Epitáfio para um poeta


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Régio »»
 
Filho do Homem (1961) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Epitáfio para um poeta
Epitaffio per un poeta


As asas não lhe cabem no caixão!
A farpela de luto não condiz
Com seu ar grave, mas, enfim, feliz;
A gravata e o calçado também não.

Ponham-no fora e dispam-lhe a farpela!
Descalcem-lhe os sapatos de verniz!
Nao vêem que ele, nu, faz mais figura,
Como uma pedra, ou uma estrela?

Pois atirem-no assim à terra dura,
Ser-lhe-á conforto:
Deixem-no respirar ao menos morto!
Le ali non gli entrano nella bara!
L’abito da lutto non s’addice
Alla sua aria austera, eppur felice;
Neanche la cravatta né la calzatura.

Tiratelo fuori e toglietegli il vestito!
Sfilategli le scarpe di vernice!
Non vedete che ora, nudo, fa miglior figura,
Come fosse una pietra oppure un astro?

Posatelo infine sulla terra dura,
Gli sarà di conforto:
Lasciate che respiri almeno da morto!
________________

Pacino di Bonaguida
Giardino (1335)
...

Visão Heraclitiana



Nome:
 
Collezione:
Fonte:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Poesie inedite »»
nunorochamorais.blogspot.com (marzo 2025) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Visão Heraclitiana
Visione Eraclitea


Corola profanando a noite,
A lua.
Se olhares para cima,
Ela pinga-te nos olhos
E, cada vez que olhares,
É outra a lua que pinga.
Corolla che profana la notte,
La luna.
Se guardi verso il cielo,
Lei ti gocciola negli occhi
E, ogni volta che guardi,
È un’altra la luna che gocciola.
________________

René Magritte
Architettura al chiar di luna (1954)
...

Epitáfio para uma velha donzela


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Régio »»
 
Filho do Homem (1961) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Epitáfio para uma velha donzela
Epitaffio per una vecchia donzella


De palmito e capela,
Qual manda a tradição,
Erecta, lá vai ela
Ser atirada ao chão.
De rosário na mão,
Lutou heroicamente
Contra a vil tentação
Do que nos pede a carne e a alma come.
Secreta, ansiosa, augusta, descontente
Dentro da sua túnica inconsútil,
Engelhou toda à fome,
Por fim morreu à sede,
No seu heroísmo fútil.
Bichos! penetrai vós no pobre corpo inútil!
Ramo di palma e funebre cappella,
Come la tradizione detta,
Dritta, laggiù ella
Verrà gettata alla terra.
Col rosario in mano,
Lottò eroicamente
Contro la vile tentazione
Che ci chiede la carne e l’anima ci divora.
Segreta, ansiosa, augusta, sconfortata
Dentro la sua tunica inconsutile,
Tutta s’è rinsecchita per la fame,
Per poi finire a morir di sete,
Nel suo eroismo futile.
Vermi! penetrate voi quell’umile corpo inutile!
________________

Marianne Hendriks
Musa acuminata (2023)
...

Canção de primavera


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Régio »»
 
Filho do Homem (1961) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Canção de primavera
Canzone di primavera


Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores,
Pois que Maio chegou,
Revesti-o de clâmides de cores!
Que eu, dar, flor, já não dou.

Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves,
Acordai desse azul, calado há tanto,
As infinitas naves!
Que eu, cantar, já não canto.

Eu, invernos e outonos recalcados
Regelaram meu ser neste arrepio...
Aquece tu, ó sol, jardins e prados!
Que eu, é de mim o frio.

Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,
Vem com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.

Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto;
Ter sol, não tenho; e amar...
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,
E não por mim assim te chamo?
Io, di fiori ormai più non ne dò. Ma voi, o fiori,
Ora che Maggio arrivò,
Rivestitelo di clamidi multicolori!
Che io, di fiori ormai più non ne dò.
 
Io, cantare, ormai non canto più. Ma voi, uccelli,
Ridestate in questo blu, muto da tanto,
Gli infiniti battelli!
Che io, cantare, ormai non canto più.
 
Io, inverni e autunni prolungati
Gelarono l’esser mio in questo brivido…
Riscalda tu, o sole, giardini e prati!
Che io, il freddo è tutto mio.
 
Io, di Maggio, ormai non ne ho più. Ma tu, Maggio,
Vieni con il tuo ardore,
A estenuare la terra in fervente languore.
Che io, Maggio, ormai non ne ho più.
 
Che io, di fiori, più non ne dò; cantar, non canto;
Avere il sole, non ce l’ho; e amare…
Ma, se non amo,
Come mai, Maggio in fiore, ti chiamo tanto,
E non è per me che così ti chiamo?
________________

Maria Helena Vieira da Silva
Il giardino di Lucia (1971)
...

