________________
|
Amor
|
Amore
|
Rolam e desenrolam-se ondas lentas..., nuvens brancas
Boleiam curvas a capricho, Desde as tuas espáduas Até às tuas ancas. Tuas coxas espraiam-se indolentes como dunas, Incham como botões de rosa colossais, São como serras que tu, névoa, enfunas... Teus braços matinais, Que alvura e que frescura! Lembram ribeiros..., ribeirinhos de água pura; Ribeirinhos que nascem cada um na sua colina Dos teus ombros macios de menina, Correm ao longo do teu corpo de mulher, Vão desaguar num cálice de flor...; Que tuas mãos são flores Que apetece aspirar, colher, beijar, pisar, comer... Que finas pétalas, ou sépalas, teus dedos esfolhados Sobre o teu ventre, monte santo Com seus bosques sagrados! E os teus seios..., que búzios dá o mar, Que pomos gera seja que pomar, Comparáveis em forma, cor, sabor? Um só, amor!, Um só fruto conheço que os apouca!: É tua boca, Com as pevidezinhas dos teus dentes... Quanto a fragrância, Desata os teus cabelos sem tesouras e sem pentes, Desata essa cascata De oiro a correr ao sol, Essa seda esfiando-se em reflexos de arrebol...! Mulher, como o universo Cabe nos seis centímetros dum verso, Em ti, nossos sentidos, Os conhecidos e os desconhecidos, Sentem caber, reunida, a natureza inteira. Nesses regatos, nessas sombras, nesses altos, nessas praias, Meu corpo, quando desmaias, Não escutes os meus gritos! A ti, Deus ensinou-te a resolver os meus conflitos. E a ti também, minh’alma. Se não, mira-te bem, Quando baixar a calma Sobre esse arfar faminto dos seus seios, Sobre essas ondas solevadas dos seus ombros e quadris, Sobre esse corpo que é terrível quando vibra de feliz, Mira-te bem Nos olhos seus, sobre que vem Caindo a tarde, a reza das trindades, A luz do luar, que faz saudades e saudade de saudades, O sorriso de vésper a acenar, A solidão das ondas no alto mar, O pasmo dos desertos, A expectativa ansiosa dos espaços entreabertos..., Compreenderás Que em toda a terra há céu atrás! Alma e corpo em um só, então, um Eu maior Transponha, Deus lho ensina!, A sínteses de amor, Este abismo que sempre há-de permanecer Entre estes pobres dois: eu homem, tu mulher... |
Si girano e rigirano onde pigre..., nuvole bianche
Cesellano curve con impegno, Dalle tue spalle Fino alle tue anche. Le tue cosce si stendono svogliate come dune, Si dilatano come enormi boccioli di rosa, Sono come montagne che tu, nebbia, rigonfi... Le tue braccia mattinali, Che bianchezza e che frescura! Somigliano a torrenti..., torrentelli d’acqua pura; Torrentelli che sgorgano ciascuno dalla sua collina Dalle tue lisce spalle di bambina, Scorrono lungo il tuo corpo di donna, E sfociano infine nel calice d’ un fiore...; Perché le tue mani sono fiori Da odorare, cogliere, baciare, pestare, mangiare... Che fini petali, o sepali, le tue dita sfrondate Sopra il tuo ventre, monte santo Con i suoi sacri boschi! E i tuoi seni..., che conchiglie offre il mare, Quali frutti genera un qualunque frutteto, Paragonabili per forma, colore, gusto? Uno soltanto, amore!, Un frutto soltanto conosco che li svilisce!: È la tua bocca, Con i tuoi dentini simili a sementi... Quanto a fragranza, Libera i tuoi capelli senza forbici né pettini, Libera quella cascata D’oro che scorre verso il sole Quella seta che si dipana in vermigli riflessi...! Donna, così come l’universo Può entrare nei sei centimetri d’un verso, In te, i nostri sensi, I conosciuti e gli ignoti, Sentono entrar, completa, la natura intera. In quei rivi, in quelle ombre, su quelle alture, su quelle spiagge, Corpo mio, quando tu vieni meno, Le mie grida non ascoltare! A te, Dio ha insegnato a ricomporre i miei contrasti. E anche a te, mia anima. Altrimenti, guardati dentro, Quando giungerà la calma Sull’affannoso ansimare dei suoi seni, Su queste onde sollevate dalle sue spalle e dai suoi fianchi, Su questo corpo terribile quando freme gioioso, Guardati dentro Nei suoi occhi, su cui sta Calando la sera, la preghiera alla trinità, Il chiar di luna, che porta nostalgie e nostalgie di nostalgie, Il sorriso di vespero che pulsa, La solitudine delle onde in alto mare, Il languore dei deserti, L’ ansiosa aspettativa degli spazi semiaperti..., Comprenderai Che vi è un cielo dietro ogni terra! Anima e corpo in un tutt’uno, un Io superiore Oltrepassi allora, è Dio che glielo insegna!, Qual sintesi d’amore, Quell’abisso che sempre persisterà Tra noi due miserabili: io uomo, tu donna... |
________________
|
![]() |
Pablo Picasso Gli amanti (1932) |
Nessun commento:
Posta un commento