una pioggia che non si può descrivere amore e morte: Far finta che tutto vada bene: dover sorridere: un oceano che ci brucia, un incendio che ci affoga. |
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| Luciano Caldari La folla (1965) |

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