Geografia humana


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Régio »»
 
A Chaga do Lado (1954) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Geografia humana
Geografia umana


Todo peludo e tosco, exemplar digno de se ver,
− O belo monstro! − ei-lo exposto
Ao gáudio e pasmo de quemquer
Que tenha gosto.

Os pais vêm mostrá-lo aos filhos inocentes;
E as criancinhas olham, assombradas,
Seus braços guedelhudos e pendentes,
Suas pernas truncadas e cambadas.

Mal sabem, pobres pequenos!,
Se hão-de chorar ou rir, quando, por trás da grade,
Ele faz gestos obscenos
A selecta sociedade.

Tranquila, porque a jaula é modelar,
Toda a plateia exulta e aplaude, ufana
De impunemente desafiar
O monstro cuja forma é quase humana.

E todos riem-se, gingão e calaceiro,
Cansado, já, talvez, dos seus admiradores,
Exibe o calo do traseiro
Às damas e aos senhores.

Espicaçam-no, então, para que tão depressa
Não se esgote a gratuita diversão,
E o vejam, como é da peça,
Rebolar-se e pinchar de excitação.

Rebola-se, afocinha, e pincha, guincha, dança,
Com expressões de velho
E jeitos de criança
Que são um bom espelho!

Ou, rilhando o focinho monstruoso,
Desesperado, investe contra as grades,
Furiosamente saudoso
De longínquas liberdades...

E as pupilas a arder, como luzinhas pretas,
De entre pêlos, na testa acachapada,
Saltam, vão dum a outro, interrogando, inquietas,
Sem compreenderem que ninguém compreenda nada!

Ninguém?... Não sei. A poesia é filha
De perturbantes sugestões,
E um mísero macaco, um nem talvez gorilha,
Pode dar a um poeta imagens e visões.

Porque, naquela turba, há um doido... um poeta moço
Que sonha... sonha o quê? Que o hão-de expor, um dia,
Remido, esse grotesco e mísero colosso
− Rei dos Judeus, rei nosso −
Com, por manto real, um trapo púrpura ao pescoço,
E uma cana, por ceptro, na mão fria.
Tutto irsuto e grezzo, soggetto degno d’esser visto,
− Il bel mostro! − eccolo esibito
Al giubilo e alla sorpresa di chiunque
Ci provi gusto.

I genitori lo additano ai figlioli innocenti;
E i bimbetti osservano, tremanti,
Le sue braccia villose e pendenti,
Le sue gambe curve e incomplete.

Non sanno, poveri piccini!,
Se ci sia da piangere o ridere, quando, dietro le sbarre,
Egli fa gesti osceni
Ai rispettabili presenti.

Tranquillo, perché quella gabbia è sicura,
Tutto il pubblico esulta e applaude, fiero
Di poter senza danni sfidare
Quel mostro dalla forma quasi umana.

E tutti ridono di lui, che barcollante e pigro,
Già stufo, forse, dei suoi ammiratori,
Mostra la callosità del fondoschiena
Alle signore e ai signori.

Lo molestano, quindi, affinché troppo in fretta
Non si concluda la gratuita ricreazione,
E lo vedano, da lui è questo che ci s’aspetta,
Dimenarsi e saltellare per l’eccitazione.

Si dimena, ruzzola e saltella, strilla, balla,
Con movenze da vecchio
E gesti da bambino
Che sono un bello specchio!

O, mostrando i denti del muso mostruoso,
Disperato, s’avventa contro le sbarre,
Nostalgicamente furioso
per le antiche perdute libertà...

E le pupille roventi, come tetre lucine,
In mezzo al pelo, sulla fronte infossata,
Rimbalzano, si spostano, e implorano, inquiete,
Senza capire perché nessun capisca niente!

Nessuno?... Non so. La poesia è figlia
Di sconvolgenti suggestioni,
E una povera scimmia, forse neppure un gorilla, Può offrire a un poeta immagini e visioni.

Perché, tra quella gente, c’è un folle... un giovane poeta
Che sogna... ma sogna che? Che esibiranno, un giorno,
Liberato, quel grottesco e povero colosso
− Re dei Giudei, re nostro −
Con al collo, come manto reale, un cencio purpureo,
E, per scettro, una canna nella fredda mano.
________________

Michelangelo Pistoletto
Scimmia in gabbia (1962-1973)
...

Páscoa


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Régio »»
 
Mas Deus é Grande (1945) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Páscoa
Pasqua


Há quanto, há quanto já que os versos me não vinham!
Ausente, seco, nulo, é que eu, feliz, andava.
E as asas que outro tempo ao alto me sustinham,
Meu sentir-me assim bem mas depenava.

