É evidente...


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É evidente...
È evidente...


É evidente, há coisas que não se podem dizer
Para não detonar inconveniências,
Cidades em que é preciso não tropeçar,
Esconder quadros com formas proibidas
Não pelo que se vê, mas pelos olhos que os viram
Sobretudo, muitos pensamentos barbitúricos,
Países que importa não deixar adivinhar
Debaixo de janelas que, para todos os efeitos,
Esgotaram todos os dias e noites.
É evidente, decretar que a abundância da terra
Se reduza a cinzas contritas,
Ouvir-te dizer que não queres, não podes
Saber mais nada de mim
E, depois, essa calmaria sem tempestade,
A calmaria sem ser por nada,
Um restolhar de putrescência
Lá onde não resta alma alguma
Ou, então, o secreto relevo do choro,
A sua orografia na respiração,
O seu súbito rapto por falta de ar.
Tudo muito bonito, até esta tristeza jogral,
Vagamente absurda e que dizes sem objecto.
Veremos, veremos se resulta,
Veremos se alguém escapa
Ao cerco de quanto cala
Ou se alguma traição guiará
Palavras incendiárias por uma poterna do coração.

È evidente, ci sono delle cose che non si possono dire
Per non scatenare discordie,
Città in cui è meglio non imbattersi,
Quadri con forme proibite che vanno nascosti
Non per ciò che si vede, ma per gli occhi che li han visti
Soprattutto, molti pensieri barbiturici,
Paesi il cui nome è importante non lasciarsi sfuggire
Dietro porte che, in ogni caso,
Hanno spifferato tutti i giorni e le notti.
È evidente, decretare che l'abbondanza della terra
Si riduca a ceneri contrite,
Sentirti dire che non puoi, che non vuoi più
Sapere niente di me
E, poi, questa calma senza tempesta,
Questa calma immotivata,
Un gorgogliare di putrescenza
Là dove non rimane più anima alcuna
Neppure il segreto rilievo del pianto,
La sua orografia nel respiro,
Il suo repentino raptus per mancanza d’aria.
Tutto molto bello, persino questa tristezza buffonesca,
Vagamente assurda e, come si dice, senza oggetto.
Vedremo, vedremo se finirà così,
Vedremo se qualcuno sfuggirà
All’assedio di quanto passa sotto silenzio
O se qualche tradimento guiderà
Parole incendiarie dentro un cunicolo del cuore.

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Karl Schmidt-Rottluff
La svolta nella diga (1910)
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