Tédio


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Tédio
Tedio


Estamos chateados e não temos ilusões.
As nossas árvores não frutificam fantasias,
dão flores de sangue
e frutos abortivos de dor.
Atiramos pedras pr’além do muro
e escutamos o som opaco da queda.
O muro é de silêncio
mas as pedras têm arestas e levantam nuvens de caliça
que pairam no ar.
Subimos uma avenida de acácias,
passeios brancos e asfalto grosso.
Não nos interessam as acácias, os passeios brancos
e o asfalto grosso.
Vai um homem connosco.
Enquanto diz das futilidades
de Miss Dawson
outros olham-nos como se fôssemos a parte negativa
deste mundo restrito.
Em distante estrada plena de sol
dum qualquer país distante
Henri, o marinheiro, caminha com o céu sobre a cabeça.
Não atiramos pedras em vão.
Continuamos a subir de mãos nos bolsos
e, porque agora, muitos nos olham
inviamente,
no cimo, cuspiremos o chewing-gum
de encontro à parede.
Siamo disgustati e non abbiamo illusioni.
I nostri alberi non producono fantasie,
danno fiori di sangue
e frutti abortivi di dolore.
Tiriamo sassi al di là del muro
ed ascoltiamo il suono opaco della caduta.
Il muro è di silenzio
ma i sassi sono taglienti e sollevano nuvole di calce
che si librano in aria.
Saliamo lungo un viale di acacie,
marciapiedi bianchi e asfalto spesso.
Non c’interessano le acacie, né i marciapiedi bianchi
né l’asfalto spesso.
Un uomo cammina con noi.
Mentre riporta le banalità
di Miss Dawson
gli altri ci guardano come se fossimo la parte negativa
di questo mondo ristretto.
In una strada remota piena di sole
di un qualunque paese distante
Henri, il marinaio, cammina con il cielo sopra la testa.
Non tiriamo sassi inutilmente.
Continuiamo a salire con le mani in tasca
e, poiché ora, molti ci guardano
indecifrabilmente,
in cima, sputeremo il chewing-gum
contro la parete.
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Romare Bearden
Conjunction (1983)
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