Vivendo como quem lhe sabe bem dormir
Sabendo que lá fora há chuva e ventania,
Quase esquecido, já, de ter de me cumprir,
Oco de tudo é que eu, feliz, vivia.

Tão oco de ilusões como dos desesperos
Sem os quais nada, em nós, nos força ir mais além,
Há quanto, há quanto já meus altos fados feros
Me davam tréguas!, e eu vivia bem.

E os versos não me vindo, eu não fazia versos,
Pois versos para quê?, se eu era, enfim, feliz,
Só corrigindo, atento, os que aí há dispersos
Comemorando infernos em que os fiz!

Hoje, porém, peguei num lápis, num papel,
Sobre o meu ombro, Alguém, pesando, se inclinou,
E, sob o seu ditado, a pena tinta em fel,
O meu mal no papel se derramou...

Alastra, sangue meu!, que és Espírito, e excedes
Os exíguos canais das minhas curtas veias,
E a quem com sede vem molhar os lábios, pedes
Aspirações, paixões, sonhos, ideias...

Que cego, cego andava!, e louco!, e surdo-mudo!,
Enquanto me arrastei, julgando ser viver
Esse fechar o olhar cansado sobre tudo,
Sem, sobre tudo, te sentir correr!

Bem hajas, pois, quem quer que me feriste fundo
Quando já me eu julgava a salvo em chão seguro,
E me atiraste, assim, de novo para o mundo
Em que entro imundo, e me levanto puro!
Da quanto, da quanto i versi non mi venivano più!
Svagato, sterile, nullo, lietamente me ne andavo.
E le ali che in altri tempi mi tenevano su,
Quel mio benessere pian piano le spiumava.

Vivendo come chi s’accontenti di dormire
Conscio che là fuori non c’è che pioggia e vento,
Quasi immemore, ormai, di dovermi realizzare,
Di tutto svuotato, vivevo lieto e contento.

Così libero d’amarezze e da illusioni
Senza le quali niente ad andar oltre ci sprona,
Da quanto, da quanto ormai i miei inclementi destini
Mi davano requie!, e con me la vita era buona.

E se i versi non venivano, non componevo versi,
E versi poi perché?, se infine ero felice
Solo rivedendo, solerte, quelli andati dispersi
Rammentando l’inferno in cui li feci!

Oggi, tuttavia, afferrai carta e matita,
Sopra la mia spalla, Qualcuno, dolente, si curvò,
E, sotto dettatura, la penna in fiele inumidita,
Il mio dolore sulla pagina si riversò...

Trabocca, sangue mio!, tu che sei Spirito e invadi
I sottili canali delle mie corte vene,
E a chi viene a bagnare le assetate labbra, chiedi
Aneliti, passioni, sogni, idee...

Com’era cieco!, com’ero folle!, e sordomuto!,
Allora io mi trascinavo, convinto fosse vivere
Quel distogliere lo sguardo stremato su tutto,
Senza, soprattutto, sentirti fluire!

Chiunque tu sia, ti ringrazio per avermi ferito a fondo
Quando ormai pensavo d’esser salvo in terreno sicuro,
E mi gettasti, così, di nuovo verso il mondo
Ove io entro immondo, per risorgere puro!
________________

S.K. Sahni
Space - G (2011)
...

Canção


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Régio »»
 
Mas Deus é Grande (1945) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Canção
Canzone


Sobe, canção, do fundo da amargura
Que me nivela ao que me amarga! Voa,
E acima, além da minha vil tristura,
Se eu não perdoo, tu, perdoa!

Se eu não perdoo, porque sou da argila
Que por tão frágil quão pesada ataco,
Perdoa tu que aérea vais, tranquila,
Bailando sobre todo o opaco.

Canta a heróica renúncia de viver
Como quem morre a par e passo..., e vive
Por, antes de morrer, ter de vencer
A morte-em-vida que o cative.

Que importa que ninguém te sonde os ritmos,
Nem saiba ler, cantor, as tuas actas
E os teus jogos de sons e logaritmos
Fixos em tábuas inda intactas?

Voa, canção, na solidão enorme
De ser maior do que o seu próprio ser
E velar quando tudo, em volta, dorme,
− Único a não adormecer!

A ti, cantor, não te foi dado o sono
Que entre plumas, colchões e cobertores
Todos os mais afunda em abandono:
A ti, suor, suor, suores...

Que o dormir é daqueles que te amaram
Demasiado humano, os vis amigos!,
E quando o vento e o céu te solevaram,
Se te volveram inimigos.

Sobe, canção, sempre mais alto! mais
Que a exígua voz humana que te entoa.
Sobe, estrangula os seus soluços e ais,
Que a vida é bela! a morte é boa!

