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Pátria
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Patria
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Um caminho de areia solta conduzindo a parte
nenhuma. As árvores chamavam-se casuarina, eucalipto, chanfuta. Plácidos os rios também tinham nomes por que era costume designá-los. Tal como as aves que sobrevoavam rente o matagal e a floresta rumo ao azul ou ao verde mais denso e misterioso, habitado por deuses e duendes de uma mitologia que não vem nos tomos e tratados que a tais coisas é costume consagrar-se. Depois, com valados, elevações e planuras, e mais rios entrecortando a savana, e árvores e caminhos, aldeias, vilas e cidades com homens dentro, a paisagem estendia-se a perder de vista até ao capricho de uma linha imaginária. A isso chamávamos pátria. Por vezes, de algum recesso obscuro, erguia-se um canto bárbaro e dolente, o cristal súbito de uma gargalhada, um soluço indizível, a lasciva surdina de corpos enlaçados. Ou tambores de paz simulando guerra. Esta não se terá feito anunciar por tal forma remota e convencional. Mas o sangue adubou a terra, estremeceu o coração das árvores e, meus irmãos, meus inimigos morriam. Uma só e várias línguas eram faladas e a isso, por estranho que pareça, também chamávamos pátria. De quatro paredes restaram as pedras. Com as folhas de zinco e a madeira ferida dos travejamentos perfaziam uma casa. Partes de um corpo desmembrado, dispersas ao acaso, vento e silêncio as atravessam e nelas não dura a memória que em mim, residual, subsiste. Sobre escombros deveria, talvez, chorar pátria e infância, os mortos que lhe precederam a morte, o primeiro e o derradeiro amor. Quatro paredes tombadas ao acaso e isso bastou para que, no que era só mundo, todo o mundo entrasse e o polígono demarcado, conservando embora a original configuração, fosse percorrido por um arrepio estrangeiro, uma premonição de gelos e inverno. Algo lhe alterara imperceptivelmente o perfil, minado por secreta, pertinaz enfermidade. Semelhante a qualquer outro, o lugar volvia meta e ponto de partida, conceitos que, como a linha imaginária, circunscrevem, mas de todo eludem, o essencial. Ladeado de sombras e árvores, o caminho de areia, que se dizia conduzir a parte alguma, abria para o mundo. A experiência reduz, porém, a segunda à primeira das asserções: pelo mundo se alcança parte nenhuma; se restringe ficção e paisagem ao exíguo mas essencial: legado de palavras, pátria é só a língua em que me digo. |
Una pista dal fondo sabbioso che non porta da nessuna
parte. Gli alberi avevano nomi come casuarina, eucalipto, chanfuta. Placidamente anche i fiumi portavano i nomi coi quali si usava chiamarli. Così pure gli uccelli che volavano sopra la boscaglia e la foresta in direzione di un blu o di un verde più intenso e misterioso, popolato da dei e da gnomi di una mitologia che non si trova nei tomi e nei trattati che a tali soggetti son soliti dedicarsi. E poi, oltre alture, vallate e pianure, e altri fiumi che attraversano la savana, e alberi e piste, villaggi, ville e città con dentro della gente, il paesaggio s’espandeva a perdita d’occhio fino alla stravaganza di una linea immaginaria. E questo noi lo chiamavamo patria. A volte, da qualche oscuro recesso, si levava un canto barbaro e dolente, un’improvvisa risata cristallina, un indicibile singhiozzo, la lasciva sordina di corpi abbracciati. O dei tamburi di pace fingendosi di guerra. Questa non si sarebbe fatta annunciare in maniera così remota e convenzionale. Ma il sangue fertilizzò la terra, sconvolse il cuore degli alberi e, i miei fratelli, i miei nemici morirono. In un’unica e in varie lingue si parlava e anche questo, pur se pare strano, noi lo chiamavamo patria. Di quattro pareti non rimasero che le pietre. Con le lastre di zinco e il legno ferito delle strutture completavano una casa. Parti d’un corpo squartato, disperse alla cieca, il vento e il silenzio le attraversano e in esse non perdura la memoria che in me, residuale, sussiste. Sopra le rovine io dovrei, forse, piangere patria e infanzia, i morti che ne precedettero la morte, il primo e l’ultimo amore. Quattro pareti abbattute alla cieca e tanto bastò per far entrare tutto il mondo, in ciò ch’era solo mondo, e il poligono circoscritto, che tuttavia manteneva l’originale conformazione, fosse attraversato da un brivido insolito, un presentimenti di geli e d’inverno. Qualcosa d’inavvertibile gli aveva mutato il profilo, logorato da una segreta, tenace malattia. Somigliante a qualunque altro, il luogo diveniva meta e punto di partenza, concetti che, come la linea immaginaria, racchiudono, ma evitano del tutto, l’essenziale. Fiancheggiata da ombre e alberi, la pista di sabbia, che si diceva non portasse da nessuna parte, si apriva al mondo. L’esperienza riconduce, tuttavia, la seconda alla prima delle affermazioni: nel mondo non si arriva da nessuna parte; si riduce la finzione e il paesaggio al minimo ma essenziale: eredità di parole, patria è appena la lingua in cui mi esprimo. |
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William Morris Hunt The Drummer Boy (1867) |
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