Que a vida é bela quando a tu levantas
No desfraldar das asas infinitas,
E boa a morte quando tu a cantas,
E sobre nós, voando, a agitas!

Voa, canção! E tu, finda a contenda,
Cantor dos pés de barro e olhar de lume,
Pede ao teu Val de Lágrimas que fenda,
E te aproveite como estrume.
Levati, canzone, dal fondo di quell’amarezza
Che mi uniforma a ciò che m’amareggia! Vola,
E lassù, oltre la mia indegna tristezza,
Se non perdono io, almeno tu, perdona!

Se io non so perdonare, essendo d’argilla,
Materia sia fragile che pesante, e combatto,
Perdona tu che leggiadra vai, tranquilla,
Danzando sopra tutto quel che c’è d’opaco.

Canta l’eroico rifiuto di vivere
Come chi muore e nel contempo... vive
Sicché possa, prima di morire, vincere
Quella morte che in vita lo reclude.

Che importa che nessun t’indaghi i ritmi,
Né sappia decifrare, o cantore, i tuoi atti
E le tue varianti di suoni e i logaritmi
Fissati su tavole tuttora intatte?

Vola, canzone, nella solitudine enorme
D’essere maggiore della sua stessa natura
E veglia quando ogni cosa, intorno, dorme,
− Unico a non dormire ancora!

A te, o cantore, non fu concesso il sonno
Che tra piume, coperte e cuscini
Fa tutti inabissar nell’abbandono:
Per te solo sudore, sudore, sudori...

Giacché dormono quelli che t’hanno amato
Stimandoti fin troppo umano, i vili amici!,
Ma quando il vento e il cielo t’hanno elevato,
Ti si sono rivoltati contro da nemici.

Levati, canzone, sempre più in alto, più
Dell’esile voce umana che t’intona.
Levati, placa i suoi singhiozzi e su
Che bella è la vita e la morte è buona!

Che bella è la vita quando tu la osanni
Dispiegando le sconfinate ali,
E buona è la morte quando tu la canti,
E sopra noi la ostenti, mentre voli!

Vola, canzone! E tu, risolta la tenzone,
Cantore dai piedi d’argilla e sguardo sublime,
Chiedi che si scinda la tua Valle di Lacrime,
E ti utilizzi poi come concime.
________________

Tony Feher
Mediodia (2012)
...

Fado Português


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Régio »»
 
Fado (1941) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Fado Português
Fado portoghese


O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro velero
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
Il Fado nacque un giorno,
quando a stento il vento spirava
e il cielo sul mare s’estendeva,
sulla murata d’un bastimento,
sul cuore d’un marinaio
che, tristemente, cantava,
che, tristemente, cantava.
 
Ah, che bellezza smisurata,
la mia terra, il mio monte, la vallata,
di foglie, di fiori, di frutta dorata,
guarda se vedi le terre di Spagna,
le spiagge del Portogallo,
con gli occhi appannati di pianto.

Sulla bocca del marinaio
d’un fragile bastimento,
si spegne la canzone infelice,
che dice l’impeto dei desideri
delle labbra che avvampano di baci
che baciano l'aria, e nulla più,
che baciano l'aria, e nulla più.
 
Mamma mia, addio. Addio, Maria.
Tienilo bene a mente
che qui ti faccio un giuramento:
o io ti porterò fino all’altare
o sarà quel Dio da me servito
che mi darà sepoltura in mare.
 
Ecco ch’era finito un altro giorno,
e il vento già più non spirava
e il cielo sul mare s’estendeva,
a prua d’un altro bastimento,
un altro marinaio vegliava,
e, tristemente, cantava,
e, tristemente, cantava.
________________

Massimo Campigli
Le spose dei marinai (1934)
...

Fado-Canção


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Régio »»
 
Fado (1941) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Fado-Canção
Fado - Canzone


Medito o meu fado estranho:
Canto, e sei lá por que canto?
Canto, porque nada tenho
Melhor que o dom de cantar...
E canto, por me animar
Contra o silêncio, o vazio
Da minha vida frustrada
E o frio
Que anda em meu ser,
− Como quem, noite fechada,
Passando na encruzilhada,
Por escorraçar o medo
Levanta a voz a tremer...

Ao fundo da melodia
Que até parece que fala,
− A trágica estátua cala.
Mas doce é o ritmo que embala,
Doce a rima que alicia...
E eu canto, pois me alivia
Ouvir-me a mim próprio, embora
A estátua como em granito
Seus olhos só longe fite,
E erga um dedo,
Que demora,
À boca absorta no grito
Que não permite
Que grite...

E eu canto, porque desisto
De que o meu canto me exprima!
Quem me ouvira mais do que isto,
− Jogos de ritmo e rima...?
Sei que lá em baixo,
Lá em cima,
Sofro só, pairo calado.
Mas canto, para deixar
Um eco vibrar no ar
Do fútil som de embalar
Que o mundo que dorme estima...

Ai, coisas que raros sabem,
Mas que eu sei...,
Profundamente!
Os próprios raros que as sabem,
É como quem as não sente.
E eu canto-as, e é evidente
Que ninguém as reconhece
No tom que lhes dou, alheio.
Não consigo estar no meio
Nem mesmo quando parece
Que, fugido ao meu recanto,
Me achei entre a minha gente...
Por demais sei isto, sei-o!,
Muito mais do que isto..., − e canto.

Sim, canto,
Que é o meu destino,
Mas como grita um menino
Que se agarrara à sacada
Duma casa incendiada
Em que ficara esquecido...
A praça, em baixo, é deserta,
O céu, lá em cima, escondido,
A noite longa encoberta,
A sacada a grande altura,
As escadas cinza e pó,
O frágil solho a ruir,
− E o grito de angustia, só
Feriu eco a tal lonjura
Que ninguém vem acudir!

E eu sei que não vem
Ninguém,
À solidão de que morro,
Prestar a mão de socorro,
Trocar o olhar de ternura
Que me salvara do espanto.
Mas, quanto melhor o sei,
Mais creio, melhor crerei
Nesse eco a essa lonjura...,

E mais e melhor eu canto!
Medito sul mio strano destino:
Canto, ma chissà perché canto?
Canto, perché non ho niente
Di meglio del dono di cantare...
E canto, per farmi coraggio
Contro il silenzio, la vacuità
Della mia vita frustrata
E il gelo
Che avanza dentro di me,
− Come chi, nel cuor della notte,
Attraversando l’incrocio,
Per vincere la paura
Tremante, alza la voce...

Alla fine della melodia
Che pare perfino parlare,
− La tragica statua zittisce.
Ma soave è il ritmo che ammalia,
Soave la rima che incanta...
E io canto, poiché m’acquieta
Sentire me stesso, benché
La statua come granito
Coi suoi occhi scruti lontano,
E alzi un dito,
Che s’attarda,
Sulla bocca compresa nel grido
Che non consente
Che gridi...

E io canto, perché mi rifiuto
Di far sì che il mio canto mi sveli!
Chi da me ha mai udito altro se non
− Giochi di ritmo e di rima...?
Io so che laggiù,
Che là in cima,
Soffro da solo, fluttuo muto.
Ma canto, per lasciare
Nell’aria un’eco vibrante
Della frivola ninna nanna
Amata dal mondo dormiente...

Oh, cose che sanno in pochi,
Però io le so...,
Profondamente!
E quegli stessi pochi che le sanno,
Sono uguali a chi non le sente.
Ma io le canto ed è evidente
Che nessuno le riconosce
Nel tono che io dò loro, ignoto.
Non mi riesce di stare nel mezzo
Neppure quando pare
Che, rifugiato nel mio angolino,
Mi trovi fra la mia gente...
Fin troppo lo so, sì, lo so!,
E so molto più di questo..., − e canto.

Sì, io canto,
Questo è il mio destino,
Ma come strilla un bambino
Che s’aggrappa alla balconata
D’una casa andata a fuoco
Dove è stato dimenticato...
La piazza, laggiù, è deserta,
Il cielo, lassù, remoto,
La lunga notte, coperta,
La balconata è assai elevata,
Le scale, polvere e cenere,
Cede il fragile pavimento,
− E solo il grido di tormento
Riecheggia talmente distante
Che nessuno porta soccorso!

E io so che non accorre
Nessuno,
Alla solitudine di cui sto morendo,
Per dare una mano in aiuto,
Per scambiare il tenero sguardo
Capace di salvarmi dallo spavento.
Ma, quanto meglio lo so,
Più credo, o meglio crederò
In quell’eco talmente distante...,

E ancor più e meglio io canto!
________________

Robert Delaunay
Dramma politico (1914)
...

Saga do poeta abandonado



Nome:
 
Collezione:
Fonte:
 
Altra traduzione:
Nuno Rocha Morais »»
 
Poesie inedite »»
nunorochamorais.blogspot.com (marzo 2025) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Saga do poeta abandonado
Saga del poeta abbandonato


Meus sete irmãos partiram,
Cada um por cada dia.
Cada um por cada sol,
À descoberta da terra.

Só eu fiquei abandonado,
A chorar de poesia,
Poesia a cada dia,
Poesia a cada sol.
I miei sette fratelli son partiti,
Uno per ogni giorno.
Uno per ogni sole,
Alla scoperta della terra.

Io solo son rimasto abbandonato,
A piangere di poesia,
Poesia per ogni giorno,
Poesia per ogni sole.
________________

Marc Chagall
Autoritratto con sette dita (1911-1912)
...

A poesia vai acabar


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
Manuel António Pina »»
 
Ainda não é o fim nem o princípio do mundo... (1974) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


A poesia vai acabar
La poesia finirà


A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
Um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
poeta por este senhor?»  E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
— Como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar? —

La poesia finirà, i poeti
verranno destinati a mansioni più utili.
Per esempio, osservatori d’uccelli
(finché non finiranno
gli uccelli). Questa certezza l’ho avuta oggi
nell’entrare in un ufficio pubblico.
Un signore miope attendeva con calma
allo sportello; io domandai: «Che cos’ha fatto qualche
poeta per questo signore?»  E la domanda
m’ha afflitto tanto sia dentro sia
fuori dalla testa che son dovuto tornare a leggere
tutta la poesia fin dal principio del mondo.
Una domanda in una testa.
— Come una corona di spine:
stanno tutti a vedere dove vuol arrivare l’autore? —

________________

Richard Moult
Nel cuore del bosco (2022)
...

Fado Alentejano


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Régio »»
 
Fado (1941) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Fado Alentejano
Fado d’Alentejo


Alentejo, ai solidão,
Solidão, ai Alentejo,
Pátria que à força escolhi!
Quando cheguei, quis-te mal,
Alentejo-ai-solidão...
Julguei eu que te quis mal.
Chegava do vendaval,
Tão cego que te nem vi!

Alentejo, ai solidão,
Solidão, ai Alentejo,
Adro da melancolia!
Tua tristeza me pesa,
Alentejo-ai-solidão...
Quanto, às vezes, me não, pesa!
Mas fora de essa tristeza,
Pesa-me toda a alegria.

Alentejo, ai solidão,
Solidão, ai Alentejo,
Meu Norte-Sul-Este-Oeste!
Voltei ferido da guerra,
Alentejo-ai-solidão...
Faminto voltei da guerra!
Mendiguei de terra em terra,
Esmola, só tu ma deste.

Alentejo, ai solidão.
Solidão, ai Alentejo,
Oceano de ondas de oiro!
Tinha um tesoiro perdido,
Alentejo-ai-solidão...
Que eu já dera por perdido!
Nos teus ermos escondido
Vim achar o meu tesoiro.

Alentejo, ai solidão,
Solidão, ai Alentejo,
Convento do céu aberto!
Nos teus claustros me fiz monge,
Alentejo-ai-solidão...
Em ti por ti me fiz monge.
Perdeu-se-me a terra ao longe,
Chegou-se-me o céu mais perto.

Alentejo, ai solidão,
Solidão, ai Alentejo,
Padre-nosso de infelizes!
Vim coberto de cadeias,
Alentejo-ai-solidão...
Coberto de vis cadeias!
Mas estas com que me enleias,
Deram-me asas e raízes.
Alentejo, ah solitudine,
Solitudine, ah Alentejo,
Patria che per forza scelsi!
Quando giunsi, ti volli male,
Alentejo ah solitudine...
Io pensai di volerti male.
Venivo dalla tempesta,
Cieco al punto di non vederti!

Alentejo, ah solitudine,
Solitudine, ah Alentejo,
Ingresso della malinconia!
La tua tristezza mi pesa,
Alentejo ah solitudine...
Quanto, talvolta, non mi, pesa!
Ma al di lè di questa tristezza,
Mi pesa tutta quanta la gioia.

Alentejo, ah solitudine,
Solitudine, ah Alentejo,
Mio Nord Sud Est Ovest!
Tornai ferito dalla guerra,
Alentejo ah solitudine...
Tornai affamato dalla guerra!
Fui mendico di terra in terra,
Elemosina, tu solo me la desti.

Alentejo, ah solitudine.
Solitudine, ah Alentejo,
Oceano d’onde dorate!
Avevo un tesoro perduto,
Alentejo ah solitudine...
Che io già consideravo perduto!
Nei tuoi eremi occultato
È lì che il mio tesoro ho trovato.

Alentejo, ah solitudine,
Solitudine, ah Alentejo,
Monastero a cielo aperto!
Nei tuoi chiostri divenni monaco,
Alentejo ah solitudine...
In te per te divenni monaco.
Persi di vista la terra, da lontano,
Il cielo mi venne più vicino.

Alentejo, ah solitudine,
Solitudine, ah Alentejo,
Padre nostro degli infelici!
Fui ricoperto di catene,
Alentejo ah solitudine...
Ricoperto di vili catene!
Ma queste con cui tu mi leghi,
Mi offrirono ali e radici.
________________

Dordio Gomes
Paesaggio alentejano (1946)
...

O jongleur de estrelas e o seu jogo


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Régio »»
 
As Encruzilhadas de Deus (1935) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


O jongleur de estrelas e o seu jogo
Il jongleur di stelle e il suo gioco


O jongleur de estrelas tem os pés de barro,
Tem as mãos de cinza...

Sobre os pés de barro salta no infinito,
Com as mãos de cinza movimenta os astros.

O jongleur de estrelas tem os olhos fixos,
Mas em todo o corpo nervos dinamistas.

Seus nervos dispersos dão um acorde único...
Não! seus olhos fixos é que olham mil pistas.

O jongleur de estrelas é mentira!: mente
Na retina fosca dos que julgam vê-lo.

O jongleur de estrelas não se vê de fora,
Por ser de mais belo!

Ora um dia, o dedo do Senhor, clemente,
Tocar-lhe-á, misericordiosamente.

E o jongleur de estrelas há-de desfazer-se
Sobre os pés de barro, sobre as mãos de cinza...

Do jongleur de estrelas restam as estrelas,
E outros brincarão com elas!
Il jongleur di stelle ha piedi d’argilla,
Ha mani di cenere...

Sui suoi piedi d’argilla balza nell’infinito,
Con le sue mani di cenere accende gli astri.

Il jongleur di stelle ha gli occhi statici,
Ma i nervi del suo corpo sono dinamici.

I suoi nervi sconnessi danno un accordo unico...
No! sono i suoi occhi fissi a veder mille percorsi.

Il jongleur di stelle è fandonia!: egli mente
Alla cupa retina di chi pensa di vederlo.

Il jongleur di stelle non si vede dall’esterno,
È davvero troppo bello!

Però, un giorno, il dito del Signore, clemente,
Lo sfiorerà, misericordiosamente.

E il jongleur di stelle si scioglierà
Sui suoi piedi d’argilla, sulle sue mani di cenere...

Del jongleur di stelle non resteran che le stelle,
E saranno altri a divertirsi con quelle!
________________

Serge Clément
Funambulo giocoliere (1960)
...

Jogo de Espelhos


Nome:
 
Collezione:
 
Altra traduzione:
José Régio »»
 
As Encruzilhadas de Deus (1935) »»
 
Francese »»
«« precedente / Sommario / successivo »»
________________


Jogo de Espelhos
Gioco di specchi


Entro... seja onde for. Começo a disfarçar,
A fingir que estou bem, muito à vontade.
Mas a verdade é que não sei como hei-de estar,
Nem sei não deixar ver que esta é que é a verdade!

Suspeitando-me todos de possesso,
No olhar de toda a gente encontro o mesmo grito: −
 «Fora!»
Correcto, sério, frio, amàvelmente me despeço,
A fingir que não fui mandado embora...

Fora, o lamento do vento
Embala-me, embebeda-me, adormenta-me.
Sinto-me bem!, que bem!, todo embrulhado em
 sofrimento...
E o halo do martírio tenta-me.

Que bom que é ficar só, posto de lado
Subir a longa queda até ao fim,
Chegar exausto, incompreendido, caluniado...!
E desato em soluços sobre mim.

Choro. Choro na noite longa e lôbrega, transido
Como um menino ruim atrás da porta. Mas comigo,
Consolo-me em sentir-me incompreendido,
Porque o menino ruim não merecia tal castigo...

Assim a esta paródia do meu mal
Se ajunta a minha megalomania:
Julgo-me Cristo numa cruz, Camões num hospital,
E o supremo dandismo da desonra me inebria.

De dândi, volto, pois, aos clubes e aos salões.
Visto a minha grandeza ante o furor deles e delas.
Sofro, superiormente, obscenidades e empurrões.
Sento-me, triste até à morte, a olhar os vidros das
 janelas...

Ora no espelho em frente, uma caricatura,
Um rosto cego, mudo, escanhoado, empoado,
Garante-me que sou aquela compostura,
Esse sepulcro caiado...

Por que não torno para a rua?
Enjoam-me os cristais, as luzes, os decotes.
Que bom que deve ser passear lá fora, sob a lua,
Sereníssimamente, a colher miosótis!

Porém na rua, há uma taberna; há um bordel; há
 escuro;
Há fêmeas; ópios; vinho; há desespero; há gosto...

− É então que tu vens, tu, Mestre que eu procuro!,
É então que tu vens...!
    E cospes-me no rosto.
Entro... dove, non si sa. Comincio a simulare,
Fingendomi a mio agio, del tutto in libertà.
Ma in realtà non so come mi devo comportare,
Né so non palesare che è questa la realtà!

Tutti sospettano che io sia un invasato,
Nello sguardo di tutti leggo lo stesso grido: −
 «Fuori!»
Garbato, serio, freddo, amabilmente mi congedo,
Facendo finta di non essere stato cacciato...

Fuori, il gemito del vento
M’accarezza, m’inebria, m’addormenta.
Mi sento bene!, come sto bene!, tutto preso dal
 patimento...
E un alone di martirio mi tenta.

È bello restar da solo, emarginato,
Risalire il lungo pendio fino al suo colmo,
Giungere esausto, incompreso, screditato...!
E in singhiozzi compiangendomi prorompo.

Piango. Piango nella notte lunga e sinistra, timoroso
Come un bimbo inquieto dietro la porta. Eppure
Mi consolo nel sentirmi un incompreso,
Perché il bimbo inquieto non meritava un tal castigo...

Così a questa parodia del mio male
Si aggiunge la mia megalomania:
Mi sento Cristo in croce, Camões in un ospedale,
E m’estasia il supremo dandismo della ribalderia.

Da dandy, torno perciò, ai club e ai saloni.
Indosso la mia dignità contro queste persone funeste.
Subisco, con superiorità, volgarità e spintoni.
Mi siedo, mortalmente triste, e guardo i vetri delle
 finestre...

Ora davanti allo specchio, una caricatura,
Un viso cieco, muto, ben sbarbato, incipriato,
M’assicura che sono io quell’artefatta creatura,
Quel sepolcro imbiancato...

Perché non torno nella via?
Mi disgustano i cristalli, le luci, i décolletés.
Che bello dev’essere passeggiare laggiù, sotto la luna,
Placidamente, a cogliere nontiscordardimé!

Ma nella via c’è una taverna; c’è un bordello; c’è buio
 profondo;
Ci son femmine, oppio, vino; c’è angoscia e riso...

− È allora che vieni tu, Maestro che io sto cercando!,
È allora che tu vieni...!
    E mi sputi in viso.
________________

Nils Von Dardel
Al bar (1920)
...

Nuvola degli autori (e alcune opere)

A. M. Pires Cabral (44) Adolfo Casais Monteiro (36) Adriane Garcia (40) Adão Ventura (41) Adélia Prado (40) Affonso Romano de Sant’Anna (41) Al Berto (38) Albano Martins (41) Alberto Pimenta (40) Alexandre O'Neill (29) Ana Cristina Cesar (39) Ana Elisa Ribeiro (40) Ana Hatherly (43) Ana Luísa Amaral (40) Ana Martins Marques (48) Antonio Brasileiro (41) António Gedeão (37) António Ramos Rosa (39) Antônio Cícero (40) Augusto dos Anjos (50) Caio Fernando Abreu (40) Carlos Drummond de Andrade (43) Carlos Machado (113) Casimiro de Brito (40) Cassiano Ricardo (40) Cecília Meireles (37) Conceição Evaristo (33) Daniel Faria (40) Dante Milano (33) David Mourão-Ferreira (40) Donizete Galvão (41) Eugénio de Andrade (34) Ferreira Gullar (40) Fiama Hasse Pais Brandão (38) Francisco Carvalho (40) Galeria (30) Gastão Cruz (40) Gilberto Nable (48) Hilda Hilst (41) Iacyr Anderson Freitas (41) Inês Lourenço (40) Jorge Sousa Braga (40) Jorge de Sena (40) José Eduardo Degrazia (40) José Gomes Ferreira (41) José Régio (27) José Saramago (40) João Cabral de Melo Neto (44) João Guimarães Rosa (33) João Luís Barreto Guimarães (40) Luis Filipe Castro Mendes (40) Lêdo Ivo (33) Manoel de Barros (36) Manuel Alegre (41) Manuel António Pina (33) Manuel Bandeira (40) Manuel de Freitas (41) Marina Colasanti (38) Mario Quintana (38) Miguel Torga (31) Murilo Mendes (32) Mário Cesariny (34) Narlan Matos (85) Nuno Júdice (32) Nuno Rocha Morais (482) Pedro Mexia (40) Poemas Sociais (30) Poemas dos dias (28) Pássaro de vidro (52) Reinaldo Ferreira (40) Ronaldo Costa Fernandes (42) Rui Knopfli (43) Rui Pires Cabral (44) Ruy Belo (28) Ruy Espinheira Filho (43) Ruy Proença (41) Sophia de Mello Breyner Andresen (32) Tesoura cega (35) Thiago de Mello (38) Ultimos Poemas (103) Vasco Graça Moura (40) Vinícius de Moraes (34)